{"title":"Gestação ectópica em cicatriz de cesárea: relato de caso","authors":"Nathália Araújo Bernardes, Maria Emília Rosa, Amanda Trabachini Lotierzo, Isabel Nunes, Fernanda Carrocini Capelim, Wagner Vicensoto","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1069","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Introdução: A taxa de incidência de gestações ectópicas é de 1 a 2% na população em geral, sendo a gestação ectópica em cicatriz de cesárea a apresentação mais rara e com elevada mortalidade. A real incidência ainda é desconhecida devido aos poucos casos descritos na literatura, mas estima-se, com base em artigos recentes, que a incidência seja de 1 em cada 1800 a 2216 gestações ectópicas. Um fator de risco que tem contribuído significativamente para o aumento desses casos é a alta incidência de partos cesáreos na última década, aliada ao uso de aparelhos ultrassonográficos que permitem um diagnóstico mais preciso. Relato de caso: G.G.S., 30 anos, G4PC1A2E1, foi encaminhada à emergência obstétrica com 6 semanas e 1 dia de gestação devido a sangramento vaginal há 4 dias, apresentando estabilidade hemodinâmica. A ultrassonografia obstétrica evidenciou uma gestação ectópica única, com implantação na cicatriz de uma cesárea prévia, com aproximadamente 6 semanas de desenvolvimento. O saco gestacional apresentava paredes lisas e regulares, implantado na região ístmica, no local da histerotomia prévia. A ressonância magnética da pelve mostrou um saco gestacional ectópico implantado na parede uterina corporal anterior, lateralizado à direita da linha média, com localização miometrial na transição corpo-colo uterino, projetando-se sobre a cicatriz da histerotomia prévia. Após o diagnóstico, com 7 semanas e 3 dias, a paciente foi submetida a embolização das artérias uterinas bilaterais pela equipe de cirurgia vascular, seguida de injeção de metotrexate intraovular e sistêmico pela equipe de medicina fetal. No dia seguinte, foi realizado um novo exame de imagem que mostrou batimentos cardíacos embrionários rítmicos e regulares. Devido à presença de vitalidade embrionária, foi programada uma nova injeção intraovular para a semana seguinte. No entanto, ao realizar a ultrassonografia obstétrica de controle antes do segundo procedimento, não foram detectados batimentos cardíacos embrionários. O procedimento foi então suspenso. A paciente recebeu alta hospitalar com orientações gerais e retornos semanais para controle do BHCG (gonadotrofina coriônica humana), apresentando quedas progressivas nos valores até se tornarem negativos. Comentários: A implantação de uma gestação na cicatriz de uma cesárea prévia constitui uma condição com potencial de risco de vida e é considerada a forma mais rara de gravidez ectópica. O diagnóstico precoce pode oferecer opções capazes de evitar a ruptura uterina, hemorragia e, portanto, reduzir a mortalidade materna, além de preservar a fertilidade da paciente.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"48 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Jornal brasileiro de ginecologia","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1069","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Introdução: A taxa de incidência de gestações ectópicas é de 1 a 2% na população em geral, sendo a gestação ectópica em cicatriz de cesárea a apresentação mais rara e com elevada mortalidade. A real incidência ainda é desconhecida devido aos poucos casos descritos na literatura, mas estima-se, com base em artigos recentes, que a incidência seja de 1 em cada 1800 a 2216 gestações ectópicas. Um fator de risco que tem contribuído significativamente para o aumento desses casos é a alta incidência de partos cesáreos na última década, aliada ao uso de aparelhos ultrassonográficos que permitem um diagnóstico mais preciso. Relato de caso: G.G.S., 30 anos, G4PC1A2E1, foi encaminhada à emergência obstétrica com 6 semanas e 1 dia de gestação devido a sangramento vaginal há 4 dias, apresentando estabilidade hemodinâmica. A ultrassonografia obstétrica evidenciou uma gestação ectópica única, com implantação na cicatriz de uma cesárea prévia, com aproximadamente 6 semanas de desenvolvimento. O saco gestacional apresentava paredes lisas e regulares, implantado na região ístmica, no local da histerotomia prévia. A ressonância magnética da pelve mostrou um saco gestacional ectópico implantado na parede uterina corporal anterior, lateralizado à direita da linha média, com localização miometrial na transição corpo-colo uterino, projetando-se sobre a cicatriz da histerotomia prévia. Após o diagnóstico, com 7 semanas e 3 dias, a paciente foi submetida a embolização das artérias uterinas bilaterais pela equipe de cirurgia vascular, seguida de injeção de metotrexate intraovular e sistêmico pela equipe de medicina fetal. No dia seguinte, foi realizado um novo exame de imagem que mostrou batimentos cardíacos embrionários rítmicos e regulares. Devido à presença de vitalidade embrionária, foi programada uma nova injeção intraovular para a semana seguinte. No entanto, ao realizar a ultrassonografia obstétrica de controle antes do segundo procedimento, não foram detectados batimentos cardíacos embrionários. O procedimento foi então suspenso. A paciente recebeu alta hospitalar com orientações gerais e retornos semanais para controle do BHCG (gonadotrofina coriônica humana), apresentando quedas progressivas nos valores até se tornarem negativos. Comentários: A implantação de uma gestação na cicatriz de uma cesárea prévia constitui uma condição com potencial de risco de vida e é considerada a forma mais rara de gravidez ectópica. O diagnóstico precoce pode oferecer opções capazes de evitar a ruptura uterina, hemorragia e, portanto, reduzir a mortalidade materna, além de preservar a fertilidade da paciente.