Bianca Zattar de Mello Barreto, Eduardo Fabri, Fabrício Braga Gonçalves, João Pedro Alves Caetano, Raphael Matheus do Nascimento Arruda, José Augusto Machado, Yara Lúcia Mendes Furtado de Melo
{"title":"Torção ovariana associada a cisto dermoide: relato de caso","authors":"Bianca Zattar de Mello Barreto, Eduardo Fabri, Fabrício Braga Gonçalves, João Pedro Alves Caetano, Raphael Matheus do Nascimento Arruda, José Augusto Machado, Yara Lúcia Mendes Furtado de Melo","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1043","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Introdução: A torção ovariana é caracterizada pela rotação do ovário em torno dos ligamentos infundibulopélvico e ovariano, resultando em uma posição torcida. Isso leva à congestão e edema dos anexos, podendo levar a complicações como ruptura e necrose tecidual. Embora a torção ovariana possa ocorrer em ovários normais, cerca de 85% dos casos estão associados a massas ovarianas com diâmetro superior a 5 cm, sendo os cistos foliculares e os cistos dermoides benignos os fatores predisponentes mais comuns. A incidência de torção ovariana representa cerca de 3% das emergências ginecológicas, sendo mais frequente durante a gravidez e tendo maior predileção pelo lado direito. Os principais sintomas incluem dor aguda na região inferior do abdômen, de início súbito e com irradiação para o flanco. Sinais de alarme incluem peritonite, sangramento e/ou febre. O tratamento consiste em ooforoplastia laparoscópica, preferencialmente, ou laparotômica. Relato de caso: Relata-se o caso de uma mulher de 23 anos, nulípara, sem comorbidades, utilizando-se contraceptivo oral. A paciente procurou atendimento de emergência e foi encaminhada à clínica da família, sendo regulada com urgência para o serviço de ginecologia devido à dor intensa no hipogástrio, com duração de 20 dias e recente piora, associada a vômitos e relacionada ao período menstrual. Exames de ultrassonografia pélvica e tomografia computadorizada revelaram a presença de lesão expansiva heterogênea bilateral com densidade de gordura. Ao exame físico, a paciente encontrava-se em estado geral regular, afebril, com abdome peristáltico e ausência de sinais peritoneais. A palpação profunda da fossa ilíaca direita provocou dor, e foi observada a presença de cisto anexial à direita. O exame especular não apresentou alterações, e o toque vaginal revelou colo posterior indolor à mobilização, além da presença de massa anexial direita com leve dor à palpação. Diante desses achados, a principal hipótese diagnóstica foi cisto dermoide bilateral associado à torção ovariana, e foi programada uma laparotomia exploradora com ooforoplastia bilateral. A paciente, em condições estáveis, foi submetida à cirurgia três dias após a avaliação inicial, que consistiu na ooforoplastia bilateral com preservação do máximo de tecido saudável possível, além de ressecção de áreas inflamadas de epiplon e revisão da cavidade. Não foram observadas complicações durante o procedimento cirúrgico, e as amostras foram encaminhadas para análise histopatológica para confirmar o diagnóstico de neoplasia benigna. A paciente teve boa evolução no pós-operatório, sem complicações, e recebeu alta após quatro dias. Comentários: Embora a torção ovariana seja uma condição de baixa incidência, deve-se sempre considerar esse diagnóstico em mulheres que buscam atendimento médico devido a dor pélvica aguda de intensidade elevada, especialmente quando associada a sinais de alarme ou à presença de massa palpável ao exame físico, principalmente em pacientes grávidas ou em idade fértil. O diagnóstico precoce baseado em suspeita clínica e exames de imagem é crucial para uma abordagem terapêutica rápida e efetiva.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"7 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Jornal brasileiro de ginecologia","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1043","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Introdução: A torção ovariana é caracterizada pela rotação do ovário em torno dos ligamentos infundibulopélvico e ovariano, resultando em uma posição torcida. Isso leva à congestão e edema dos anexos, podendo levar a complicações como ruptura e necrose tecidual. Embora a torção ovariana possa ocorrer em ovários normais, cerca de 85% dos casos estão associados a massas ovarianas com diâmetro superior a 5 cm, sendo os cistos foliculares e os cistos dermoides benignos os fatores predisponentes mais comuns. A incidência de torção ovariana representa cerca de 3% das emergências ginecológicas, sendo mais frequente durante a gravidez e tendo maior predileção pelo lado direito. Os principais sintomas incluem dor aguda na região inferior do abdômen, de início súbito e com irradiação para o flanco. Sinais de alarme incluem peritonite, sangramento e/ou febre. O tratamento consiste em ooforoplastia laparoscópica, preferencialmente, ou laparotômica. Relato de caso: Relata-se o caso de uma mulher de 23 anos, nulípara, sem comorbidades, utilizando-se contraceptivo oral. A paciente procurou atendimento de emergência e foi encaminhada à clínica da família, sendo regulada com urgência para o serviço de ginecologia devido à dor intensa no hipogástrio, com duração de 20 dias e recente piora, associada a vômitos e relacionada ao período menstrual. Exames de ultrassonografia pélvica e tomografia computadorizada revelaram a presença de lesão expansiva heterogênea bilateral com densidade de gordura. Ao exame físico, a paciente encontrava-se em estado geral regular, afebril, com abdome peristáltico e ausência de sinais peritoneais. A palpação profunda da fossa ilíaca direita provocou dor, e foi observada a presença de cisto anexial à direita. O exame especular não apresentou alterações, e o toque vaginal revelou colo posterior indolor à mobilização, além da presença de massa anexial direita com leve dor à palpação. Diante desses achados, a principal hipótese diagnóstica foi cisto dermoide bilateral associado à torção ovariana, e foi programada uma laparotomia exploradora com ooforoplastia bilateral. A paciente, em condições estáveis, foi submetida à cirurgia três dias após a avaliação inicial, que consistiu na ooforoplastia bilateral com preservação do máximo de tecido saudável possível, além de ressecção de áreas inflamadas de epiplon e revisão da cavidade. Não foram observadas complicações durante o procedimento cirúrgico, e as amostras foram encaminhadas para análise histopatológica para confirmar o diagnóstico de neoplasia benigna. A paciente teve boa evolução no pós-operatório, sem complicações, e recebeu alta após quatro dias. Comentários: Embora a torção ovariana seja uma condição de baixa incidência, deve-se sempre considerar esse diagnóstico em mulheres que buscam atendimento médico devido a dor pélvica aguda de intensidade elevada, especialmente quando associada a sinais de alarme ou à presença de massa palpável ao exame físico, principalmente em pacientes grávidas ou em idade fértil. O diagnóstico precoce baseado em suspeita clínica e exames de imagem é crucial para uma abordagem terapêutica rápida e efetiva.