Apresentação

João Dantas dos Anjos Neto, Marcio Markendorf, Marisa Martins Gama-Khalil
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Abstract

Os 60 anos da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP) impendem uma reflexão histórica. Em primeiro lugar, diante do só feito de completarem seis décadas de publicações históricas, que cristalizam o mais acurado pensamento crítico e reflexivo acerca da educação nacional, como é possível perceber a partir dos textos publicados nesta edição comemorativa. Em segundo lugar, porque pensar a educação é uma exigência nacional premente: a sociedade brasileira não tem, ainda, a educação como pauta de discussão urgente – pelo menos não na medida necessária, como necessidade social e economicamente incontornável, como inadiável projeto de país. Não é trivial, em tais circunstâncias, que um periódico especializado na questão educacional sobreviva, por sessenta anos, ante o emudecimento generalizado da sociedade perante a questão educacional no País. E o que vem a ser a questão educacional do País? A questão educacional advém da insistência do país em permanecer, geração após geração, como campeão mundial em desigualdade social: o Brasil é um país continental, democrático, industrializado e exportador, com os piores indicadores sociais do mundo, superado apenas por certos países africanos devastados por longas guerras civis. A educação tanto pode ser um veículo de distribuição de renda e de desenvolvimento social e econômico quanto um mecanismo de concentração de renda e de entrave ao trabalho, à pesquisa e ao investimento. A questão educacional do País diz respeito, assim, à formulação de uma agenda para o desenvolvimento nacional a partir da educação. No ano 2002 o País apresentava uma taxa de analfabetismo de cerca de 11,8% na faixa etária de jovens acima de 15 anos, quando esse índice é de apenas 3,2% na Argentina, 4,2% no Chile e 8,8% no México. Considerando os diferentes segmentos da população, as desigualdades se acentuam, e verificamos que a taxa de analfabetismo entre negros e pardos é duas vezes superior à dos brancos; entre os que moram na zona rural é três vezes maior que a verificada na população urbana; e, finalmente, entre os que ganham até um salário mínimo, a taxa é vinte vezes maior que entre os que ganham mais de dez salários mínimos. Apenas 9,4% das crianças de até 3 anos de idade possuem atendimento escolar (quando o Plano Nacional de Educação – PNE, aprovado pela Lei no 10.172, de 9 de janeiro de 2001, aponta para um atendimento de 50% em 10 anos) e, na faixa de 4 a 6 anos, este índice é de 61,4%. Mesmo na faixa etária obrigatória (de 7 a 14 anos), temos ainda cerca de 1 milhão de crianças fora da escola. Na faixa de 15 a 17 anos, cuja meta é a universalização, a taxa de atendimento é de 83%. Na educação superior, a situação não é melhor: apenas 9% dos jovens a ela têm acesso, e aproximadamente um terço destes, a estabelecimentos públicos.
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《巴西教育学研究杂志》(RBEP)成立60周年引发了历史反思。首先,在完成了60年的历史出版物之前,这一事实结晶了对国民教育最准确的批判性和反思性思考,这可以从这个纪念版出版的文本中看到。第二,因为认为教育是一个紧迫的国家需求:巴西社会还没有把教育作为一个紧迫的讨论议程——至少在必要的程度上,作为一个社会和经济上不可避免的需求,作为一个国家不可推迟的项目。在这种情况下,一份专门研究教育问题的期刊在全国社会对教育问题普遍沉默的情况下存活了60年,这并非无关紧要。那么这个国家的教育问题是什么呢?教育问题源于巴西坚持一代又一代地保持社会不平等的世界冠军地位:巴西是一个大陆、民主、工业化和出口国,社会指标是世界上最差的,只有少数被长期内战摧毁的非洲国家超越。教育既可以是收入分配和社会经济发展的工具,也可以是收入集中的机制和工作、研究和投资的障碍。因此,国家的教育问题涉及从教育中制定国家发展议程。2002年,该国15岁以上青年的文盲率约为11.8%,而阿根廷、智利和墨西哥的文盲率分别为3.2%、4.2%和8.8%。考虑到人口的不同部分,不平等加剧,我们发现黑人和棕色人种的文盲率是白人的两倍;居住在农村地区的人口是城市人口的三倍;最后,在最低工资以下的人群中,这一比例是最低工资超过10倍的人群的20倍。只有4%到三岁的儿童有教育服务(全国教育计划—小睡,批准法律在10172、2001年1月9日,指向一个10年50%的服务),在4到6岁之间,这个指数是61,增长4%。即使在义务教育年龄(7 - 14岁),我们仍然有大约100万儿童失学。在以普及为目标的15 - 17岁年龄组中,出勤率为83%。在高等教育方面,情况也好不到哪里去:只有9%的年轻人可以接受高等教育,其中大约三分之一可以接受公共机构的教育。
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