{"title":"NOS RUMORES DA LÍNGUA: A ESCUTA ENTRE AS ENUNCIAÇÕES FALADA E ESCRITA DA CRIANÇA","authors":"Carmem Luci da Costa Silva, G. F. Oliveira","doi":"10.22456/2594-8962.116837","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este artigo problematiza o estatuto enunciativo da escuta na constituição da criança como falante e como escrevente. A partir de uma leitura prospectiva da teorização enunciativa de Émile Benveniste, procede-se a uma reflexão que busca, primeiramente, situar a escuta entre as enunciações falada e escrita e, em seguida, analisar o funcionamento enunciativo da escuta na relação inicial da criança com a fala e com a escrita. Essa análise tem como corpus recortes enunciativos de duas crianças: de um lado, uma menina, acompanhada dos onze meses aos três anos e quatro meses, em seu vir a ser falante; de outro lado, um menino, acompanhado dos seis anos e três meses aos oito anos e nove meses, em seu vir a ser escrevente. Os resultados da análise desembocam numa definição de escuta como uma instância mediadora entre as duas formas de realização verbal da língua – a vocal e a gráfica – e entre os planos enunciativos nos quais cada uma se desdobra – os planos da emissão e da percepção vocais e os planos da emissão e da percepção gráficas. O estudo conclui que é situando-se e sendo situada como ouvinte do outro, bem como o situando como seu ouvinte, em desdobramentos entre enunciações faladas e escritas e em deslocamentos entre distintos lugares enunciativos, que a criança se instaura na fala e na escrita, transformando sua relação com a língua materna e, consequentemente, com a linguagem.","PeriodicalId":126634,"journal":{"name":"Revista Conexão Letras","volume":"29 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-07-20","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"4","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Conexão Letras","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.22456/2594-8962.116837","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Este artigo problematiza o estatuto enunciativo da escuta na constituição da criança como falante e como escrevente. A partir de uma leitura prospectiva da teorização enunciativa de Émile Benveniste, procede-se a uma reflexão que busca, primeiramente, situar a escuta entre as enunciações falada e escrita e, em seguida, analisar o funcionamento enunciativo da escuta na relação inicial da criança com a fala e com a escrita. Essa análise tem como corpus recortes enunciativos de duas crianças: de um lado, uma menina, acompanhada dos onze meses aos três anos e quatro meses, em seu vir a ser falante; de outro lado, um menino, acompanhado dos seis anos e três meses aos oito anos e nove meses, em seu vir a ser escrevente. Os resultados da análise desembocam numa definição de escuta como uma instância mediadora entre as duas formas de realização verbal da língua – a vocal e a gráfica – e entre os planos enunciativos nos quais cada uma se desdobra – os planos da emissão e da percepção vocais e os planos da emissão e da percepção gráficas. O estudo conclui que é situando-se e sendo situada como ouvinte do outro, bem como o situando como seu ouvinte, em desdobramentos entre enunciações faladas e escritas e em deslocamentos entre distintos lugares enunciativos, que a criança se instaura na fala e na escrita, transformando sua relação com a língua materna e, consequentemente, com a linguagem.