Laura Uchôa Andrade, Raquel Aziz Batista, Gustavo de Oliveira Mota Maciel, E. Leite
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Abstract
INTRODUÇÃO: Na pós-menopausa, o hiperandrogenismo é uma entidade extremamente rara e de etiologias variadas. A identificação desta é fundamental para orientar uma terapêutica adequada, cujos impactos positivos manifestar-se-ão na esfera orgânica e na social. RELATO DE CASO: Paciente feminina, 68 anos, procurou atendimento médico queixando-se de quadro lento e progressivo de hirsutismo e alopecia fronto-temporal. De histórico patológico, destacava-se a obesidade iniciada na pós-menopausa. Durante o menacme, tinha ciclos menstruais regulares, engravidou sem dificuldades e nunca apresentou sintomas de hiperandrogenismo. Ao laboratório, apresentou valores elevados de testosterona total (TT) e 17-OH-progesterona (17-OHP), apesar de SDHEA baixo e androstenediona normal. Os exames de imagem não identificaram alterações relevantes em órgãos abdominais ou pélvicos. DISCUSSÃO: No caso exposto, as etiologias neoplásicas e exógenas foram descartadas precocemente (por exames de imagem e história clínica, respectivamente). Os exames laboratoriais apresentaram resultados conflitantes, em que a TT elevada, aliada ao SDHEA baixo, sugeriu causas ovarianas (como a hipertecose), mas a 17-OHP elevada sugeriu hiperplasia congênita da suprarrenal não clássica (HCSRNC). A influência da obesidade para o quadro foi levada em consideração durante o acompanhamento. Para confirmação definitiva, seriam necessários: (1) o teste com análogo de GnRH, para a hipertecose; e (2) o teste de estímulo com ACTH, para a HCSRNC. Infelizmente, o seguimento com a paciente foi perdido e tais testes não foram realizados. CONCLUSÃO: Por tamanha raridade e diversidade etiológica, o hiperandrogenismo na pós-menopausa constitui um grande desafio na prática médica, fazendo-se essencial o conhecimento do seu fluxograma diagnóstico.