Emanuelle Fick Bohm, Clarissa Lisbôa Arla da Rocha
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Abstract
Introdução: Os anexos são estruturas adjacentes ao útero formadas pelos ovários e tubas uterinas. Os ovários se sustentam lateralmente ao útero pelo ligamento útero-ovárico, coberto pelo mesovário, que é um dos três componentes do ligamento largo e conectado à parede pélvica pelo ligamento infundibulopélvico, também conhecido como ligamento suspensor do ovário. Devido à ovulação, um saco cheio de líquido (cisto) pode se formar em um ou nos dois ovários. Estima-se que, pelo menos, 20% das mulheres desenvolvam, pelo menos, uma massa pélvica ao longo da vida. Em mulheres na menacme, a grande maioria dos cistos ovarianos é funcional, benigna, e não requer intervenção cirúrgica. No entanto, cistos de grandes volumes, associados à dor pélvica, podem levar a complicações como hemorragia, torção e até mesmo ruptura, que exigem intervenção imediata. Objetivo: Relatar o caso de uma paciente adolescente com cisto gigante de anexo esquerdo e revisar na literatura tal ocorrência. Métodos: As informações do caso foram obtidas a partir da revisão de prontuário, registro fotográfico, diagnóstico da paciente e revisão da literatura. Caso clínico: Paciente, sexo feminino, 16 anos, G0, 116 kg, ß-HCG negativo, com lesão expansiva de provável topografia anexial, CA 125 negativo. Realizada laparotomia exploratória e ooforoplastia unilateral à esquerda. Anatomopatológico evidenciando cisto gigante de anexo esquerdo pesando 18 kg e cápsula de tecido ovariano restante com folículo cístico. Tuba sem particularidades. Discussão: Massas anexiais são comuns em mulheres em idade reprodutiva e são divididas em funcionais e patológicas. Dos cistos funcionais, incluem-se os cistos foliculares e os cistos lúteos. Dos patológicos, são considerados os tumores ovarianos — que podem ser benignos, malignos ou borderline. Os tumores benignos são mais frequentes em mulheres jovens, enquanto os malignos em mulheres mais velhas. Quando malignos, os mais comuns em adolescentes incluem tumores de células germinativas, seguidos por tumores de células epiteliais. Análises patológicas de um estudo retrospectivo com 106 jovens revelaram a característica e a incidência dos cistos, sendo eles: 30,2% cisto dermoide, 28,3% cisto simples e 14,2% endometrioma. Outro estudo com 335 pacientes entre 25–40 anos mostrou prevalência de cistos ovarianos em 6,6% e revelou que os ovários direitos foram o sítio mais acometido, representando 63,1% dos casos, nos quais apenas 18,9% eram bilaterais. O diagnóstico geralmente é causal, por meio da ultrassonografia ou toque bimanual. Grande parte dos cistos é assintomática e desaparece espontaneamente. Contudo, cistos maiores podem causar dor pélvica, dismenorreia e dispareunia. O principal diagnóstico diferencial de massa anexial são gravidez ectópica e abscessos tubo-ovarianos. O manejo é determinado pelas características da lesão, idade da paciente e risco de malignidade, e sempre que possível, deve--se priorizar a fertilidade da paciente.