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Abstract
No conjunto do Brasil existem diversas santas que são o objeto de um culto popular chamado de santas prostitutas. Todas eram jovens e belas mulheres de vida fácil que conheceram um fim trágico. Vítima de um crime passional, na Porto Alegre do século XIX, Maria Francelina Trenes, jovem prostituta, foi brutalmente assassinada pelo seu amante nos seus vinte e poucos anos. Se de um lado o homicídio aconteceu realmente, de outro ele aparece só a partir de representações. Esse testemunho é uma construção, narrando de modo dramático e espetacular os fatos. Nas palavras de Jean-Bruno Renard: “(...) o fait divers é uma legendificação do real e a lenda é um fait divers imaginário”. (RENARD, 2002). A lenda de Maria Degolada vai tornar-se o eco popular desse fait divers. Propomos discutir o papel póstumo dessa mulher assassinada, e analisar como, a partir de sua morte trágica, a palavra coletiva vai elaborar uma hagiografia transformando uma prostituta em santa.