Pub Date : 2019-06-24DOI: 10.14393/HEP-V31N59P155-167
D. Fonseca
O presente artigo visa refletir acerca do lugar que os políticos ruandeses vinculados às pequenas administrações locais, principalmente às comunas, possuíram frente à organização e à execução do genocídio de Ruanda em 1994. Para tal, construímos uma análise a partir de um estudo de caso vinculado ao Burgomestre Jean-Paul Akayesu, o qual administrava a Comuna de Taba (prefeitura de Gitarama) no período anterior e durante o genocídio. A análise é construída principalmente a partir do documento produzido pela Tribunal Penal Internacional para Ruanda (ICTR, da sigla em inglês) intitulado The prosecutor versus Jean-Paul Akayesu – Case No. ICTR-96- 4-T, de 1998. Desta forma, busca-se dimensionar também os efeitos nefastos que o colonialismo belga realizou em um processo de colonização mental.
{"title":"Autoridade local e o genocídio de Ruanda de 1994: O caso do Burgomestre Jean-Paul Akayesu","authors":"D. Fonseca","doi":"10.14393/HEP-V31N59P155-167","DOIUrl":"https://doi.org/10.14393/HEP-V31N59P155-167","url":null,"abstract":"O presente artigo visa refletir acerca do lugar que os políticos ruandeses vinculados às pequenas administrações locais, principalmente às comunas, possuíram frente à organização e à execução do genocídio de Ruanda em 1994. Para tal, construímos uma análise a partir de um estudo de caso vinculado ao Burgomestre Jean-Paul Akayesu, o qual administrava a Comuna de Taba (prefeitura de Gitarama) no período anterior e durante o genocídio. A análise é construída principalmente a partir do documento produzido pela Tribunal Penal Internacional para Ruanda (ICTR, da sigla em inglês) intitulado The prosecutor versus Jean-Paul Akayesu – Case No. ICTR-96- 4-T, de 1998. Desta forma, busca-se dimensionar também os efeitos nefastos que o colonialismo belga realizou em um processo de colonização mental.","PeriodicalId":103089,"journal":{"name":"Revista História & Perspectivas","volume":"522 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-06-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"116197218","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-06-24DOI: 10.14393/HEP-V31N59P168-183
H. Ré
Depois do fim da Guerra Civil norte-americana houve um reordenamento das posições antiescravistas no mundo atlântico. Este artigo explora as cartas sobre a escravidão brasileira do abolicionista norte-americano James Redpath, e dois textos apresentados por agentes brasileiros na Conferência Antiescravista de Paris. O objetivo é demonstrar que, em ambos os casos, embora o assunto principal fosse a escravidão no Brasil, havia outros interesses coordenando essas intervenções. Isso mostra que a questão escravista era tão somente mais um elemento no tabuleiro internacional, e que qualquer análise que prescinda do contexto mais amplo corre o risco de ser incapaz de apreender os reais interesses em disputa.
{"title":"Circuito antiescravista atlântico: James Redpath e a Conferência Antiescravista de Paris, 1867","authors":"H. Ré","doi":"10.14393/HEP-V31N59P168-183","DOIUrl":"https://doi.org/10.14393/HEP-V31N59P168-183","url":null,"abstract":"Depois do fim da Guerra Civil norte-americana houve um reordenamento das posições antiescravistas no mundo atlântico. Este artigo explora as cartas sobre a escravidão brasileira do abolicionista norte-americano James Redpath, e dois textos apresentados por agentes brasileiros na Conferência Antiescravista de Paris. O objetivo é demonstrar que, em ambos os casos, embora o assunto principal fosse a escravidão no Brasil, havia outros interesses coordenando essas intervenções. Isso mostra que a questão escravista era tão somente mais um elemento no tabuleiro internacional, e que qualquer análise que prescinda do contexto mais amplo corre o risco de ser incapaz de apreender os reais interesses em disputa.","PeriodicalId":103089,"journal":{"name":"Revista História & Perspectivas","volume":"494 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-06-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"122017082","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-06-24DOI: 10.14393/HEP-V31N59P80-97
L. Klanovicz, Fernanda Araujo Bugai
Neste artigo, buscamos pontuar as implicações de gênero do encarceramento feminino a partir da fala de quatro mulheres apenadas no interior do estado do Paraná, Brasil, considerando, para isso, a própria história do sistema prisional no país e a análise das prerrogativas jurídico-legais do ordenamento jurídico nacional.
{"title":"Mulheres no cárcere: A estrutura do sistema prisional e a construção do gênero no Brasil","authors":"L. Klanovicz, Fernanda Araujo Bugai","doi":"10.14393/HEP-V31N59P80-97","DOIUrl":"https://doi.org/10.14393/HEP-V31N59P80-97","url":null,"abstract":"Neste artigo, buscamos pontuar as implicações de gênero do encarceramento feminino a partir da fala de quatro mulheres apenadas no interior do estado do Paraná, Brasil, considerando, para isso, a própria história do sistema prisional no país e a análise das prerrogativas jurídico-legais do ordenamento jurídico nacional.","PeriodicalId":103089,"journal":{"name":"Revista História & Perspectivas","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-06-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"127107853","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-06-24DOI: 10.14393/HEP-V31N59P36-55
Renan Albuquerque, Georgio Ítalo Ferreira
Foi feito levantamento historiográfico sobre a temática da escravidão negra na Amazônia com direcionamento à reflexão sobre o processo de autodeclaração do Quilombo do Matupiri, município de Barreirinha/Amazonas. A metodologia foi instrumentalizada pela técnica do uso de etnografia e coleta de narrativas em campo. Conclui-se que o recente movimento de autodeclaração dos comunitários de Santa Tereza do Matupiri, conceitualmente chamado de etnogênese, fomentou a recriação de novos processos de territorialização da região do rio Andirá, sendo que se afirmar como quilombola fortaleceu laços afetivos e de pertencimento à terra, objetivados em festividades e economia na região.
{"title":"Dos relatórios provinciais à polifonia dos moradores do Quilombo de Santa Tereza do Matupiri-Andirá/AM, Norte do Brasil","authors":"Renan Albuquerque, Georgio Ítalo Ferreira","doi":"10.14393/HEP-V31N59P36-55","DOIUrl":"https://doi.org/10.14393/HEP-V31N59P36-55","url":null,"abstract":"Foi feito levantamento historiográfico sobre a temática da escravidão negra na Amazônia com direcionamento à reflexão sobre o processo de autodeclaração do Quilombo do Matupiri, município de Barreirinha/Amazonas. A metodologia foi instrumentalizada pela técnica do uso de etnografia e coleta de narrativas em campo. Conclui-se que o recente movimento de autodeclaração dos comunitários de Santa Tereza do Matupiri, conceitualmente chamado de etnogênese, fomentou a recriação de novos processos de territorialização da região do rio Andirá, sendo que se afirmar como quilombola fortaleceu laços afetivos e de pertencimento à terra, objetivados em festividades e economia na região.","PeriodicalId":103089,"journal":{"name":"Revista História & Perspectivas","volume":"4 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-06-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"129183861","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-06-24DOI: 10.14393/HEP-V31N59P22-35
Cristina Donza Cancela, Luiz Antônio Guimarães
O trabalho analisa a imigração portuguesa em Belém, capital do estado do Pará, ao longo do século XIX. Trata-se de um período marcado por diversos conflitos políticos e prosperidade econômica, atualizada na economia da borracha. Analisamos o fluxo migratório, as redes e a sociabilidade pautada pela moradia, o trabalho e as associações. Observamos também a construção de práticas e representações em torno da figura do português, dos conflitos políticos e da noção de colônia portuguesa, discutindo as estratégias de construção do ideal de uniformidade entre os imigrantes, a despeito das tensões e assimetrias existentes entre eles.
{"title":"Imigração e presença portuguesa em Belém no século XIX: Entre deslocamentos e pertencimentos (Pará-Brasil)","authors":"Cristina Donza Cancela, Luiz Antônio Guimarães","doi":"10.14393/HEP-V31N59P22-35","DOIUrl":"https://doi.org/10.14393/HEP-V31N59P22-35","url":null,"abstract":"O trabalho analisa a imigração portuguesa em Belém, capital do estado do Pará, ao longo do século XIX. Trata-se de um período marcado por diversos conflitos políticos e prosperidade econômica, atualizada na economia da borracha. Analisamos o fluxo migratório, as redes e a sociabilidade pautada pela moradia, o trabalho e as associações. Observamos também a construção de práticas e representações em torno da figura do português, dos conflitos políticos e da noção de colônia portuguesa, discutindo as estratégias de construção do ideal de uniformidade entre os imigrantes, a despeito das tensões e assimetrias existentes entre eles.","PeriodicalId":103089,"journal":{"name":"Revista História & Perspectivas","volume":"110 7-8","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-06-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"133169806","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-06-24DOI: 10.14393/HEP-V31N59P8-21
Amílcar Torrão Filho
O corpo feminino foi um dos grandes mistérios para os viajantes europeus que visitaram o Brasil entre os séculos XVIII e XIX. De um lado a mulher branca não correspondia aos ideais clássicos de beleza e recato; por outro, a beleza parecia estar ao lado das mulheres negras ou mulatas. Este artigo pretende rever algumas das imagens criadas pela literatura de viagem sobre a mulher luso-brasileira, revisitando alguns mitos como a ausência de mulheres nos espaços públicos, o ciúme “oriental” de seus pais e maridos, o desleixo das mulheres brancas e a sensualidade das negras e mulatas.
{"title":"Rosas rubras e soberbas: O corpo da mulher luso-brasileira na literatura de viagem (séculos XVIII e XIX)","authors":"Amílcar Torrão Filho","doi":"10.14393/HEP-V31N59P8-21","DOIUrl":"https://doi.org/10.14393/HEP-V31N59P8-21","url":null,"abstract":"O corpo feminino foi um dos grandes mistérios para os viajantes europeus que visitaram o Brasil entre os séculos XVIII e XIX. De um lado a mulher branca não correspondia aos ideais clássicos de beleza e recato; por outro, a beleza parecia estar ao lado das mulheres negras ou mulatas. Este artigo pretende rever algumas das imagens criadas pela literatura de viagem sobre a mulher luso-brasileira, revisitando alguns mitos como a ausência de mulheres nos espaços públicos, o ciúme “oriental” de seus pais e maridos, o desleixo das mulheres brancas e a sensualidade das negras e mulatas.","PeriodicalId":103089,"journal":{"name":"Revista História & Perspectivas","volume":"24 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-06-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"121485689","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-06-24DOI: 10.14393/HEP-V31N59P56-80
Flavia Maria Morais Lazzaretti
O presente artigo – por meio de pesquisa fundamentada na leitura das principais obras de Georg Friedrich List, Esboço da Economia Política Americana e Sistema Nacional de Economia Política, e em contribuições recentes de historiadores econômicos – tem como objetivo principal descrever a trajetória de desenvolvimento de Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos da América do século XVIII a meados do século XIX. Para alcançar este objetivo, foi efetuada uma comparação entre as descrições e interpretações dos diferentes autores. Verificou-se uma significativa similaridade entre os conteúdos apresentados por List (1983, 2009) e as interpretações dos demais historiadores econômicos quanto à evolução das forças produtivas nacionais. Os complementos aos relatos de List dão conta de que: a) a Inglaterra era fonte de transbordamento de conhecimentos produtivos e capital para as nações mais atrasadas; b) a proteção tarifária não era tão importante para o desenvolvimento nacional como supunha List (1983); e, c) os trabalhos de Tilly (1978) e Philip (1980) proporcionam informações objetivas que permitem precisar que a agricultura alemã teve a sua produção condicionada a normativas feudais da Idade Média até a metade do século XIX. Dentre os principais aspectos das economias nacionais vivenciadas por List estão a nação e as forças produtivas, interligando os setores agrícola, industrial e comercial.
{"title":"As economias políticas nacionais vivenciadas por Georg Friedrich List","authors":"Flavia Maria Morais Lazzaretti","doi":"10.14393/HEP-V31N59P56-80","DOIUrl":"https://doi.org/10.14393/HEP-V31N59P56-80","url":null,"abstract":"O presente artigo – por meio de pesquisa fundamentada na leitura das principais obras de Georg Friedrich List, Esboço da Economia Política Americana e Sistema Nacional de Economia Política, e em contribuições recentes de historiadores econômicos – tem como objetivo principal descrever a trajetória de desenvolvimento de Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos da América do século XVIII a meados do século XIX. Para alcançar este objetivo, foi efetuada uma comparação entre as descrições e interpretações dos diferentes autores. Verificou-se uma significativa similaridade entre os conteúdos apresentados por List (1983, 2009) e as interpretações dos demais historiadores econômicos quanto à evolução das forças produtivas nacionais. Os complementos aos relatos de List dão conta de que: a) a Inglaterra era fonte de transbordamento de conhecimentos produtivos e capital para as nações mais atrasadas; b) a proteção tarifária não era tão importante para o desenvolvimento nacional como supunha List (1983); e, c) os trabalhos de Tilly (1978) e Philip (1980) proporcionam informações objetivas que permitem precisar que a agricultura alemã teve a sua produção condicionada a normativas feudais da Idade Média até a metade do século XIX. Dentre os principais aspectos das economias nacionais vivenciadas por List estão a nação e as forças produtivas, interligando os setores agrícola, industrial e comercial.","PeriodicalId":103089,"journal":{"name":"Revista História & Perspectivas","volume":"43 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-06-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"116906471","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-06-24DOI: 10.14393/HEP-V31N59P98-113
Carlos Eugênio Soares de Lemos, R. M. Ribeiro
No dia 09 de maio de 1877, acusado de ser o cabeça de uma provável insurreição que aconteceria no engenho do Queimado, o escravo Manoel "Çacramento" justificou a sua ação com a escusa de que lera no jornal que "os braços erão livres e, como taes, devião ganhar jornalâ€. Portanto, ele e os seus companheiros de cativeiro se apropriaram desse enunciado e o transformaram num argumento de autoridade em defesa do seu direito à liberdade. Partindo de uma abordagem historiográfica que concebe o escravo como sujeito reflexivo, baseando-se em diferentes fontes históricas, este artigo tem por objetivo analisar de que modo a inscrição desses escravos em outras posições discursivas, que não as de submissão à lógica da classe senhorial, levou-os a se rebelarem contra os sentidos dominantes nos discursos da boa sociedade de Campos dos Goytacazes, na província do Rio de Janeiro, no período de crise do escravismo.
{"title":"Sobre um escravo que sabia ler e o princípio de um suposta insurreição em Campos dos Goytacazes (1871-1877)","authors":"Carlos Eugênio Soares de Lemos, R. M. Ribeiro","doi":"10.14393/HEP-V31N59P98-113","DOIUrl":"https://doi.org/10.14393/HEP-V31N59P98-113","url":null,"abstract":"No dia 09 de maio de 1877, acusado de ser o cabeça de uma provável insurreição que aconteceria no engenho do Queimado, o escravo Manoel \"Çacramento\" justificou a sua ação com a escusa de que lera no jornal que \"os braços erão livres e, como taes, devião ganhar jornalâ€. Portanto, ele e os seus companheiros de cativeiro se apropriaram desse enunciado e o transformaram num argumento de autoridade em defesa do seu direito à liberdade. Partindo de uma abordagem historiográfica que concebe o escravo como sujeito reflexivo, baseando-se em diferentes fontes históricas, este artigo tem por objetivo analisar de que modo a inscrição desses escravos em outras posições discursivas, que não as de submissão à lógica da classe senhorial, levou-os a se rebelarem contra os sentidos dominantes nos discursos da boa sociedade de Campos dos Goytacazes, na província do Rio de Janeiro, no período de crise do escravismo.","PeriodicalId":103089,"journal":{"name":"Revista História & Perspectivas","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-06-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"129272131","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-06-24DOI: 10.14393/HEP-V31N59P141-154
Patrícia Nasser de Carvalho
O objetivo deste artigo é relacionar a crise alimentar e humanitária vivida pela Europa no pós-Segunda Guerra às ações dos Estados europeus para superá-la e para garantir sua segurança alimentar. O conflito foi determinante para a decisão das nações europeias de proteger e estimular a modernização do campo por meio de políticas públicas. A partir da década de 1950, os processos de produção e de distribuição de bens agrícolas entraram em uma nova fase de mudanças estruturais em muitos países europeus, tendo em vista que as unidades agrícolas foram se tornando empresas altamente produtivas.
{"title":"Da crise à abundância: Segurança alimentar e modernização agrícola na Europa no pós-Segunda Guerra Mundial","authors":"Patrícia Nasser de Carvalho","doi":"10.14393/HEP-V31N59P141-154","DOIUrl":"https://doi.org/10.14393/HEP-V31N59P141-154","url":null,"abstract":"O objetivo deste artigo é relacionar a crise alimentar e humanitária vivida pela Europa no pós-Segunda Guerra às ações dos Estados europeus para superá-la e para garantir sua segurança alimentar. O conflito foi determinante para a decisão das nações europeias de proteger e estimular a modernização do campo por meio de políticas públicas. A partir da década de 1950, os processos de produção e de distribuição de bens agrícolas entraram em uma nova fase de mudanças estruturais em muitos países europeus, tendo em vista que as unidades agrícolas foram se tornando empresas altamente produtivas.","PeriodicalId":103089,"journal":{"name":"Revista História & Perspectivas","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-06-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"130971420","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2019-06-24DOI: 10.14393/HEP-V31N59P129-140
R. Varela
desemprego nos EUA e na Europa só foi revertido em 1938-1941, quando teve início a militarização da sociedade e se transformaram desempregados em soldados, no começo da II Guerra Mundial. Não foram as medidas keynesianas que reverteram a crise de 1929, mas a proletarização massiva de largos setores camponeses – com a coletivização forçada na URSS ou o colapso bancário dos pequenos camponeses nos EUA, retratados em As vinhas da ira (STEINBECK, 2016) – e, mais tarde, a destruição da propriedade a uma escala inédita na história da humanidade. Foi o apocalipse da II Guerra Mundial, com os seus, os nossos, 80 milhões de mortos. Foi a maior derrota da humanidade. Neste artigo, olhamos para os principais acontecimentos da II Guerra Mundial e da Resistência a esta, recordando que os campos de concentração nazi eram campos de trabalho forçado. O trabalho forçado, à escala de milhões entre 1939 e 1945, em centenas de campos e subcampos, inseridos na cadeia produtiva de algumas das maiores empresas da indústria alemã, esteve no centro do projeto do Estado nazi.
{"title":"A \"meia-noite\" no século: A II Guerra Mundial e a resistência","authors":"R. Varela","doi":"10.14393/HEP-V31N59P129-140","DOIUrl":"https://doi.org/10.14393/HEP-V31N59P129-140","url":null,"abstract":"desemprego nos EUA e na Europa só foi revertido em 1938-1941, quando teve início a militarização da sociedade e se transformaram desempregados em soldados, no começo da II Guerra Mundial. Não foram as medidas keynesianas que reverteram a crise de 1929, mas a proletarização massiva de largos setores camponeses – com a coletivização forçada na URSS ou o colapso bancário dos pequenos camponeses nos EUA, retratados em As vinhas da ira (STEINBECK, 2016) – e, mais tarde, a destruição da propriedade a uma escala inédita na história da humanidade. Foi o apocalipse da II Guerra Mundial, com os seus, os nossos, 80 milhões de mortos. Foi a maior derrota da humanidade. Neste artigo, olhamos para os principais acontecimentos da II Guerra Mundial e da Resistência a esta, recordando que os campos de concentração nazi eram campos de trabalho forçado. O trabalho forçado, à escala de milhões entre 1939 e 1945, em centenas de campos e subcampos, inseridos na cadeia produtiva de algumas das maiores empresas da indústria alemã, esteve no centro do projeto do Estado nazi.","PeriodicalId":103089,"journal":{"name":"Revista História & Perspectivas","volume":"33 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2019-06-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"115141784","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}