Gabriel Vasconcellos Guimarães, Giovanna Rafful Kowalczuk, Luiz Henrique Silva Dias Lima, Cláudia Rachevsky, Bianca Kurtz Fontoura, Isabella Cristina Santos Soares, Maria Gabriela Ferreira da Silva, Flávia Maria de Souza Clímaco
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Abstract
Introdução: O líquen escleroso (LE) é uma doença inflamatória crônica que afeta principalmente mulheres, sendo mais comum na pós-menopausa. Embora possa ocorrer em qualquer parte do corpo, é mais frequentemente observado na região anogenital. Os sintomas típicos incluem placas hipocrômicas com ou sem púrpura, equimoses, fissuras, esclerose e prurido. Enquanto o LE genital está associado a um maior risco de carcinoma escamoso, o LE extragenital não possui essa associação. Neste relato, os autores apresentam um caso raro de LE extragenital na mama e realizam uma revisão da literatura sobre a doença. Relato de caso: A paciente, uma mulher de 56 anos com histórico de mamoplastia redutora bilateral e sem histórico pessoal de câncer de mama, apresentou uma lesão na mama direita no quadrante inferomedial com progressão em extensão. A mamografia revelou alterações pós-cirúrgicas (BI-RADS® 2), enquanto a ultrassonografia mostrou espessamento cutâneo no quadrante ínfero-lateral e deslocamento lateral da aréola à direita (BI-RADS® 4). No exame físico, observou-se lesão hipocrômica e liquenificada com bordas mal definidas no quadrante inferomedial e quadrante ínfero-lateral da mama direita, estendendo-se até o dorso, com aproximadamente 40 cm. Realizou-se uma biópsia incisional, cujo laudo histopatológico foi compatível com LE. A paciente foi encaminhada para acompanhamento conjunto com o Setor de Dermatologia, e foi prescrito clobetasol pela manhã em associação com tacrolimus à noite. Após 1 mês de tratamento, a lesão apresentava menor liquenificação e extensão. A paciente não consentiu a realização de um exame ginecológico para avaliar possível associação com líquen genital. Comentários: A apresentação extragenital do LE, especialmente na mama, é um fenômeno raro. Sua etiologia ainda não está bem definida, mas fatores genéticos, imunológicos, infecciosos, traumáticos, hormonais e idiopáticos podem desempenhar um papel no seu desenvolvimento. O diagnóstico é suspeitado pela presença de lesões hipocrômicas e liquenificadas, embora o prurido não seja tão prevalente nos casos extragenitais. A confirmação diagnóstica é feita por meio de biópsia, e o tratamento é baseado no uso de corticosteroides associados ou não a inibidores de calcineurina. O LE extragenital, embora seja uma entidade rara na mama, deve ser considerado como um diagnóstico diferencial em pacientes com lesões cutâneas crônicas hipocrômicas e descamativas, muitas vezes sem prurido local, e que apresentam doenças autoimunes associadas. O tratamento geralmente envolve o uso de corticosteroides potentes, podendo ser necessário o uso de outros imunossupressores. Não foram encontradas apresentações clínicas tão extensas quanto essa descritas na literatura.