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Abstract
A “sintaxe mimética”, que sumariamente se poderia definir como um emprego da ordem das palavras que mimetiza o significado veiculado por elas, foi recentemente estudada por Gonçalves (2021), que chama a atenção para a escassez de trabalhos a respeito desse tema que tomem por corpus a antiga poesia latina. Estimulado por tal pesquisa, este artigo examina passagens em que Manuel Odorico Mendes (1799-1864) parece recriar a sintaxe mimética do original virgiliano, que ele traduz de forma poética, mas aponta também vários passos em que uma possível sintaxe mimética do original não é recriada em português (e só podemos especular a razão de isso não ocorrer) por esse tradutor, de resto, muito atento à ordo uerborum. Tem-se, aqui, um critério importante (o tradutor recria o mimetismo da sintaxe?), entre outros, para se avaliar criticamente as traduções que se pretendem recriações poéticas dos textos de partida.