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Abstract
A epistemologia cartesiana se insere num ousado projeto de superar as teorias do conhecimento antigo-medievais. As Medições Metafísicas, obra de Descartes, escrita em 1641, é o principal marco teórico da radical e inovadora ruptura filosófica empreendida neste período que tem grandes reflexos nos séculos seguintes. Quais os principais desafios teóricos enfrentados pelo cartesianismo, para solidificar e consolidar a Modernidade filosófica em bases científicas, por meio dos critérios da clareza e da distinção? Essa questão guia o presente artigo que, por meio de uma revisão bibliográfica, seguindo o método de análise crítico-investigativo, via releituras e interpretações de renomados comentaristas busca pôr em evidência os principais pontos para a fundamentação metafísica cartesiana da ciência. Os textos cartesianos concernentes à temática em tela de juízo crítico são escrutinados e revistos, buscando-se salientar seu ineditismo na história da filosofia Ocidental ao contrapô-los com as teorias da epistemologia e da teologia herdadas da tradição. O ideal de ciência cartesiano funda-se na indubitabilidade como critério último de certeza e supera as formas de ceticismo anteriores da história com impactos em todos os campos do saber humano. Conclui-se, cientes dos limites da presente investigação, que o pensamento cartesiano centra-se na primazia do pensamento e das ideias sobre os dados de origem sensível, para fundamentar sua visão de mundo e sua justificação da verdade, tendo, ainda, o conhecimento certo e verdadeiro da ideia de Deus como sustentáculo epistemológico das verdades, contudo, não mais o Deus da metafísica antigo-medieval.