{"title":"Sobre um escravo que sabia ler e o princípio de um suposta insurreição em Campos dos Goytacazes (1871-1877)","authors":"Carlos Eugênio Soares de Lemos, R. M. Ribeiro","doi":"10.14393/HEP-V31N59P98-113","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"No dia 09 de maio de 1877, acusado de ser o cabeça de uma provável insurreição que aconteceria no engenho do Queimado, o escravo Manoel \"Çacramento\" justificou a sua ação com a escusa de que lera no jornal que \"os braços erão livres e, como taes, devião ganhar jornalâ€. Portanto, ele e os seus companheiros de cativeiro se apropriaram desse enunciado e o transformaram num argumento de autoridade em defesa do seu direito à liberdade. Partindo de uma abordagem historiográfica que concebe o escravo como sujeito reflexivo, baseando-se em diferentes fontes históricas, este artigo tem por objetivo analisar de que modo a inscrição desses escravos em outras posições discursivas, que não as de submissão à lógica da classe senhorial, levou-os a se rebelarem contra os sentidos dominantes nos discursos da boa sociedade de Campos dos Goytacazes, na província do Rio de Janeiro, no período de crise do escravismo.","PeriodicalId":103089,"journal":{"name":"Revista História & Perspectivas","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2019-06-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista História & Perspectivas","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.14393/HEP-V31N59P98-113","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
No dia 09 de maio de 1877, acusado de ser o cabeça de uma provável insurreição que aconteceria no engenho do Queimado, o escravo Manoel "Çacramento" justificou a sua ação com a escusa de que lera no jornal que "os braços erão livres e, como taes, devião ganhar jornalâ€. Portanto, ele e os seus companheiros de cativeiro se apropriaram desse enunciado e o transformaram num argumento de autoridade em defesa do seu direito à liberdade. Partindo de uma abordagem historiográfica que concebe o escravo como sujeito reflexivo, baseando-se em diferentes fontes históricas, este artigo tem por objetivo analisar de que modo a inscrição desses escravos em outras posições discursivas, que não as de submissão à lógica da classe senhorial, levou-os a se rebelarem contra os sentidos dominantes nos discursos da boa sociedade de Campos dos Goytacazes, na província do Rio de Janeiro, no período de crise do escravismo.