Flávia Martins dos Santos, Mayllon Lyggon de Sousa Oliveira
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Abstract
Vivemos em contexto biopolítico em que somos atravessados o tempo todo por riscos eminentes, o que caracteriza uma sociedade do risco. Essa dinâmica inaugura uma experiência de vida pautada na vigilância, não mais do Estado ou das instituições totais, mas de cada pessoa que é empreendedora de si mesma, ou seja, responsável e responsabilizada pelos riscos que está disposta a correr e em que condições. Isso inaugura uma vivência em que novos dispositivos tecnológicos, como os smartphones e smartwatches, passam a interferir nas formas de viver e experienciar o mundo, sobretudo no que diz respeito à própria saúde, agora pautada também em práticas de self-tracking ou automonitoramento. Dito isso, o objetivo desse trabalho é analisar, por meio das análises das práticas discursivas e produção de sentido, os repertórios sobre o corpo saudável nas páginas do aplicativo Saúde e do Apple Watch da marca Apple e como estes estimulam as pessoas a gerir seus corpos e riscos por meio de uma chave de ação neoliberal em que cada pessoa é responsável rastrear o próprio corpo e então tomar decisões que as deixe ou mantenha saudável. O que se conclui é que novas configurações de saúde ligadas às tecnologias são diretamente pautadas pela lógica dos riscos e do consumo, produzindo assim novas demandas corporais, novas práticas biopolíticas e novos parâmetros para refletir sobre a corporeidade contemporânea.