Amanda Aded Moreira Mattos, Giovanna Rafful Kowalczuk, Luiza Araujo Barros, Anna Carolina Guedes de Queiroz Pereira, Elisa Costa de Carvalho, Claudia Muniz Stroligo, Claudia Rachevsky, Emanuelle dos Santos Jorge
{"title":"Leiomiomatose peritoneal disseminada em hospital federal do Rio de Janeiro: relato de caso","authors":"Amanda Aded Moreira Mattos, Giovanna Rafful Kowalczuk, Luiza Araujo Barros, Anna Carolina Guedes de Queiroz Pereira, Elisa Costa de Carvalho, Claudia Muniz Stroligo, Claudia Rachevsky, Emanuelle dos Santos Jorge","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1029","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Introdução: A leiomiomatose peritoneal disseminada (LPD) é uma doença ginecológica rara caracterizada pela presença de nódulos de musculatura lisa disseminados na cavidade peritoneal e epiplon. Sua etiologia ainda não é completamente compreendida, mas acredita-se que esteja relacionada aos receptores hormonais de estrogênio e progesterona nas células musculares lisas. A doença afeta principalmente mulheres em idade fértil e pode estar associada ao uso prolongado de anticoncepcionais hormonais e à gestação. A maioria dos casos é assintomática e frequentemente é descoberta de forma incidental durante procedimentos cirúrgicos. O diagnóstico definitivo é feito por meio de análise histopatológica. Relato de caso: Neste relato, descreve-se o caso de uma paciente de 32 anos, sem comorbidades ou uso crônico de medicações, que procurou atendimento médico devido a sangramento uterino anormal refratário ao tratamento medicamentoso causado por miomatose uterina. Durante o exame ginecológico, foi observado um útero móvel com aproximadamente 18 cm de tamanho e sem dor à mobilização. A ultrassonografia transvaginal revelou útero polimiomatoso com nódulo subseroso de cerca de 10 cm. Foi proposta à paciente a realização de miomectomia laparotômica para preservação da fertilidade. Durante o procedimento cirúrgico, foram identificados múltiplos nódulos endurecidos disseminados no útero, omento e peritônio parietal, variando de 1 a 5 cm de tamanho. Além disso, observou-se mioma pediculado na região fúndica. A paciente se recuperou bem após o procedimento e recebeu alta hospitalar 48 horas depois. O exame histopatológico confirmou o diagnóstico de LPD, revelando neoplasia fusocelular sem atipias, compatível com leiomioma, sem áreas de necrose ou índice mitótico elevado. Comentários: A LPD é uma condição rara, com poucos casos descritos na literatura, totalizando cerca de 200 casos. Geralmente, é uma condição assintomática ou oligossintomática. Embora seja uma doença benigna, existe risco de malignização em aproximadamente 5% dos casos, destacando a importância do acompanhamento e aconselhamento adequado para as pacientes com essa condição. O diagnóstico por imagem é desafiador, pois a LPD pode ser semelhante a condições malignas, como a carcinomatose peritoneal. Até o momento, não existem diretrizes específicas para o tratamento e acompanhamento dessas pacientes. No entanto, considerando-se a associação da doença com estímulos hormonais, métodos contraceptivos não hormonais devem ser oferecidos para evitar a progressão das lesões.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"104 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Jornal brasileiro de ginecologia","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1029","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Introdução: A leiomiomatose peritoneal disseminada (LPD) é uma doença ginecológica rara caracterizada pela presença de nódulos de musculatura lisa disseminados na cavidade peritoneal e epiplon. Sua etiologia ainda não é completamente compreendida, mas acredita-se que esteja relacionada aos receptores hormonais de estrogênio e progesterona nas células musculares lisas. A doença afeta principalmente mulheres em idade fértil e pode estar associada ao uso prolongado de anticoncepcionais hormonais e à gestação. A maioria dos casos é assintomática e frequentemente é descoberta de forma incidental durante procedimentos cirúrgicos. O diagnóstico definitivo é feito por meio de análise histopatológica. Relato de caso: Neste relato, descreve-se o caso de uma paciente de 32 anos, sem comorbidades ou uso crônico de medicações, que procurou atendimento médico devido a sangramento uterino anormal refratário ao tratamento medicamentoso causado por miomatose uterina. Durante o exame ginecológico, foi observado um útero móvel com aproximadamente 18 cm de tamanho e sem dor à mobilização. A ultrassonografia transvaginal revelou útero polimiomatoso com nódulo subseroso de cerca de 10 cm. Foi proposta à paciente a realização de miomectomia laparotômica para preservação da fertilidade. Durante o procedimento cirúrgico, foram identificados múltiplos nódulos endurecidos disseminados no útero, omento e peritônio parietal, variando de 1 a 5 cm de tamanho. Além disso, observou-se mioma pediculado na região fúndica. A paciente se recuperou bem após o procedimento e recebeu alta hospitalar 48 horas depois. O exame histopatológico confirmou o diagnóstico de LPD, revelando neoplasia fusocelular sem atipias, compatível com leiomioma, sem áreas de necrose ou índice mitótico elevado. Comentários: A LPD é uma condição rara, com poucos casos descritos na literatura, totalizando cerca de 200 casos. Geralmente, é uma condição assintomática ou oligossintomática. Embora seja uma doença benigna, existe risco de malignização em aproximadamente 5% dos casos, destacando a importância do acompanhamento e aconselhamento adequado para as pacientes com essa condição. O diagnóstico por imagem é desafiador, pois a LPD pode ser semelhante a condições malignas, como a carcinomatose peritoneal. Até o momento, não existem diretrizes específicas para o tratamento e acompanhamento dessas pacientes. No entanto, considerando-se a associação da doença com estímulos hormonais, métodos contraceptivos não hormonais devem ser oferecidos para evitar a progressão das lesões.