Rodrigo Carvalho de Menezes, Isabella Bonifácio Brige Ferreira, Stefania Lacerda Garcia, Hugo Nunes Pustilnik, Bruno Bezerril Andrade, Luciana Sobral Silveira Silva, Mariana Araújo-Pereira
{"title":"INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS VIRAIS GRAVES EM CRIANÇAS BRASILEIRAS: CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DE UMA COORTE NACIONAL","authors":"Rodrigo Carvalho de Menezes, Isabella Bonifácio Brige Ferreira, Stefania Lacerda Garcia, Hugo Nunes Pustilnik, Bruno Bezerril Andrade, Luciana Sobral Silveira Silva, Mariana Araújo-Pereira","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103462","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"As infecções do trato respiratório inferior (ITRI) representam uma das principais causas de mortalidade em crianças de 0 a 9 anos em todo o mundo. Estratégias eficazes de prevenção e tratamento deste quadro dependem da compreensão de sua etiologia e características clínicas. Diante disso, o diagnóstico etiológico preciso das ITRIs é essencial para um manejo clínico eficaz. Durante a pandemia de COVID-19, o uso extensivo de métodos moleculares proporcionou uma grande quantidade de dados sobre as ITRIs no Brasil. Neste estudo, buscamos identificar as características clínicas associadas a oito agentes virais em crianças com ITRI grave. Trata-se de estudo de coorte retrospectivo com dados do Sistema Brasileiro de Informações da Vigilância Epidemiológica da Gripe. Foram incluídos pacientes com menos de 20 anos que apresentaram ITRI grave confirmada por RT-PCR entre os anos de 2020 e 2022. Regressões logísticas binárias foram usadas para examinar associações entre patógenos e sintomas, corrigindo para potenciais confundidores. Foram avaliados 60.657 casos. Os principais agentes virais detectados foram SARS-CoV-2 (COV2) (41,2%), Vírus Sincicial Respiratório (VSR) (29,1%), Rinovírus Humano (HRV) (12,1%) e Influenza (FLU) (5,5%). Observou-se uma taxa de mortalidade geral de 4,3%. A análise multivariada evidenciou que COV2 apresentou menos probabilidade de apresentar tosse (OR: 0,34; IC 95%: 0,32-0,36), desconforto respiratório (aOR: 0,61; IC 95%: 0,59-0,64) e dessaturação (aOR: 0,71; 95% CI: 0,69-0,75). VSR fortemente associado à tosse (aOR: 2,59; IC95%: 2,45-2,75) e desconforto respiratório (aOR: 1,54; IC95%: 1,46-1,62), enquanto a FLU foi associada à febre (aOR: 2,27; IC95%: 2,06-2,50) e dor de garganta (aOR: 1,48; IC95%: 1,34-1,64). Além disso, ocorreu uma incidência significativa dos casos de VSR nos momentos iniciais da pandemia, enquanto que o inverso aconteceu com o da influenza, no qual a manifestação destes foi menor. os agentes virais responsáveis por ITRI grave têm associações distintas com as características clínicas em crianças.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"21 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103462","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
As infecções do trato respiratório inferior (ITRI) representam uma das principais causas de mortalidade em crianças de 0 a 9 anos em todo o mundo. Estratégias eficazes de prevenção e tratamento deste quadro dependem da compreensão de sua etiologia e características clínicas. Diante disso, o diagnóstico etiológico preciso das ITRIs é essencial para um manejo clínico eficaz. Durante a pandemia de COVID-19, o uso extensivo de métodos moleculares proporcionou uma grande quantidade de dados sobre as ITRIs no Brasil. Neste estudo, buscamos identificar as características clínicas associadas a oito agentes virais em crianças com ITRI grave. Trata-se de estudo de coorte retrospectivo com dados do Sistema Brasileiro de Informações da Vigilância Epidemiológica da Gripe. Foram incluídos pacientes com menos de 20 anos que apresentaram ITRI grave confirmada por RT-PCR entre os anos de 2020 e 2022. Regressões logísticas binárias foram usadas para examinar associações entre patógenos e sintomas, corrigindo para potenciais confundidores. Foram avaliados 60.657 casos. Os principais agentes virais detectados foram SARS-CoV-2 (COV2) (41,2%), Vírus Sincicial Respiratório (VSR) (29,1%), Rinovírus Humano (HRV) (12,1%) e Influenza (FLU) (5,5%). Observou-se uma taxa de mortalidade geral de 4,3%. A análise multivariada evidenciou que COV2 apresentou menos probabilidade de apresentar tosse (OR: 0,34; IC 95%: 0,32-0,36), desconforto respiratório (aOR: 0,61; IC 95%: 0,59-0,64) e dessaturação (aOR: 0,71; 95% CI: 0,69-0,75). VSR fortemente associado à tosse (aOR: 2,59; IC95%: 2,45-2,75) e desconforto respiratório (aOR: 1,54; IC95%: 1,46-1,62), enquanto a FLU foi associada à febre (aOR: 2,27; IC95%: 2,06-2,50) e dor de garganta (aOR: 1,48; IC95%: 1,34-1,64). Além disso, ocorreu uma incidência significativa dos casos de VSR nos momentos iniciais da pandemia, enquanto que o inverso aconteceu com o da influenza, no qual a manifestação destes foi menor. os agentes virais responsáveis por ITRI grave têm associações distintas com as características clínicas em crianças.