Angela Diblasi Caneschi, Fernanda Rodrigues de Almeida, Maria Carolina Cunha de Souza, Catarina farias Silveira
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Abstract
Introdução: O hímen imperfurado é uma anomalia obstrutiva do trato genital feminino cuja incidência é de 1:2.000 mulheres, e seu diagnóstico precoce é importante para evitar emergências ginecológicas na adolescência. Caso o diagnóstico não seja realizado de modo adequado, poderão ocorrer infecções, subfertilidade e gravidez ectópica, por exemplo. O exame ectos-cópico da vulva detecta essa afecção desde a mais tenra idade. No entanto, o diagnóstico ainda é feito tardiamente, após a menarca, quando a mulher apre-senta sintomas em decorrência do hematocolpo, como amenorreia primária, dor abdominal ou pélvica cíclica, lombalgia e retenção urinária. Nos diferen-tes estágios da vida da mulher, o exame físico cuidadoso é fundamental para um bom prognóstico. Além disso, o diagnóstico pode ser confirmado com a ultrassonografia (USG) pélvica, para determinar a distância da obstrução ao nível da localização normal do introito. O tratamento será a reparação cirúrgica por meio da himenectomia em qualquer idade, preferencialmente na puber-dade, antes do desenvolvimento do hematocolpo. Relato de caso: A.C.S.M., sexo feminino, 15 anos, acompanhada da mãe, deu entrada na emergência de uma maternidade pública no município do Rio de Janeiro com queixa de aumento do volume abdominal, dor pélvica e amenorreia. Referiu início do desenvolvimento de caracteres secundários aos 10 anos, negou menarca e sexarca. Ao exame, paciente em bom estado geral, corada, hidratada, afebril, anictérica, abdome flácido, abaulado e doloroso à palpação em hipogástrio. Genitália externa bem desenvolvida compatível com a idade, estadiamento de Tanner M5P5. Observou-se hímen imperfurado, abaulado (acentuado à manobra de Valsalva) e de coloração escurecida. Não foi realizada USG por indisponibilidade. Após o diagnóstico de hímen imperfurado, foi encami-nhada ao centro cirúrgico para himenectomia com incisão cruciforme sob sedação e drenagem do hematocolpometra com saída de 600 mL de líquido achocolatado sem odor. Procedimento sem intercorrências. Paciente com evo-lução satisfatória, liberada após 12 horas com orientação de acompanhamento ambulatorial no Serviço de Ginecologia. Comentários: Considerando-se que a paciente tem 15 anos, iniciou o desenvolvimento de caracteres sexuais secundários aos 10 anos e tem critérios de Tanner M5 P5, chama a atenção o relato de amenorreia primária. A ectoscopia da genitália externa deve fazer parte da consulta pediátrica, e a imperfuração himenal é facilmente iden-tificada. Com isso, e sem necessidade de exames complementares, o diag-nóstico pode ser feito precocemente, com encaminhamento da paciente ao ginecologista para a conduta pertinente ao caso. Conclui-se, portanto, que o exame da genitália externa é imprescindível na rotina pediátrica para evitar situação de emergência.