Naiana da Silva Castro Rodrigues, Julia Lemos Leboreiro, Bruna Obeica Vasconcellos, Jacqueline Assumção Silveira Montuori, Marcos Paulo Cardoso Marques, Vanessa Rodrigues Apfel
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Abstract
Introdução: O câncer de colo de útero é a terceira neoplasia mais incidente no Brasil e responsável por um número elevado de mortes entre a população feminina. Iniciar relações sexuais precocemente, ter múltiplos parceiros, histórico de infecções sexualmente transmissíveis e ter tido múltiplos partos são fatores de risco para o desenvolvimento dessa neoplasia. O exame de Papanicolaou é a principal estratégia para a detecção precoce de lesões precursoras em mulheres de 25 a 64 anos, e, se os dois primeiros exames apresentarem resultados normais, a repetição só será necessária após três anos. No entanto, em mulheres jovens com sintomas, pode ser necessário realizar o exame se houver sangramento vaginal anormal, dispareunia ou dor pélvica com edema de membros inferiores. Quanto ao rastreamento do câncer de colo de útero, o exame de Papanicolaou é o principal, visando identificar anormalidades celulares. Em relação à idade de início do rastreamento, é importante ressaltar que em pacientes menores de 21 anos com risco moderado, é sugerida a realização da colpocitologia. No caso em questão, apesar de a paciente não estar na faixa etária recomendada para a coleta do exame, ela apresentava sinais e sintomas sugestivos de câncer de colo de útero, o que levou a adotar uma conduta individualizada. Assim como a realização do exame citológico é imprescindível, é importante destacar a importância da anamnese e do exame físico no diagnóstico dessa patologia. Nessa paciente, foi possível observar sinais sugestivos de possível gravidade, como o sangramento vaginal. Durante a anamnese, é importante investigar as queixas da paciente, a presença de fatores de risco, a data da última coleta do citopatológico e seu resultado. O exame físico irá auxiliar no diagnóstico, permitindo observar sinais sugestivos de câncer de colo, como a lesão vegetante apresentada pela paciente. Relato de caso: Paciente de 24 anos, G1P1A0, sem comorbidades, compareceu à unidade queixando-se de sangramento transvaginal intermitente há mais de 1 ano, com o último citopatológico realizado há 2 anos. Durante o exame especular, foi observado colo róseo com presença de lesão vegetante em toda a extensão do lábio posterior e se estendendo para a parede vaginal lateral direita. A paciente foi encaminhada para colposcopia, na qual foi identificada uma lesão vegetante no lábio anterior, que se mostrou friável à manipulação. Foi realizada a biópsia, que diagnosticou carcinoma moderadamente escamoso. Conclusão: Neste relato, apesar de a paciente não estar dentro dos critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde para o rastreamento do câncer de colo de útero, constatou-se que em casos selecionados, excepcionalmente, os sinais e sintomas apresentados indicaram a necessidade de uma investigação mais aprofundada e uma conduta individualizada para a queixa inicial. Não se pode abrir mão de uma anamnese e exame físico adequados para esclarecer as possíveis hipóteses diagnósticas em cada caso. Devemos ter os protocolos em mente e segui-los, mas também devemos individualizar a conduta quando considerarmos apropriado.