{"title":"AUTONOMIA REPRODUTIVA E MÉTODOS CONTRACEPTIVOS: NARRATIVAS DE MULHERES VIVENDO COM HIV","authors":"Cindy Ferreira Lima, Adriana Rafaela Mendes Belizoti, Cleo Chinaia, Nádia Zanon Narchi, Silvia dos Santos","doi":"10.1016/j.bjid.2023.102979","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"A vivência da sexualidade saudável, com autonomia reprodutiva, perpassa pelo conhecimento tanto do próprio corpo, quanto dos métodos contraceptivos. Ter acesso a informações adequadas pode contribuir para melhor qualidade de vida, de modo especial, dentre aquelas mulheres que vivem com HIV (MVHIV). Analisar, a partir narrativa de MVHIV, o conhecimento sobre métodos contraceptivos. Análise temática qualitativa de entrevistas narrativas, realizado no software Iramuteq, a partir da aplicação da Classificação Hierárquica Descendente. A amostra foi composta por 10 mulheres vivendo com HIV, entrevistadas entre 1/11/2020 e 1/11/2022, assistidas em um SAE, em São Paulo. CEP 3.139.029 – SMS/SP e 3.081.173 – EE-USP/SP. A partir da análise, destacou-se a categoria prevenção da gravidez. Dentre as palavras que se destacaram nesta categoria, identificamos feminino (chi2 = 44,84), método (chi2 = 24,98), contraceptivo (chi2 = 20,63), fácil (chi2 = 14,67), injeção (chi2 = 8,11) e preservativo (chi2 = 5,77), que deram origem a subcategoria Autonomia reprodutiva. Ao analisar o contexto, foi possível o resgate dos seguintes relatos: “O psicólogo me ensinou a usar o preservativo feminino, nunca tive acesso e nem conhecimento, mas ele me mostrou como usar (N8)”; “O preservativo feminino nunca usei por aflição, de ter que introduzir, vi uma vez na TV. Sempre escolhi o mais fácil, que é a pílula ou a injeção, mas para não ficar naquela coisa de horário, de faltar tomar, mudei para injeção justamente porque, vai lá na farmácia, toma e depois esquece, mente tranquila (N1)”; quando era mais nova, em escolas mesmo, sempre ensinavam, porque a camisinha feminina existe já há muito tempo. Até cheguei a usar algumas vezes. Às vezes vai para balada, já vai com ela, porque vai que você está bêbada e acontece alguma coisa, já está com ela, já está protegida (N7).” Embora se observe conhecimento sobre métodos contraceptivos que fortalecem autonomia das MVHIV, chama a atenção a forma como este foi acessado, sendo a origem das informações diversas, não tendo menção nos discursos os serviços de saúde ou profissionais da assistência. É necessário compromisso dos profissionais de saúde que realizam o seguimento clínico do HIV com a disponibilidade de informações qualificadas sobre contracepção e saúde sexual como componente fundamental na prática da assistência à saúde das mulheres.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"19 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.102979","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
A vivência da sexualidade saudável, com autonomia reprodutiva, perpassa pelo conhecimento tanto do próprio corpo, quanto dos métodos contraceptivos. Ter acesso a informações adequadas pode contribuir para melhor qualidade de vida, de modo especial, dentre aquelas mulheres que vivem com HIV (MVHIV). Analisar, a partir narrativa de MVHIV, o conhecimento sobre métodos contraceptivos. Análise temática qualitativa de entrevistas narrativas, realizado no software Iramuteq, a partir da aplicação da Classificação Hierárquica Descendente. A amostra foi composta por 10 mulheres vivendo com HIV, entrevistadas entre 1/11/2020 e 1/11/2022, assistidas em um SAE, em São Paulo. CEP 3.139.029 – SMS/SP e 3.081.173 – EE-USP/SP. A partir da análise, destacou-se a categoria prevenção da gravidez. Dentre as palavras que se destacaram nesta categoria, identificamos feminino (chi2 = 44,84), método (chi2 = 24,98), contraceptivo (chi2 = 20,63), fácil (chi2 = 14,67), injeção (chi2 = 8,11) e preservativo (chi2 = 5,77), que deram origem a subcategoria Autonomia reprodutiva. Ao analisar o contexto, foi possível o resgate dos seguintes relatos: “O psicólogo me ensinou a usar o preservativo feminino, nunca tive acesso e nem conhecimento, mas ele me mostrou como usar (N8)”; “O preservativo feminino nunca usei por aflição, de ter que introduzir, vi uma vez na TV. Sempre escolhi o mais fácil, que é a pílula ou a injeção, mas para não ficar naquela coisa de horário, de faltar tomar, mudei para injeção justamente porque, vai lá na farmácia, toma e depois esquece, mente tranquila (N1)”; quando era mais nova, em escolas mesmo, sempre ensinavam, porque a camisinha feminina existe já há muito tempo. Até cheguei a usar algumas vezes. Às vezes vai para balada, já vai com ela, porque vai que você está bêbada e acontece alguma coisa, já está com ela, já está protegida (N7).” Embora se observe conhecimento sobre métodos contraceptivos que fortalecem autonomia das MVHIV, chama a atenção a forma como este foi acessado, sendo a origem das informações diversas, não tendo menção nos discursos os serviços de saúde ou profissionais da assistência. É necessário compromisso dos profissionais de saúde que realizam o seguimento clínico do HIV com a disponibilidade de informações qualificadas sobre contracepção e saúde sexual como componente fundamental na prática da assistência à saúde das mulheres.