Gregory da Silva Balthazar, Livia de Rezende Cardoso, Lydia Huerta Moreno
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Abstract
A presente escrita é um esforço de realçar possibilidades metodológicas frente ao trabalho infinito diante da imagem, uma vez que, como bem nos ensinou Foucault, existe uma relação incontornável de irredutibilidade da imagem à palavra, e desta àquela. Com efeito, e a partir das teorizações arquegenealógicas foucaultianas, objetivamos delinear alguns caminhos metodológicos para pensarmos em uma pedagogia ética do olhar diante da imagem. Para tanto, argumentamos sobre a potência metodológica de uma arqueologia do saber das imagens, isto é, um exercício genealógico de pensar a multiplicidade de sentidos sobre e com imagens na tessitura do conceito de montagem proposto por Georges Didi-Huberman: os modos como as imagens, enquanto entes estelares singulares, nos permitem produzir, quando colocadas lado a lado, como em uma espécie de novos desenhos constelares, possíveis aprendizagens de resistências, de zonas de respiro, de espaços de criação do pensamento. Seguindo suas pistas, a partir de sua análise do Atlas Mnemosyne do historiador da arte alemão Aby Warburg, entendemos a montagem como um movimento genealógico que procura enfatizar o trabalho infinito diante de uma imagem, um exercício que nos permita pensar diferentemente o que somos e o que podemos vir a ser. Nesse bailado cintilante, a montagem tenta apreender a dança sobrevivente e anacrônica que é a historicidade mesma do acontecimento que é a imagem – aparecimentos, destruição e renascimentos, ou melhor, uma arqueologia do saber da e sobre a imagem que impõe à ordem do saber uma dupla condição: o inesgotável da imagem – a exuberância de seu aparecimento, o modo como nos abre para além do já sabido – e o abismal da imagem – as dimensões da imagem que se fazem irredutíveis à provisoriedade do ato de olhar, um não-saber que é intransponível ao nosso olhar diante da sobrevivência que fazem as imagens pulsar como entes vivos.