Ludmila Frutuozo Silveira Medronho, Larissa Veras Menezes, Fernanda Rossi Bazzanella, Victor Faria de Oliveira, Yanka Costa Farias
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Abstract
Objetivo: O objetivo do presente documento consiste em realizar críticas científicas acerca da presença de potenciais alérgenos nos produtos de higiene feminina mais utilizados e se a utilização e composição desses itens agregam e otimizam a saúde do trato genital feminino. Fonte de dados: Os dados foram coletados das plataformas Google Acadêmico e National Library of Medicine (PubMed), utilizando os indexadores "higiene vulvar e sabonetes íntimos" e "vulvar hygiene". Foi utilizado como filtro os trabalhos publicados nos últimos 5 anos. Seleção de estudos: Foram avaliados 20 estudos prévios sobre o tema, realizando, por fim, a seleção de 5 destes para uma melhor compreensão dos resultados obtidos. Os critérios abrangeram o grau de relevância científica do estudo, a preferência por estudos nacionais e a metodologia empregada. Coleta de dados: Os artigos avaliados utilizaram métodos de pesquisa baseados na submissão de mulheres em idade reprodutiva a exames ginecológicos, laboratoriais e preenchimento de um questionário sobre higiene íntima. Além disso, realizaram análise das marcas mais vendidas de lenços umedecidos para a higiene íntima, bem como avaliaram mulheres saudáveis por 30 dias em uso diário de sabonetes íntimos na pele vulvar, comparando dois produtos específicos para a higiene íntima. Resultados: Os estudos analisados demonstram que o potencial de hidrogênio (pH) tem grande impacto na microbiota vulvovaginal e que a interação química desses produtos com a barreira cutânea não queratinizada da região genital feminina está fortemente associada ao desenvolvimento de dermatite de contato, haja vista a demonstração de estudos com lenços umedecidos rotulados como "natural", "fragrance-free", "soothing" e "organic" causando hipersensibilidade tipo IV, assim como todos os outros produtos testados. Foram apontados como os principais componentes sensibilizantes as fragrâncias e o tocoferol. Além disso, cerca de 70% das mulheres avaliadas utilizam produtos adstringentes para a rotina de higiene vulvar, coincidindo com o mesmo percentual de mulheres que já apresentaram queixas ginecológicas como infecção e dermatite. Conclusão: Entende-se, finalmente, que o impacto na microbiota e no pH vulvovaginal são norteadores na escolha da mercadoria de higiene ideal. É importante ressaltar que os produtos de higiene íntima usados por mulheres em idade reprodutiva, apresentados nos trabalhos aferidos, em sua maioria, apresentaram complicações como dermatite de contato e infecções, confirmando, assim, a complexidade na definição de itens da higiene feminina seguros a serem recomendados visando benefícios à saúde vulvovaginal.