Pub Date : 2024-02-01DOI: 10.1016/j.bjid.2024.103723
T. Torres, Jovanice S. Jesus, Daniel Arabe, Lusiele Guaraldo, Flavia Serrao Lessa, Lívia Dumont Facchinetti, Rita Estrela, V. Veloso, B. Grinsztejn, S. W. Cardoso
{"title":"Frailty and health-related quality of life among older people living with HIV pre- and post-COVID-19 pandemic onset: A cross-sectional study","authors":"T. Torres, Jovanice S. Jesus, Daniel Arabe, Lusiele Guaraldo, Flavia Serrao Lessa, Lívia Dumont Facchinetti, Rita Estrela, V. Veloso, B. Grinsztejn, S. W. Cardoso","doi":"10.1016/j.bjid.2024.103723","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2024.103723","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"44 2","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-02-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139818761","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2024-02-01DOI: 10.1016/j.bjid.2024.103722
P. Luz, Hailey Spaeth, Justine A. Scott, B. Grinsztejn, V. Veloso, K. Freedberg, Elena Losina
{"title":"Variability in life expectancy among people with HIV in Brazil by gender and sexual orientation","authors":"P. Luz, Hailey Spaeth, Justine A. Scott, B. Grinsztejn, V. Veloso, K. Freedberg, Elena Losina","doi":"10.1016/j.bjid.2024.103722","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2024.103722","url":null,"abstract":"","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"28 19","pages":""},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2024-02-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"139822548","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.103589
Herbert José Fernandes, Iara Ana Pinto Borges, Lucas Drummond Portes Vasconcelos
A neurossífilis é o acometimento do sistema nervoso central (SNC) pelo Treponema palidum, pode ocorrer em qualquer estágio da doença, com taxa de invasão no SNC de até 40% na sífilis primária. A infecção pode ser assintomática ou apresentar-se através de tabes dorsalis, déficit focal ou quadro de goma com diagnóstico diferencial com tumores cerebrais ou medulares. Nas fases mais agudas, há envolvimento do líquido cefalorraquidiano (LCR), meninges e vasculaturas, enquanto na fase mais avançada há acometimento do parênquima cerebral e da medula espinal. O diagnóstico se faz através de punção liquórica, na qual será evidenciado sorologia positiva, pleocitose e hiperproteinorraquia. O tratamento é feito com a penicilina G cristalina, que é a única que penetra a barreira hematoencefálica. Paciente do sexo masculino, 33 anos, encaminhado pela neurologia ao ambulatório de infectologia, devido um quadro de diplopia de seis meses de evolução, com extensa investigação com tomografia de crânio, avaliação oftalmológica e sorologias. Histórico de diagnóstico de sífilis adquirida também há seis meses após realização de exame de VDRL com titulação de 1:32, no entanto sem tratamento em virtude de hipótese de cicatriz sorológica. Na avaliação apresentava-se sem anormalidades no exame físico. Realizados testes rápidos que somente foi positivo para sífilis. Foi iniciado tratamento para sífilis latente tardia com penicilina benzatina 7.200.000ui e coletado LCR que evidenciou proteínas 88 mg/dL; glicose 45mg/dL; leucócitos 4 mm3 (100% linfomononucleares) e VDRL 1:8. Encaminhado para internação em hospital de referência para uso de penicilina cristalina por 10 dias. Paciente evoluiu com melhora do quadro de diplopia e segue em acompanhamento ambulatorial. A diplopia é causada pelo comprometimento dos músculos extraoculares, frequentemente devido ao acometimento dos pares de nervos cranianos (III, IV e VI). O caráter inespecífico do quadro clínico pode dificultar a investigação e piorar o prognóstico. A análise do LCR indicando VDRL reativo em associação à pleocitose com predomínio de linfomononucleares e hiperproteinorraquia definiu o diagnóstico. A coinfecção com o HIV é frequente e por isso a realização do rastreio para infecções sexualmente transmissíveis é fundamental. Devido à possibilidade de evolução para quadros graves e irreversíveis, a neurossífilis deve ser considerada nos estágios iniciais da doença.
{"title":"DIPLOPIA COMO MANIFESTAÇÃO DE NEUROSSÍFILIS: RELATO DE CASO","authors":"Herbert José Fernandes, Iara Ana Pinto Borges, Lucas Drummond Portes Vasconcelos","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103589","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103589","url":null,"abstract":"A neurossífilis é o acometimento do sistema nervoso central (SNC) pelo Treponema palidum, pode ocorrer em qualquer estágio da doença, com taxa de invasão no SNC de até 40% na sífilis primária. A infecção pode ser assintomática ou apresentar-se através de tabes dorsalis, déficit focal ou quadro de goma com diagnóstico diferencial com tumores cerebrais ou medulares. Nas fases mais agudas, há envolvimento do líquido cefalorraquidiano (LCR), meninges e vasculaturas, enquanto na fase mais avançada há acometimento do parênquima cerebral e da medula espinal. O diagnóstico se faz através de punção liquórica, na qual será evidenciado sorologia positiva, pleocitose e hiperproteinorraquia. O tratamento é feito com a penicilina G cristalina, que é a única que penetra a barreira hematoencefálica. Paciente do sexo masculino, 33 anos, encaminhado pela neurologia ao ambulatório de infectologia, devido um quadro de diplopia de seis meses de evolução, com extensa investigação com tomografia de crânio, avaliação oftalmológica e sorologias. Histórico de diagnóstico de sífilis adquirida também há seis meses após realização de exame de VDRL com titulação de 1:32, no entanto sem tratamento em virtude de hipótese de cicatriz sorológica. Na avaliação apresentava-se sem anormalidades no exame físico. Realizados testes rápidos que somente foi positivo para sífilis. Foi iniciado tratamento para sífilis latente tardia com penicilina benzatina 7.200.000ui e coletado LCR que evidenciou proteínas 88 mg/dL; glicose 45mg/dL; leucócitos 4 mm3 (100% linfomononucleares) e VDRL 1:8. Encaminhado para internação em hospital de referência para uso de penicilina cristalina por 10 dias. Paciente evoluiu com melhora do quadro de diplopia e segue em acompanhamento ambulatorial. A diplopia é causada pelo comprometimento dos músculos extraoculares, frequentemente devido ao acometimento dos pares de nervos cranianos (III, IV e VI). O caráter inespecífico do quadro clínico pode dificultar a investigação e piorar o prognóstico. A análise do LCR indicando VDRL reativo em associação à pleocitose com predomínio de linfomononucleares e hiperproteinorraquia definiu o diagnóstico. A coinfecção com o HIV é frequente e por isso a realização do rastreio para infecções sexualmente transmissíveis é fundamental. Devido à possibilidade de evolução para quadros graves e irreversíveis, a neurossífilis deve ser considerada nos estágios iniciais da doença.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"3 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136246675","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.103578
Igor Thiago Queiroz, Aurélia Lorena Toscano de Medeiros Borges de Méllo, Kattyucia Cruz Meireles Silva, Gabriella Dantas Ribas, Maria Eduarda Benevides Leite de Castro
Estimatima-se 30.000 novos casos de Leishmaniose Visceral (LV) anualmente no mundo e o Brasil é responsável pela maioria dos casos na América Latina. A coinfecção com o HIV é responsável por apresentações atípicas, difícil diagnóstico e maiores taxas de eventos adversos durante o tratamento. A LV-HIV apresenta altas taxas de recidiva e de letalidade e a terapia antirretroviral (TARV) contribui para restaurar a imunidade e reduzir as recidivas após o tratamento com anfotericina B lipossomal (AmBL), também utilizada na profilaxia secundária. A OMS propõe terapia combinada para o tratamento de coinfectados LV-HIV no velho mundo, o que ainda não é endossado pelo Ministério da Saúde do Brasil, colocando essas populações em grande risco de morte. Apresentamos uma série de casos de coinfectados LV-HIV tratados com terapia combinada e propomos mudanças nas recomendações oficiais para essa população. Um estudo de coorte retrospectivo analisando prontuários de um centro de tratamento de doenças infecciosas em Natal/RN, Brasil, foi desenvolvido para mostrar a experiência local com terapia combinada para coinfecção LV-HIV que evolui sem recidivas durante o acompanhamento, mesmo sem profilaxia secundária para LV. Sete indivíduos do sexo masculino coinfectados LV-HIV (principalmente recidivas) fizeram terapia combinada com AmBL (4 mg/Kg/d por 10 dias) mais antimonial pentavalente (20 mg/Kg/d por 21-28 dias) mais pentamidina (4 mg/Kg por 3 dias por semana durante 4 semanas) e nenhuma profilaxia secundária foi indicada na alta além da TARV. A tolerabilidade foi aceitável com alguns eventos adversos raros e de curta duração relatados (insuficiência renal leve, elevação das enzimas hepáticas e pancreáticas). Após 1-2 anos de acompanhamento, a maioria dos indivíduos persiste sem recidivas de LV (apresentando ganho de peso, sem febre, órgãos reduzidos e sem anemia), aumento dos linfócitos T CD4+ e com HIV-RNA indetectável. Três pacientes não foram encontrados registros após alta. Uma vez que a coinfecção LV-HIV permite que ambas as doenças se somem negativamente, com altas taxas de óbito e recidivas, a terapia combinada pode aumentar as chances de melhores desfechos, oferecendo melhor qualidade de vida a esses indivíduos. Sugerimos que ensaios clínicos randomizados com mais indivíduos sejam realizados, ajudando a esclarecer que a terapia combinada é ideal para coinfecção LV-HIV no Brasil e na América Latina.
{"title":"TERAPIA COMBINADA NA COINFECÇÃO LV/HIV","authors":"Igor Thiago Queiroz, Aurélia Lorena Toscano de Medeiros Borges de Méllo, Kattyucia Cruz Meireles Silva, Gabriella Dantas Ribas, Maria Eduarda Benevides Leite de Castro","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103578","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103578","url":null,"abstract":"Estimatima-se 30.000 novos casos de Leishmaniose Visceral (LV) anualmente no mundo e o Brasil é responsável pela maioria dos casos na América Latina. A coinfecção com o HIV é responsável por apresentações atípicas, difícil diagnóstico e maiores taxas de eventos adversos durante o tratamento. A LV-HIV apresenta altas taxas de recidiva e de letalidade e a terapia antirretroviral (TARV) contribui para restaurar a imunidade e reduzir as recidivas após o tratamento com anfotericina B lipossomal (AmBL), também utilizada na profilaxia secundária. A OMS propõe terapia combinada para o tratamento de coinfectados LV-HIV no velho mundo, o que ainda não é endossado pelo Ministério da Saúde do Brasil, colocando essas populações em grande risco de morte. Apresentamos uma série de casos de coinfectados LV-HIV tratados com terapia combinada e propomos mudanças nas recomendações oficiais para essa população. Um estudo de coorte retrospectivo analisando prontuários de um centro de tratamento de doenças infecciosas em Natal/RN, Brasil, foi desenvolvido para mostrar a experiência local com terapia combinada para coinfecção LV-HIV que evolui sem recidivas durante o acompanhamento, mesmo sem profilaxia secundária para LV. Sete indivíduos do sexo masculino coinfectados LV-HIV (principalmente recidivas) fizeram terapia combinada com AmBL (4 mg/Kg/d por 10 dias) mais antimonial pentavalente (20 mg/Kg/d por 21-28 dias) mais pentamidina (4 mg/Kg por 3 dias por semana durante 4 semanas) e nenhuma profilaxia secundária foi indicada na alta além da TARV. A tolerabilidade foi aceitável com alguns eventos adversos raros e de curta duração relatados (insuficiência renal leve, elevação das enzimas hepáticas e pancreáticas). Após 1-2 anos de acompanhamento, a maioria dos indivíduos persiste sem recidivas de LV (apresentando ganho de peso, sem febre, órgãos reduzidos e sem anemia), aumento dos linfócitos T CD4+ e com HIV-RNA indetectável. Três pacientes não foram encontrados registros após alta. Uma vez que a coinfecção LV-HIV permite que ambas as doenças se somem negativamente, com altas taxas de óbito e recidivas, a terapia combinada pode aumentar as chances de melhores desfechos, oferecendo melhor qualidade de vida a esses indivíduos. Sugerimos que ensaios clínicos randomizados com mais indivíduos sejam realizados, ajudando a esclarecer que a terapia combinada é ideal para coinfecção LV-HIV no Brasil e na América Latina.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"4 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136246679","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.103033
Layane Oliveira da Silva, Isabela Silva Slongo, Gabriel Oliveira Schindler Coutinho, Priscila Hipólito Silva Reis
Desde 1986, tornou-se compulsória a notificação da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), com enfoque para gestantes, parturientes/puérperas e crianças em 2000. Assim, houve delimitação mais precisa do perfil epidemiológico dos casos de AIDS no Brasil. Este artigo tem como objetivo comparar casos notificados de AIDS na 1ª e 2ª década do século XXI. Trata-se de estudo observacional e retrospectivo descritivo sobre a notificação de casos de AIDS no Brasil, comparando 2001-2010 e 2011-2020 a partir do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/DATASUS), com as variáveis: faixa etária, sexo, raça/cor, escolaridade e região - residência. Dispensa-se apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa por terem sido utilizados dados públicos e gratuitos, sem identificação dos participantes. Entre 2001 e 2010, foram notificados 390.806 casos, com pico em 2009 (n = 41.608; 10,64%), mais comum no Sudeste (n = 196.643; 50,31%) e Sul (n = 196.643; 22,18%), e a menor parte no Norte (n = 23.184; 5,93%). Há prevalência nos homens (n = 236.467; 60,50%); na raça branca (n = 86.706; 33,52%), exceto quando a raça foi ignorada (n = 148.312; 37,9%); com 5ª a 8ª série incompleta (n = 67.799; 30,84%). A faixa etária mais afetada foi 35-49 anos (n = 161.628; 41,35%) e 20-34 anos (n = 159.561; 40,82%), e a minoria foi > 80 anos (n = 313; 0,08%) e < 1 ano (n = 3.190; 0,81%). Entre 2011 e 2020, foram notificados 400.824 casos de AIDS, com pico em 2013 (n = 43.850; 10,93%), principalmente no Sudeste (n = 160.097; 39,94%), seguido pelo Nordeste (n = 88.490; 22,07%), e a menor parte no Centro-Oeste (n = 29.026; 7,24%). Prevaleceu nos homens (n = 269.342; 67,19%); na raça parda (n = 110.069; 27,46%), exceto nos casos em que a raça foi ignorada (n = 156.459; 39,03%); e com ensino médio completo (n = 49.167; 24,84%). A faixa etária mais afetada foi de 20-34 anos (n = 161.244; 40,22%), seguida por 35-49 anos (n = 151.840; 37,88%), já > 80 anos (n = 758; 0,18%) e 5-9 anos (n = 976; 0,24%) foram as menos afetadas. A comparação dos casos notificados de AIDS na 1a e 2a metade do século XXI revela mudanças do perfil epidemiológico no Brasil, com aumento dos casos no Nordeste, prevalência da raça parda, redução da faixa etária para 20-34 anos, e ascensão da escolaridade para ensino médio completo. Estas destacam a necessidade de adaptar estratégias de prevenção, visando abordar os fatores determinantes da AIDS.
{"title":"NOTIFICAÇÃO DE CASOS DE AIDS NO BRASIL: UM PERFIL COMPARATIVO DA PRIMEIRA E SEGUNDA DÉCADA DO SÉCULO XXI","authors":"Layane Oliveira da Silva, Isabela Silva Slongo, Gabriel Oliveira Schindler Coutinho, Priscila Hipólito Silva Reis","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103033","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103033","url":null,"abstract":"Desde 1986, tornou-se compulsória a notificação da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), com enfoque para gestantes, parturientes/puérperas e crianças em 2000. Assim, houve delimitação mais precisa do perfil epidemiológico dos casos de AIDS no Brasil. Este artigo tem como objetivo comparar casos notificados de AIDS na 1ª e 2ª década do século XXI. Trata-se de estudo observacional e retrospectivo descritivo sobre a notificação de casos de AIDS no Brasil, comparando 2001-2010 e 2011-2020 a partir do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/DATASUS), com as variáveis: faixa etária, sexo, raça/cor, escolaridade e região - residência. Dispensa-se apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa por terem sido utilizados dados públicos e gratuitos, sem identificação dos participantes. Entre 2001 e 2010, foram notificados 390.806 casos, com pico em 2009 (n = 41.608; 10,64%), mais comum no Sudeste (n = 196.643; 50,31%) e Sul (n = 196.643; 22,18%), e a menor parte no Norte (n = 23.184; 5,93%). Há prevalência nos homens (n = 236.467; 60,50%); na raça branca (n = 86.706; 33,52%), exceto quando a raça foi ignorada (n = 148.312; 37,9%); com 5ª a 8ª série incompleta (n = 67.799; 30,84%). A faixa etária mais afetada foi 35-49 anos (n = 161.628; 41,35%) e 20-34 anos (n = 159.561; 40,82%), e a minoria foi > 80 anos (n = 313; 0,08%) e < 1 ano (n = 3.190; 0,81%). Entre 2011 e 2020, foram notificados 400.824 casos de AIDS, com pico em 2013 (n = 43.850; 10,93%), principalmente no Sudeste (n = 160.097; 39,94%), seguido pelo Nordeste (n = 88.490; 22,07%), e a menor parte no Centro-Oeste (n = 29.026; 7,24%). Prevaleceu nos homens (n = 269.342; 67,19%); na raça parda (n = 110.069; 27,46%), exceto nos casos em que a raça foi ignorada (n = 156.459; 39,03%); e com ensino médio completo (n = 49.167; 24,84%). A faixa etária mais afetada foi de 20-34 anos (n = 161.244; 40,22%), seguida por 35-49 anos (n = 151.840; 37,88%), já > 80 anos (n = 758; 0,18%) e 5-9 anos (n = 976; 0,24%) foram as menos afetadas. A comparação dos casos notificados de AIDS na 1a e 2a metade do século XXI revela mudanças do perfil epidemiológico no Brasil, com aumento dos casos no Nordeste, prevalência da raça parda, redução da faixa etária para 20-34 anos, e ascensão da escolaridade para ensino médio completo. Estas destacam a necessidade de adaptar estratégias de prevenção, visando abordar os fatores determinantes da AIDS.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"54 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136246704","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.102986
Carlos Patrício de Araújo, Fernanda de Souza Formentin de Oliveira, Luan Felipe Machado Conceição, Igor Vinicius Barreto Calhau, Joao Pedro Bastos Andrade, Valeska Siqueira Nunes dos Anjos, Aurea Paste
O vírus da imunodeficiência humana (HIV), causador da AIDS, ainda afeta milhões de pessoas no mundo, o que impacta no número de idosos infectados. O aumento da expectativa de vida da população geral e a invisibilidade com que é tratada a exposição ao risco nessa faixa etária leva ao diagnóstico tardio. Tem-se como objetivo investigar as características epidemiológicas de pacientes idosos com AIDS internados em hospital de referência no município de Salvador, estado da Bahia. Foram revisados os prontuários eletrônicos de pacientes idosos internados com AIDS em hospital de referência em infectologia em Salvador - BA durante o ano de 2022. Entre os 123 pacientes internados cujos prontuários foram avaliados, 12 eram idosos, procedentes de Salvador, de idade entre 60 e 78 anos (mediana 64,5), do sexo masculino (66,6%) e feminino (33,3%), de cor autodeclarada parda (91,6%) e amarelo (8,3%) e a maioria com ensino fundamental incompleto (58,3%); A mediana da contagem de células CD4 foi 198,5 (variando 37 – 1400), apenas 33,3% da amostra possui CV indetectável (∼indetectável a > 1 milhão). 16% (2 pacientes) descobriram o HIV nessa internação e os demais tinham conhecimento entre 2 e 30 anos. As manifestações clínicas mais frequentes observadas foram febre e perda ponderal, um paciente foi internado por neurotoxoplasmose e os demais por condições clinicas (ex. pielonefrite, celulite, colecistite, infecção urinária). A mediana do tempo de permanência foi de 14 dias, 83,3% dos idosos internados receberam alta para acompanhamento ambulatorial e 8,3% evoluíram a óbito. Os resultados apontam a AIDS entre idosos pardos associados com baixa escolaridade, reflexo da falta de conhecimento sobre os meios de prevenção contra o HIV pela ausência de campanhas e testagem nessa população. Ademais, esses resultados destacam a importância do acompanhamento médico contínuo para os idosos vivendo com HIV/AIDS, visando controlar a progressão da doença, prevenir complicações e melhorar os desfechos clínicos. O tratamento antirretroviral e o suporte adequado são essenciais para garantir a qualidade de vida e reduzir a morbidade e a mortalidade nessa população.
{"title":"CARACTERÍSTICAS CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICAS DE PACIENTES IDOSOS COM AIDS INTERNADOS EM HOSPITAL DE REFERÊNCIA NO MUNICÍPIO DE SALVADOR, BAHIA","authors":"Carlos Patrício de Araújo, Fernanda de Souza Formentin de Oliveira, Luan Felipe Machado Conceição, Igor Vinicius Barreto Calhau, Joao Pedro Bastos Andrade, Valeska Siqueira Nunes dos Anjos, Aurea Paste","doi":"10.1016/j.bjid.2023.102986","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.102986","url":null,"abstract":"O vírus da imunodeficiência humana (HIV), causador da AIDS, ainda afeta milhões de pessoas no mundo, o que impacta no número de idosos infectados. O aumento da expectativa de vida da população geral e a invisibilidade com que é tratada a exposição ao risco nessa faixa etária leva ao diagnóstico tardio. Tem-se como objetivo investigar as características epidemiológicas de pacientes idosos com AIDS internados em hospital de referência no município de Salvador, estado da Bahia. Foram revisados os prontuários eletrônicos de pacientes idosos internados com AIDS em hospital de referência em infectologia em Salvador - BA durante o ano de 2022. Entre os 123 pacientes internados cujos prontuários foram avaliados, 12 eram idosos, procedentes de Salvador, de idade entre 60 e 78 anos (mediana 64,5), do sexo masculino (66,6%) e feminino (33,3%), de cor autodeclarada parda (91,6%) e amarelo (8,3%) e a maioria com ensino fundamental incompleto (58,3%); A mediana da contagem de células CD4 foi 198,5 (variando 37 – 1400), apenas 33,3% da amostra possui CV indetectável (∼indetectável a > 1 milhão). 16% (2 pacientes) descobriram o HIV nessa internação e os demais tinham conhecimento entre 2 e 30 anos. As manifestações clínicas mais frequentes observadas foram febre e perda ponderal, um paciente foi internado por neurotoxoplasmose e os demais por condições clinicas (ex. pielonefrite, celulite, colecistite, infecção urinária). A mediana do tempo de permanência foi de 14 dias, 83,3% dos idosos internados receberam alta para acompanhamento ambulatorial e 8,3% evoluíram a óbito. Os resultados apontam a AIDS entre idosos pardos associados com baixa escolaridade, reflexo da falta de conhecimento sobre os meios de prevenção contra o HIV pela ausência de campanhas e testagem nessa população. Ademais, esses resultados destacam a importância do acompanhamento médico contínuo para os idosos vivendo com HIV/AIDS, visando controlar a progressão da doença, prevenir complicações e melhorar os desfechos clínicos. O tratamento antirretroviral e o suporte adequado são essenciais para garantir a qualidade de vida e reduzir a morbidade e a mortalidade nessa população.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"51 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136246707","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.103059
Luciano Araújo de Souza Filho, Flávia Moreira Dias Passos, Vanessa Alves Nascimento, Guilherme Pedralina dos Santos, Beatriz Santana Ribeiro, Walmer Carvalho Filho, Marco Aurélio de Oliveira Góes
A leishmaniose visceral (LV) é uma doença grave e negligenciada. Por sua vez, a infecção pelo HIV é um fator de risco para o desenvolvimento de complicações e desfechos desfavoráveis em pacientes com LV. No Brasil, a coinfecção entre ambas as condições apresenta preocupações adicionais devido às possíveis interações entre os dois patógenos, ainda mais quando evidenciado a relevância destas doenças no país. Por esse motivo, o estudo tem como objetivo avaliar as tendências temporais da coinfecção Leishmaniose visceral e HIV/aids no Brasil. Trata-se de um estudo observacional (série temporal) dos casos de Leishmaniose visceral em pessoas vivendo com HIV (PVHIV) no Brasil de 2007 a 2022. Os dados foram obtidos do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde a partir dos bancos de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). As tendências temporais foram analisadas por meio de modelos de regressão Joinpoint (regressão linear segmentada), sendo calculada a variação percentual anual média (AAPC - average annual percent change) para o período completo. No período estudado ocorreram 54115 casos de LV no Brasil, sendo 4843 em PVHIV (8,9%). Entre PVHIV 78% dos casos de LV ocorreram no sexo masculino e 87,6% entre 20 e 59 anos. A coinfecção LV/HIV variou de acordo com a região, sendo maior no Centro-Oeste (16,5%), Sul (12,1%) e Sudeste (10,5%), e menor no Norte (4,2%) e Nordeste (8,8%). Evidenciou-se tendência de crescimento da proporção de coinfecção LV/HIV na região Norte (AAPC = 19,0), Centro-oeste (AAPC = 11,2), Nordeste (AAPC = 9,9) e Sudeste (4,8). Nas regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste as tendências de detecção da coinfecção LV/HIV foram crescentes durante todo o período. No Sudeste houve segmentação da tendência temporal sendo crescente até 2017 e a partir desse ponto decrescente. Na região Sul pelo pequeno número de casos não foi possível avaliar a tendência. A letalidade foi de 8,7% nos casos de coinfecção Este estudo destaca a significativa proporção de coinfecção LV/HIV no Brasil, com tendências de aumento na maioria das regiões, evidenciando a importância de estratégias de prevenção e controle direcionadas à coexistência dessas doenças, ressaltando a necessidade de melhorias no diagnóstico precoce e no tratamento adequado.
{"title":"TENDÊNCIAS REGIONAIS DA LEISHMANIOSE VISCERAL EM PESSOAS VIVENDO COM HIV NO BRASIL","authors":"Luciano Araújo de Souza Filho, Flávia Moreira Dias Passos, Vanessa Alves Nascimento, Guilherme Pedralina dos Santos, Beatriz Santana Ribeiro, Walmer Carvalho Filho, Marco Aurélio de Oliveira Góes","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103059","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103059","url":null,"abstract":"A leishmaniose visceral (LV) é uma doença grave e negligenciada. Por sua vez, a infecção pelo HIV é um fator de risco para o desenvolvimento de complicações e desfechos desfavoráveis em pacientes com LV. No Brasil, a coinfecção entre ambas as condições apresenta preocupações adicionais devido às possíveis interações entre os dois patógenos, ainda mais quando evidenciado a relevância destas doenças no país. Por esse motivo, o estudo tem como objetivo avaliar as tendências temporais da coinfecção Leishmaniose visceral e HIV/aids no Brasil. Trata-se de um estudo observacional (série temporal) dos casos de Leishmaniose visceral em pessoas vivendo com HIV (PVHIV) no Brasil de 2007 a 2022. Os dados foram obtidos do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde a partir dos bancos de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). As tendências temporais foram analisadas por meio de modelos de regressão Joinpoint (regressão linear segmentada), sendo calculada a variação percentual anual média (AAPC - average annual percent change) para o período completo. No período estudado ocorreram 54115 casos de LV no Brasil, sendo 4843 em PVHIV (8,9%). Entre PVHIV 78% dos casos de LV ocorreram no sexo masculino e 87,6% entre 20 e 59 anos. A coinfecção LV/HIV variou de acordo com a região, sendo maior no Centro-Oeste (16,5%), Sul (12,1%) e Sudeste (10,5%), e menor no Norte (4,2%) e Nordeste (8,8%). Evidenciou-se tendência de crescimento da proporção de coinfecção LV/HIV na região Norte (AAPC = 19,0), Centro-oeste (AAPC = 11,2), Nordeste (AAPC = 9,9) e Sudeste (4,8). Nas regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste as tendências de detecção da coinfecção LV/HIV foram crescentes durante todo o período. No Sudeste houve segmentação da tendência temporal sendo crescente até 2017 e a partir desse ponto decrescente. Na região Sul pelo pequeno número de casos não foi possível avaliar a tendência. A letalidade foi de 8,7% nos casos de coinfecção Este estudo destaca a significativa proporção de coinfecção LV/HIV no Brasil, com tendências de aumento na maioria das regiões, evidenciando a importância de estratégias de prevenção e controle direcionadas à coexistência dessas doenças, ressaltando a necessidade de melhorias no diagnóstico precoce e no tratamento adequado.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"40 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136246712","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
Pub Date : 2023-10-01DOI: 10.1016/j.bjid.2023.103614
Laís Nicoletti Neves, Nathália Antonio de Oliveira Velasco, Thaís Cristina Faria Pacheco, Marcia Teixeira Garcia, Plínio Trabasso, Raquel Silveira Bello Stucchi, Mariângela Ribeiro Resende, Amanda Tereza Ferreira, Michele de Freitas Neves Silva
A expansão do tratamento preventivo da tuberculose (TPT) é estratégica na meta de eliminação da doença como problema de saúde pública até 2035. Este estudo avaliou a cascata de cuidado da infecção tuberculosa latente (ILTB) em pacientes transplantados de órgãos sólidos e transplante de células pluripotentes hematopoiéticas (TCPH) em um hospital de referência. Estudo descritivo, transversal, epidemiológico operacional; foram incluídos pacientes candidatos/transplantados notificados para ILTB no período de janeiro de 2009 a julho de 2022. Considerando os pacientes transplantados no período de estudo foram notificados 5,18% casos de ILTB; dentre os transplantados hepáticos (TxH), 7,03%, nos transplantados renais (TxR), 6,3%, nos TCPH, 0,95% e nenhum no transplante cardíaco. Foram avaliados 194 pacientes com ILTB: 74 candidatos à transplante hepático (TxH), 114 candidatos a transplante renal (TxR) e seis candidatos a TCPH. O diagnóstico de ILTB foi realizado por meio do teste tuberculínico em 84,02% dos pacientes, nos demais foi embasado na história clínica e exame radiológico. O regime terapêutico consistiu em isoniazida (6-9H) em 97,42%, rifampicina (4R) em 1,55% e rifapentina associada a isoniazida (3HP) em um caso. O tratamento foi concluído em 82,47% deles; 3,1% dos pacientes tiveram o tratamento suspenso por toxicidade. Após o tratamento para ILTB, apenas um paciente desenvolveu TB ativa. No grupo avaliado foram detectadas lacunas na cascata de cuidado associadas ao diagnóstico da ILTB, suprimento irregular do PPD, ausência de método alternativo e pactuação das diretrizes para a garantia da TPT de forma precoce em grupos com alto risco de adoecimento. O regime com 6-9H foi efetivo e seguro, poucos pacientes utilizaram os regimes 4R e 3HP.
{"title":"CASCATA DE CUIDADO DA INFECÇÃO TUBERCULOSA LATENTE (ILTB) EM PACIENTES CANDIDATOS E/OU TRANSPLANTADOS DE ÓRGÃOS SÓLIDOS OU CÉLULAS PLURIPOTENTES HEMATOPOIÉTICAS","authors":"Laís Nicoletti Neves, Nathália Antonio de Oliveira Velasco, Thaís Cristina Faria Pacheco, Marcia Teixeira Garcia, Plínio Trabasso, Raquel Silveira Bello Stucchi, Mariângela Ribeiro Resende, Amanda Tereza Ferreira, Michele de Freitas Neves Silva","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103614","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103614","url":null,"abstract":"A expansão do tratamento preventivo da tuberculose (TPT) é estratégica na meta de eliminação da doença como problema de saúde pública até 2035. Este estudo avaliou a cascata de cuidado da infecção tuberculosa latente (ILTB) em pacientes transplantados de órgãos sólidos e transplante de células pluripotentes hematopoiéticas (TCPH) em um hospital de referência. Estudo descritivo, transversal, epidemiológico operacional; foram incluídos pacientes candidatos/transplantados notificados para ILTB no período de janeiro de 2009 a julho de 2022. Considerando os pacientes transplantados no período de estudo foram notificados 5,18% casos de ILTB; dentre os transplantados hepáticos (TxH), 7,03%, nos transplantados renais (TxR), 6,3%, nos TCPH, 0,95% e nenhum no transplante cardíaco. Foram avaliados 194 pacientes com ILTB: 74 candidatos à transplante hepático (TxH), 114 candidatos a transplante renal (TxR) e seis candidatos a TCPH. O diagnóstico de ILTB foi realizado por meio do teste tuberculínico em 84,02% dos pacientes, nos demais foi embasado na história clínica e exame radiológico. O regime terapêutico consistiu em isoniazida (6-9H) em 97,42%, rifampicina (4R) em 1,55% e rifapentina associada a isoniazida (3HP) em um caso. O tratamento foi concluído em 82,47% deles; 3,1% dos pacientes tiveram o tratamento suspenso por toxicidade. Após o tratamento para ILTB, apenas um paciente desenvolveu TB ativa. No grupo avaliado foram detectadas lacunas na cascata de cuidado associadas ao diagnóstico da ILTB, suprimento irregular do PPD, ausência de método alternativo e pactuação das diretrizes para a garantia da TPT de forma precoce em grupos com alto risco de adoecimento. O regime com 6-9H foi efetivo e seguro, poucos pacientes utilizaram os regimes 4R e 3HP.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"19 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136246772","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
A leishmaniose é uma doença infecciosa considerada zoonótica, com ampla distribuição pelo mundo, desde a Asia até a América. Tal é causada por protozoários do gênero Leishmania.No Brasil, a forma de transmissão é através da picada dos vetores do gênero Lutzomia. A doença pode ser assintomáticas ou apresentar lesões cutâneas simples, úlceras muco-cutâneas até a forma difusa, considerada a apresentação de difícil tratamento. Deve-se suspeitar de Leishmaniose visceral quando presença de febre e hepatoesplenomegalia podendo ter manifestações hemorrágicas, além de linfadenomegalia, perda de peso, taquicardia e, menos frequentemente, tosse seca e diarreia. O diagnóstico é baseado em dados epidemiológicos, clínicos e laboratoriais. Mas é fechado encontro do parasita em tecido infectado. Paciente sexo masculino, 36 anos, proveniente do interior do estado do Espírito Santo, admitido ao hospital com quadro de icterícia, alteração de bilirrubinas, transaminases e febre há 3 semanas com suspeita de colecistite aguda. História patológica pregressa de artrite psoriásica em uso de Adalimumabi 40mg 2/2 semanas, Metotrexate 15mg/semana e Ácido fólico 05mg/semana. Passado de Tuberculose latente tratada. Realizou USG de Abdomen há 5 dias da admissão com parecer de vesícula biliar difusamente aumentada com parede anterior medindo 2 × 1,5cm. Ausência de cálculos ou ecos sólidos. Fígado de contorno, dimensões e ecogenicidades normais. Baço de contornos e e texturas normais com moderado aumento de volume. Solicitado sorologia para Dengue, Hepatite A, B e C com resultados negativos e sorologia para Leptospirose IgM: não reagente. Durante 5 dias de internação com distensão abdominal, desconforto abdominal no hipocôndrio direito e manutenção da febre além de pancitopenia evidenciado em hemograma. Com suspeita de síndrome colestática e pancitopenia a investigar, foi solicitado TC de abdome evidenciando exuberante esplenomegalia homogênea com predomínio de componente esplênico, leve ascite livre abdominopélvica. Alterações descritas na parede da vesícula biliar são secundárias a ascite. Solicitado mielograma com conclusão de medula óssea 38,0% de neutrófilos segmentados, 16,0% de linfócitos e 44,0% de eritroblastos ortocromáticos. Solicitada pesquisa para Histoplasmose com resultado 1:1 e Leishmaniose detectado DNA. Iniciado, no mesmo dia, AnfotericinaB 50mg/dia. Evoluiu com epistaxe, hemoptise e posteriormente hemorragia alveolar importante, evoluindo para óbito.
{"title":"RELATO DE CASO DE LEISHMANIOSE VISCERAL DISSEMINADA EM HOMEM DE SEXO MASCULINO COM IMUNOSSUPRESSÃO SECUNDÁRIA A ARTRITE PSORIÁTICA","authors":"Luiza Morandi Xavier, Nathalia Rico Barreira Luzorio, Karen Maia Fazoli, Ana Livia Sales Pereira, Estevão Poncio Delazaro","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103574","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103574","url":null,"abstract":"A leishmaniose é uma doença infecciosa considerada zoonótica, com ampla distribuição pelo mundo, desde a Asia até a América. Tal é causada por protozoários do gênero Leishmania.No Brasil, a forma de transmissão é através da picada dos vetores do gênero Lutzomia. A doença pode ser assintomáticas ou apresentar lesões cutâneas simples, úlceras muco-cutâneas até a forma difusa, considerada a apresentação de difícil tratamento. Deve-se suspeitar de Leishmaniose visceral quando presença de febre e hepatoesplenomegalia podendo ter manifestações hemorrágicas, além de linfadenomegalia, perda de peso, taquicardia e, menos frequentemente, tosse seca e diarreia. O diagnóstico é baseado em dados epidemiológicos, clínicos e laboratoriais. Mas é fechado encontro do parasita em tecido infectado. Paciente sexo masculino, 36 anos, proveniente do interior do estado do Espírito Santo, admitido ao hospital com quadro de icterícia, alteração de bilirrubinas, transaminases e febre há 3 semanas com suspeita de colecistite aguda. História patológica pregressa de artrite psoriásica em uso de Adalimumabi 40mg 2/2 semanas, Metotrexate 15mg/semana e Ácido fólico 05mg/semana. Passado de Tuberculose latente tratada. Realizou USG de Abdomen há 5 dias da admissão com parecer de vesícula biliar difusamente aumentada com parede anterior medindo 2 × 1,5cm. Ausência de cálculos ou ecos sólidos. Fígado de contorno, dimensões e ecogenicidades normais. Baço de contornos e e texturas normais com moderado aumento de volume. Solicitado sorologia para Dengue, Hepatite A, B e C com resultados negativos e sorologia para Leptospirose IgM: não reagente. Durante 5 dias de internação com distensão abdominal, desconforto abdominal no hipocôndrio direito e manutenção da febre além de pancitopenia evidenciado em hemograma. Com suspeita de síndrome colestática e pancitopenia a investigar, foi solicitado TC de abdome evidenciando exuberante esplenomegalia homogênea com predomínio de componente esplênico, leve ascite livre abdominopélvica. Alterações descritas na parede da vesícula biliar são secundárias a ascite. Solicitado mielograma com conclusão de medula óssea 38,0% de neutrófilos segmentados, 16,0% de linfócitos e 44,0% de eritroblastos ortocromáticos. Solicitada pesquisa para Histoplasmose com resultado 1:1 e Leishmaniose detectado DNA. Iniciado, no mesmo dia, AnfotericinaB 50mg/dia. Evoluiu com epistaxe, hemoptise e posteriormente hemorragia alveolar importante, evoluindo para óbito.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"214 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136246782","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}
A Arterite de Takayasu (AT) é uma rara vasculite granulomatosa de grandes vasos que afeta a aorta e seus principais ramos. AT afeta principalmente mulheres jovens, e sua incidência é de 2,6/milhão/ano, por volta dos 30 anos. A fisiopatologia da AT pode estar relacionada com distúrbios imunológicos e susceptibilidade genética, bem como infecções (Mycobacterium tuberculosis, vírus, etc). Estima-se mundialmente que 67 milhões de crianças tenham infecção latente da tuberculose (ILTB) e possam desenvolver tuberculose ativa (TBA). Este relato descreve um caso raro de menina com AT com ILTB concomitante. A aprovação ética para este relato foi obtida pelo comitê de ética do hospital. Paciente 6 anos, sexo feminino, com relato materno de ter iniciado há 07 meses dispneia progressiva intermitente, associada a hiporexia e perda ponderal. Negou febre ou sintomas gripais no período. O quadro começou a ser investigado após 1 mês de sintomas. Admitida em um hospital de urgências de Goiânia em regular estado geral, taquidispneica, hipertensa, sopro sistólico 2+/6+, pulsos simétricos. Nos exames de imagem: ECOTT com grave disfunção sistólica (FE Simpson 19%) e coronárias normais. Aventada hipótese de miocardiopatia dilatada, foram investigadas etiologias infecciosas por sorologias, patologias ANCA, todas excluídas. Realizada angioTC coronariana, com aneurisma de aorta torácica ascendente e coarctação descendente logo após a emissão da subclávia esquerda. A principal hipótese diagnóstica foi de AT. Realizado pulsoterapia em Unidade de Terapia Intensiva. Devido ao quadro de imunossupressão, além das profilaxias parasitárias, foi incluído o interferon (IGRA) para rastreio de ILTB, vindo este positivo. Iniciado Rifampicina 450 mg, sendo modificado para Rifapentina 300 mg associada à Isoniazida 500 mg, ambas em dose única semanal por 12 semanas, conforme as últimas orientações do Ministério da Saúde. Em cinco meses de tratamento, a paciente evoluiu com melhora clínica e cardiológica (FE 39%). Uma associação entre AT e infecção por M. tuberculosis foi sugerida na literatura, mas não comprovada. ILTB e TBA foram observadas em 20%–82% e 6,3%–20% dos casos de AT, respectivamente. Em estudos comparativos, tem-se que a AT em crianças se manifesta com maiores níveis inflamatórios e pior prognóstico, por maior extensão de lesão vascular. Portanto, o diagnóstico oportuno de ILTB em vigência de AT pode teoricamente minimizar possíveis fatores que piorem o desfecho clínico do paciente.
{"title":"ARTERITE DE TAKAYASU E TUBERCULOSE LATENTE EM CRIANÇA: UM RELATO DE CASO","authors":"Ludmilla Guilarducci Laureano, Victória Coelho Jácome Queiroz, Andressa Lorrany Batista Almeida, Camila Gomes de Assis","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103606","DOIUrl":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103606","url":null,"abstract":"A Arterite de Takayasu (AT) é uma rara vasculite granulomatosa de grandes vasos que afeta a aorta e seus principais ramos. AT afeta principalmente mulheres jovens, e sua incidência é de 2,6/milhão/ano, por volta dos 30 anos. A fisiopatologia da AT pode estar relacionada com distúrbios imunológicos e susceptibilidade genética, bem como infecções (Mycobacterium tuberculosis, vírus, etc). Estima-se mundialmente que 67 milhões de crianças tenham infecção latente da tuberculose (ILTB) e possam desenvolver tuberculose ativa (TBA). Este relato descreve um caso raro de menina com AT com ILTB concomitante. A aprovação ética para este relato foi obtida pelo comitê de ética do hospital. Paciente 6 anos, sexo feminino, com relato materno de ter iniciado há 07 meses dispneia progressiva intermitente, associada a hiporexia e perda ponderal. Negou febre ou sintomas gripais no período. O quadro começou a ser investigado após 1 mês de sintomas. Admitida em um hospital de urgências de Goiânia em regular estado geral, taquidispneica, hipertensa, sopro sistólico 2+/6+, pulsos simétricos. Nos exames de imagem: ECOTT com grave disfunção sistólica (FE Simpson 19%) e coronárias normais. Aventada hipótese de miocardiopatia dilatada, foram investigadas etiologias infecciosas por sorologias, patologias ANCA, todas excluídas. Realizada angioTC coronariana, com aneurisma de aorta torácica ascendente e coarctação descendente logo após a emissão da subclávia esquerda. A principal hipótese diagnóstica foi de AT. Realizado pulsoterapia em Unidade de Terapia Intensiva. Devido ao quadro de imunossupressão, além das profilaxias parasitárias, foi incluído o interferon (IGRA) para rastreio de ILTB, vindo este positivo. Iniciado Rifampicina 450 mg, sendo modificado para Rifapentina 300 mg associada à Isoniazida 500 mg, ambas em dose única semanal por 12 semanas, conforme as últimas orientações do Ministério da Saúde. Em cinco meses de tratamento, a paciente evoluiu com melhora clínica e cardiológica (FE 39%). Uma associação entre AT e infecção por M. tuberculosis foi sugerida na literatura, mas não comprovada. ILTB e TBA foram observadas em 20%–82% e 6,3%–20% dos casos de AT, respectivamente. Em estudos comparativos, tem-se que a AT em crianças se manifesta com maiores níveis inflamatórios e pior prognóstico, por maior extensão de lesão vascular. Portanto, o diagnóstico oportuno de ILTB em vigência de AT pode teoricamente minimizar possíveis fatores que piorem o desfecho clínico do paciente.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"56 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":null,"resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":"136246784","PeriodicalName":null,"FirstCategoryId":null,"ListUrlMain":null,"RegionNum":0,"RegionCategory":"","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":"","EPubDate":null,"PubModel":null,"JCR":null,"JCRName":null,"Score":null,"Total":0}