Maria Isabel do Nascimento, Ana Luiza Morgado Costa, Gabriella Lima Pereira da Silva, Katherine da Silva De Jesus, Maria Clara de Oliveira Lemes, Paula Barbosa Maia
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Abstract
Introdução: A "pobreza menstrual" é uma realidade invisível e uma injustiça social que impõe às mulheres penalidades relacionadas a tabus, estigmas, vergonha e discriminação, além de reduzir o acesso a tratamentos ginecológicos para sangramentos anormais, dismenorreia, infecções e síndrome pré-menstrual. Objetivo: Realizar uma revisão sistemática para identificar as populações vulneráveis à condição de "pobreza menstrual". Fontes de dados: A revisão sistemática foi registrada no PROSPERO com o número CRD42021266058 e foi conduzida entre novembro e dezembro de 2021, consultando as bases de dados National Library of Medicine (PubMed), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO) Brasil e GOOGLE SCHOLAR. A pergunta de pesquisa foi: "quais são os grupos de mulheres que são vulneráveis à situação de pobreza menstrual?". A combinação de descritores utilizada foi: (((((menstruation) OR (hygiene)) OR (menstrual hygiene)) OR (menstrual health)) OR (period, menstrual)) AND ((period poverty) OR (poverty)). A ausência do termo "pobreza menstrual" nos descritores Medical Subject Headings (MeSH) e Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e o pequeno número de publicações encontradas na literatura cinza foram limitações deste estudo. Seleção de estudos: Incluíram-se estudos quantitativos, qualitativos e mistos. Excluíram-se revisões sistemáticas e publicações que não apresentavam resultados empiricamente testados. Duplas de pesquisadoras foram responsáveis pela leitura, seleção e coleta de dados, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão. Resultados: Dos 2.457 estudos recuperados, seis delinearam as características das populações vulneráveis. Um fator comum que caracteriza essas populações é a situação socioeconômica desfavorável, que afeta o acesso a produtos de higiene, saneamento básico e educação de qualidade. Meninas em idade escolar, na transição do ensino fundamental para o médio, muitas vezes em situação de vulnerabilidade econômica, não têm acesso à educação menstrual adequada no ambiente escolar e familiar, tanto em termos biológicos quanto de manejo. Esse cenário é agravado quando ocorre a menarca precoce, antes dos 9 anos, o que antecipa esses problemas e tem um impacto negativo em suas vidas. Além disso, mulheres com histórico de uso abusivo de substâncias (lícitas ou ilícitas), aquelas que vivem em abrigos de apoio a imigrantes, refugiadas, pessoas sem documentos legais e em situações de emergência humanitária, bem como as que não têm acesso à água, também são consideradas vulneráveis à pobreza menstrual. Conclusão: A população vulnerável à pobreza menstrual é caracterizada principalmente por baixo nível socioeconômico. Outros fatores agravantes incluem a menstruação durante o período escolar, especialmente em idade precoce, e a falta de educação sexual e menstrual. A interseccionalidade de diversas realidades sociais, como o uso abusivo de substâncias, também desempenha papel determinante nesse problema multidimensional.