Bianca Pinto De Morais, M. Gonçalves, Natalia Hanazaki
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Abstract
O objetivo deste trabalho foi apresentar os principais aspectos da pesquisa etnobotânica em quilombos da Mata Atlântica a partir de uma perspectiva étnico-racial. O desenvolvimento de pesquisas etnobotânicas brasileiras tem apresentado importantes avanços nas últimas décadas tanto em relação à diversidade de publicações como também em relação às questões éticas; neste sentido, o questionamento sobre o racismo institucional na pesquisa etnobotânica busca discutir questões sociais latentes em nossa sociedade que refletem também nas relações entre pesquisadores e colaboradores durante o desenvolvimento da pesquisa e que se apoiam no mito da identidade coletiva nacional e da neutralidade científica. A partir de uma revisão sistemática em bases indexadas (Scopus e Web of Science), foram padronizados dados oriundos de 89 estudos publicados entre 1988 e 2020, compreendendo mais de 1000 entradas de informações que, após filtragens por repetições e inconsistências, resultaram numa compilação de 15 artigos publicados sobre usos de 380 espécies de plantas. As principais categorias citadas foram medicinais e alimentícias. Nove pessoas autoras responderam a um questionário online, com perguntas sobre seu perfil pessoal e sobre as motivações para o desenvolvimento do estudo em comunidades remanescentes de quilombos. Os estudos confirmam a enorme diversidade de espécies e de usos pelas comunidades quilombolas, contudo também indicam hegemonia das pessoas que produzem o conhecimento científico, realizado por mulheres em sua maioria branca demonstrando a importância das discussões sobre gênero e branquitude nas pesquisas etnobotânicas.