José Ronyeryson dos Santos Evangelista, Juliana Umbelino da Silva Paixão, Wanderlon Valério Lopes, Pedro Filhagosa Diverio, Paula Cristina da Silva Jordão Moreira, Paula Vieira Villar, Júlia Maria Mendonça Machado Pinheiro, Katia Gleicielly Frigotto
{"title":"Meningiomas nas gestantes nos últimos 10 anos —revisão sistemática","authors":"José Ronyeryson dos Santos Evangelista, Juliana Umbelino da Silva Paixão, Wanderlon Valério Lopes, Pedro Filhagosa Diverio, Paula Cristina da Silva Jordão Moreira, Paula Vieira Villar, Júlia Maria Mendonça Machado Pinheiro, Katia Gleicielly Frigotto","doi":"10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1088","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Objetivo: Realizar uma revisão sistemática dos anos de 2012–2022 sobre meningiomas na gravidez, buscando informações sobre prevalência, idade, idade gestacional (IG), sintomas, fatores de risco, diagnóstico e tratamento. Fonte de dados: Realizou-se pesquisa bibliográfica nas bases de dados National Library of Medicine (PubMed), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Os descritores utilizados foram \"meningioma AND (pregnant OR pregnancy)\". Os critérios de inclusão foram artigos com texto completo disponível, publicados entre 2012 e 2022, nos idiomas português, espanhol e inglês. Artigos de revisão de literatura foram excluídos. Coleta de dados: Encontraram-se 130 artigos, dos quais 72 foram excluídos com base nos títulos, 20 foram excluídos com base nos resumos por não corresponderem ao tema, 15 eram repetidos e 2 foram excluídos por não estarem nos idiomas selecionados. Restaram 21 artigos para leitura na íntegra. Uma limitação deste estudo é que apenas um artigo se refere a casos de gestantes brasileiras. Resultados: A prevalência de meningioma em gestantes é de aproximadamente 5,6 casos por 100.000 grávidas, semelhante à prevalência em mulheres não grávidas. A progressão do meningioma durante a gravidez é geralmente lenta, mas as alterações hormonais podem estar relacionadas ao seu crescimento, principalmente devido aos receptores de progesterona. Outra hipótese é que as alterações hemodinâmicas da gravidez possam levar ao surgimento de sintomas em um meningioma já existente. No entanto, os únicos fatores de risco estabelecidos são o aumento da idade, exposição à radiação ionizante e algumas síndromes genéticas. A idade das gestantes com meningioma varia de 21 a 41 anos, com idade gestacional variando de 5 a 39 semanas (mediana de 32 semanas). Os sintomas mais comuns são cefaleia, hipoestesia, alterações visuais ou auditivas, náuseas, vômitos, letargia, convulsões e, nos casos de meningiomas espinhais, incontinência urinária e/ou fecal, e paresia dos membros. Geralmente, os sintomas surgem nos últimos trimestres da gestação, com redução pós-parto, mas podem recorrer em gestações subsequentes. O diagnóstico de meningioma durante a gravidez é feito preferencialmente por meio de ressonância magnética craniana (RMC), de preferência sem uso de contraste com gadolínio. O tratamento depende da avaliação individualizada de cada caso, sendo a observação até o pós-parto a abordagem preferencial quando possível, seguida da remoção do tumor. Se houver sinais ou sintomas neurológicos, podem ser utilizados corticosteroides, monoterapia em caso de convulsões e manitol em situações de urgência. A cesariana é a opção recomendada como primeira abordagem cirúrgica, seguida pela ressecção do tumor. No entanto, em casos de déficits neurológicos progressivos, a ressecção pode ser realizada antes do parto. Conclusão: Os casos de meningioma em gestantes são semelhantes aos casos em mulheres não grávidas. Os receptores hormonais, principalmente os de progesterona, podem desempenhar um papel importante no crescimento desses tumores. As alterações hemodinâmicas da gravidez também podem influenciar no crescimento ou surgimento de meningiomas, embora essa relação ainda não esteja totalmente esclarecida. Os sintomas mais comuns são visuais, cefaleia e convulsões, e geralmente ocorrem nos últimos trimestres da gestação, principalmente em mulheres a partir da terceira década de vida. O diagnóstico é feito por meio de RMC. O manejo do meningioma durante a gravidez requer uma abordagem multidisciplinar, considerando a saúde da mãe e do feto. A cirurgia é o tratamento de escolha, e o momento adequado depende da localização e do tamanho do tumor, dos sintomas, da idade gestacional, da viabilidade do feto e da decisão da gestante em relação à interrupção da gravidez.","PeriodicalId":84971,"journal":{"name":"Jornal brasileiro de ginecologia","volume":"132 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Jornal brasileiro de ginecologia","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1088","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Objetivo: Realizar uma revisão sistemática dos anos de 2012–2022 sobre meningiomas na gravidez, buscando informações sobre prevalência, idade, idade gestacional (IG), sintomas, fatores de risco, diagnóstico e tratamento. Fonte de dados: Realizou-se pesquisa bibliográfica nas bases de dados National Library of Medicine (PubMed), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Os descritores utilizados foram "meningioma AND (pregnant OR pregnancy)". Os critérios de inclusão foram artigos com texto completo disponível, publicados entre 2012 e 2022, nos idiomas português, espanhol e inglês. Artigos de revisão de literatura foram excluídos. Coleta de dados: Encontraram-se 130 artigos, dos quais 72 foram excluídos com base nos títulos, 20 foram excluídos com base nos resumos por não corresponderem ao tema, 15 eram repetidos e 2 foram excluídos por não estarem nos idiomas selecionados. Restaram 21 artigos para leitura na íntegra. Uma limitação deste estudo é que apenas um artigo se refere a casos de gestantes brasileiras. Resultados: A prevalência de meningioma em gestantes é de aproximadamente 5,6 casos por 100.000 grávidas, semelhante à prevalência em mulheres não grávidas. A progressão do meningioma durante a gravidez é geralmente lenta, mas as alterações hormonais podem estar relacionadas ao seu crescimento, principalmente devido aos receptores de progesterona. Outra hipótese é que as alterações hemodinâmicas da gravidez possam levar ao surgimento de sintomas em um meningioma já existente. No entanto, os únicos fatores de risco estabelecidos são o aumento da idade, exposição à radiação ionizante e algumas síndromes genéticas. A idade das gestantes com meningioma varia de 21 a 41 anos, com idade gestacional variando de 5 a 39 semanas (mediana de 32 semanas). Os sintomas mais comuns são cefaleia, hipoestesia, alterações visuais ou auditivas, náuseas, vômitos, letargia, convulsões e, nos casos de meningiomas espinhais, incontinência urinária e/ou fecal, e paresia dos membros. Geralmente, os sintomas surgem nos últimos trimestres da gestação, com redução pós-parto, mas podem recorrer em gestações subsequentes. O diagnóstico de meningioma durante a gravidez é feito preferencialmente por meio de ressonância magnética craniana (RMC), de preferência sem uso de contraste com gadolínio. O tratamento depende da avaliação individualizada de cada caso, sendo a observação até o pós-parto a abordagem preferencial quando possível, seguida da remoção do tumor. Se houver sinais ou sintomas neurológicos, podem ser utilizados corticosteroides, monoterapia em caso de convulsões e manitol em situações de urgência. A cesariana é a opção recomendada como primeira abordagem cirúrgica, seguida pela ressecção do tumor. No entanto, em casos de déficits neurológicos progressivos, a ressecção pode ser realizada antes do parto. Conclusão: Os casos de meningioma em gestantes são semelhantes aos casos em mulheres não grávidas. Os receptores hormonais, principalmente os de progesterona, podem desempenhar um papel importante no crescimento desses tumores. As alterações hemodinâmicas da gravidez também podem influenciar no crescimento ou surgimento de meningiomas, embora essa relação ainda não esteja totalmente esclarecida. Os sintomas mais comuns são visuais, cefaleia e convulsões, e geralmente ocorrem nos últimos trimestres da gestação, principalmente em mulheres a partir da terceira década de vida. O diagnóstico é feito por meio de RMC. O manejo do meningioma durante a gravidez requer uma abordagem multidisciplinar, considerando a saúde da mãe e do feto. A cirurgia é o tratamento de escolha, e o momento adequado depende da localização e do tamanho do tumor, dos sintomas, da idade gestacional, da viabilidade do feto e da decisão da gestante em relação à interrupção da gravidez.