Nathália Araújo Bernardes, Fernanda Carrocini Capelim, Maria Clara Magalhães, Maria Emília Rosa, Isabel Nunes, Amanda Trabachini Lotierzo, Carlos Eduardo Ferreira, Rafael Osaki Urzedo
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Abstract
Introdução: A endometriose pode afetar vários órgãos, sendo a localização extrapélvica mais comum, especialmente na forma cutânea, que, apesar de rara, pode ser classificada como primária ou secundária. As formas primárias são extremamente incomuns e podem surgir na região perianal, inguinal ou umbilical, sem qualquer relação com cirurgias prévias. Por outro lado, as formas secundárias são mais frequentes e se desenvolvem em cicatrizes cirúrgicas anteriores. Relato de caso: B.A.P.M.V, uma mulher de 31 anos, foi encaminhada ao Ambulatório de Ginecologia devido a dor intensa na região umbilical, acompanhada de sangramento local durante o período menstrual. Ela relatou melhora significativa da dor e do sangramento umbilical após o início do uso de medroxiprogesterona. Negou dispareunia e não teve histórico de cirurgias abdominais. Durante a avaliação, constatou-se na paciente uma ressonância magnética pélvica que revelou traves retráteis retrocervicais e retrouterinas, com extensão para o fórnice vaginal posterior e parede anterior do reto, o que pode ser indicativo de endometriose profunda. Além disso, observou-se formação nodular grosseira na região umbilical, com conteúdo sanguíneo ou hiperproteico no seu interior e realce contrastante, sugerindo um possível foco endometriótico. A ultrassonografia pélvica transvaginal não apresentou alterações significativas, enquanto a ultrassonografia da parede abdominal mostrou imagem nodular hipoecoica na projeção da cicatriz umbilical, medindo 0,9 cm no seu maior diâmetro, sem fluxo detectado pelo Doppler, não sendo possível descartar a possibilidade de um foco de endometriose na cicatriz umbilical. Com base nesses achados, diagnosticou-se endometriose umbilical e a paciente foi indicada para realizar onfalectomia ampla, a fim de garantir a cura completa da doença. Comentários: Menos de 30% dos casos de endometriose cutânea surgem na ausência de cirurgia, sendo denominados endometriose cutânea primária. O diagnóstico da endometriose na cicatriz umbilical é essencialmente clínico, baseado na anamnese e no exame físico. A confirmação definitiva ocorre apenas por meio do estudo histológico do nódulo após a sua remoção. Portanto, essa é uma condição rara que deve ser considerada no diagnóstico diferencial de lesões na cicatriz umbilical em mulheres em idade fértil, mesmo que assintomáticas.