{"title":"A vontade de potência e o pactário: querelas entre a filosofia de Nietzsche e Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa","authors":"V. Pereira","doi":"10.5335/rdes.v19i3.15148","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este ensaio faz uma aproximação entre a filosofia de Friedrich Nietzsche, especialmente o conceito de “vontade de potência” (Wille zur Macht) e o drama fáustico que ressoa no discurso de Riobaldo, narrador-protagonista de Grande sertão: veredas (2001 [1956]), de Guimarães Rosa. Em nossa hipótese, há um diálogo interessante entre filosofia e literatura na medida em que o arquétipo do sujeito pactário se apresenta como afirmação da vontade individual, disposto à transvaloração dos valores morais instituídos. Todavia, enquanto para o filósofo alemão a “vontade de potência” apontaria para uma radical demolição do sagrado e do divino, para o narrador rosiano o viés místico ainda se apresentaria como possibilidade de sentido a transcender a experiência humana imediata. Nessa direção, entendemos ser fundamental avançar em uma leitura social e histórica do texto filosófico e literário, observando correspondências e divergências quanto a seus aspectos ideológicos e utópicos.","PeriodicalId":471904,"journal":{"name":"Revista Desenredo","volume":"10 7","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2024-04-16","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Desenredo","FirstCategoryId":"0","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5335/rdes.v19i3.15148","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Este ensaio faz uma aproximação entre a filosofia de Friedrich Nietzsche, especialmente o conceito de “vontade de potência” (Wille zur Macht) e o drama fáustico que ressoa no discurso de Riobaldo, narrador-protagonista de Grande sertão: veredas (2001 [1956]), de Guimarães Rosa. Em nossa hipótese, há um diálogo interessante entre filosofia e literatura na medida em que o arquétipo do sujeito pactário se apresenta como afirmação da vontade individual, disposto à transvaloração dos valores morais instituídos. Todavia, enquanto para o filósofo alemão a “vontade de potência” apontaria para uma radical demolição do sagrado e do divino, para o narrador rosiano o viés místico ainda se apresentaria como possibilidade de sentido a transcender a experiência humana imediata. Nessa direção, entendemos ser fundamental avançar em uma leitura social e histórica do texto filosófico e literário, observando correspondências e divergências quanto a seus aspectos ideológicos e utópicos.