PERFIL DE SUSCETIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS DE KLEBSIELLA PNEUMONIAE IDENTIFICADA EM CASOS DE INFECÇÃO DE CORRENTE SANGUÍNEA E INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO ADQUIRIDAS NA COMUNIDADE
Adriano de Souza Santos Monteiro, Adriele Pinheiro Bomfim, Lorena Galvão de Araújo, Matheus Sales Barbosa, Vívian Santos Galvão, Isabela Oliveira Sousa, Camila Maria Piñeiro Silva, Soraia Machado Cordeiro, Joice Neves Reis
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Abstract
Klebsiella pneumoniae tem importância crítica mundial, sobretudo pelas taxas elevadas de resistência aos antibióticos e mortalidade. As infecções de corrente sanguínea (ICS) e do trato urinário (ITU) estão entre as principais infecções causadas por essa bactéria. O objetivo do estudo foi avaliar o perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos de K. pneumoniae de casos de ICS e de ITU adquiridas na comunidade (AC). Os isolados de ICS-AC foram oriundos de dois hospitais de Salvador (4/2016-12/2018) e de ITU-AC, de pacientes do laboratório LACTFAR/UFBA (4/2019-5/2023). O critério de ICS-AC foi hemocultura positiva para K. pneumoniae em ≤48h após admissão do paciente e para ITU-AC, urocultura positiva (>100.000 UFC/mL) e sem realização de procedimentos relacionados à assistência à saúde (<3 meses) em ambos os grupos. Os isolados foram submetidos ao antibiograma (BrCAST 2023) e considerados multirresistentes (MDR) quando resistentes a ≥3 grupos de antibióticos. Os genes de β-lactamases foram identificados por PCR e os grupos foram comparados pelos testes Mann-Whitney e exato de Fisher. Um total de 27 pacientes com ICS-AC e 35 com ITU-AC foram identificados. Pacientes com ITU-AC foram mais jovens (mediana 47 [27-68; 1qt-3qt] vs. 79 [68-84; 1qt-3qt]; p < 0.01) e a maioria do sexo feminino (85,7% vs. 38,5%; p < 0.01). Pacientes com ICS-AC tiveram mediana do índice de comorbidade de Charlson de 3 (1-4; 1qt-3qt) e 19,2% com índice ≥5; o escore de bacteremia de Pitt ≥4 foi em 34,6%. K. pneumoniae de ICS-AC foram mais resistentes às cefalosporinas (p < 0,05) e a carbapenêmicos (p = 0,03) e mais MDR que isolados de ITU-AC (44,4% vs. 17,1%, p = 0,03). Detectamos produção de β-lactamase de espectro estendido em 40,7% dos isolados de ICS-AC e em 14,3% de ITU-AC (p = 0,02). Os genes de β-lactamases detectados em isolados de ICS-AC e ITU-AC foram: blaTEM (25,9% vs. 29,0%; p > 0,99), blaSHV (88,9% vs. 71,0%; p = 0,11), blaOXA-1 (22,2% vs. 12,9%; p = 0,49) e blaCTX-M (37% vs. 14,3%; p = 0,07). blaKPC (7,4%; p = 0,19) e blaNDM (3,7%; p = 0,44) só foram detectados em isolados de ICS-AC. Embora em menor proporção, K. pneumoniae de ICS-AC foram mais resistentes às cefalosporinas que isolados de ITU-AC, incluindo maior taxa de MDR. Destaca-se que a resistência a carbapenêmicos só foi encontrada em casos de ICS-AC. Há um potencial para o perfil de resistência destes isolados se disseminar mais ainda na comunidade, visto que são carreados por plasmídeos. Infecção de corrente sanguínea Infecção do trato urinário Infecções comunitárias Resistência aos antimicrobianos Bactérias MDR