Ceci Maria Costa Baptista Mariani, Breno Martins Campos
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Abstract
Para Wassily Kandinsky (1866-1944), o artista verdadeiro é alguém que põe a vida em movimento, abre caminhos bloqueados, vê e faz ver o que ainda será. Como hipótese de trabalho, portanto, assumimos que a arte possui uma perspectiva profética, sendo assim, nosso artigo aborda a dimensão profética da obra artística da estilista brasileira Zuzu Angel (1921-1976). Tendo perdido seu filho Stuart Edgar Angel Jones (1946-1971), torturado e assassinado por agentes do regime ditatorial brasileiro, ela transformou sua arte em grito de protesto – e realizou aquele que pode ser considerado o primeiro desfile de moda político da história. As roupas com estampas e bordados de pássaros engaiolados e anjos colocados na mira de tanques e canhões, para além do aspecto político em si, eram expressões de uma energia espiritual, que pode ser interpretada em correlação com a espiritualidade da libertação, encarnada na América Latina no âmbito das igrejas cristãs a partir da década de 1960. Em plena ditadura civil-militar no Brasil, os caminhos de Zuzu Angel se entrecruzaram com a vida e a obra de D. Paulo Evaristo, Cardeal Arns (1921-2016) – profeta da esperança e da resistência. O testemunho de ambos é um grito que ecoa na história: “Brasil, nunca mais”.