Renê Mariano de Almeida, Roberto Paulo Correia de Araújo
{"title":"Influência da pandemia de COVID-19 na apresentação da apendicite aguda e nos resultados cirúrgicos em hospital público de Salvador, Bahia","authors":"Renê Mariano de Almeida, Roberto Paulo Correia de Araújo","doi":"10.9771/cmbio.v23i1.60423","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Introdução: nos primeiros meses da pandemia de COVID-19, os pacientes com apendicite aguda (AA) encontraram o sistema de saúde sobrecarregado, pressionado por adaptações, que poderiam comprometer os resultados do tratamento cirúrgico. Por exemplo, a admissão hospitalar de pacientes com maior tempo de evolução da doença e maior uso das apendicectomias abertas. Objetivo; comparar a frequência, a gravidade e os resultados das apendicectomias laparoscópica e aberta em hospital público de referência na cidade de Salvador, estado da Bahia, do período transpandemia de COVID-19 com o período de pré-pandemia. Metodologia: estudo retrospectivo com duas séries de pacientes submetidos à apendicectomia no Hospital Municipal de Salvador (HMS), entre 1º de março de 2019 e 28 de fevereiro de 2020 (pré-pandemia) e de 1º de março de 2020 até 28 de feverreiro de 2021 (primeiro ano transpandemia). A análise incluiu o tempo de evolução de sintomas, a classificação da AA por gravidade assim como os tipos de intervenções e os desfechos. Resultados: foram analisados os dados de 882 pacientes de apendicectomias por AA no HMS: 470 casos no ano anterior (pré-pandemia) e 412 na transpandemia. Do total, 490 (55,6%) apendicectomias laparoscópicas e 392 (44,4%) apendicectomias abertas: na pré-pandemia, foram 307 (65,3%) apendicectomias laparoscópicas, outras 20 (6,0%) convertidas, completando 163 (34,7%) apendicectomias abertas. No primeiro ano transpandemia, foram realizadas 185 (44,9%) apendicectomias laparoscópicas, outras 10 (5,1%) convertidas, compreendendo 227 (55,1%) apendicectomias abertas. As taxas de complicações pós-operatórias foram 38,5% com a cirurgia aberta e 15,7% com a cirurgia laparoscópica. As reoperações foram mais frequentes na cirurgia aberta (11,0% contra 5,5%), como também a mortalidade operatória (2,1% contra 0,4%). A permanência hospitalar foi maior nos casos de apendicectomia aberta, especialmente em idosos e crianças. Conclusão: O impacto da pandemia de COVID-19 produziu mudanças significativas no tempo de evolução de sintomas e no tratamento cirúrgico da AA e estiveram relacionadas com maiores gravidade, taxas de reoperações, tempos de permanência hospitalar e complicações pós-operatórias, relacionadas com o aumento do número de apendicectomias abertas.\n ","PeriodicalId":21339,"journal":{"name":"Revista de Ciências Médicas e Biológicas","volume":"11 2","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2024-06-04","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista de Ciências Médicas e Biológicas","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.9771/cmbio.v23i1.60423","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Introdução: nos primeiros meses da pandemia de COVID-19, os pacientes com apendicite aguda (AA) encontraram o sistema de saúde sobrecarregado, pressionado por adaptações, que poderiam comprometer os resultados do tratamento cirúrgico. Por exemplo, a admissão hospitalar de pacientes com maior tempo de evolução da doença e maior uso das apendicectomias abertas. Objetivo; comparar a frequência, a gravidade e os resultados das apendicectomias laparoscópica e aberta em hospital público de referência na cidade de Salvador, estado da Bahia, do período transpandemia de COVID-19 com o período de pré-pandemia. Metodologia: estudo retrospectivo com duas séries de pacientes submetidos à apendicectomia no Hospital Municipal de Salvador (HMS), entre 1º de março de 2019 e 28 de fevereiro de 2020 (pré-pandemia) e de 1º de março de 2020 até 28 de feverreiro de 2021 (primeiro ano transpandemia). A análise incluiu o tempo de evolução de sintomas, a classificação da AA por gravidade assim como os tipos de intervenções e os desfechos. Resultados: foram analisados os dados de 882 pacientes de apendicectomias por AA no HMS: 470 casos no ano anterior (pré-pandemia) e 412 na transpandemia. Do total, 490 (55,6%) apendicectomias laparoscópicas e 392 (44,4%) apendicectomias abertas: na pré-pandemia, foram 307 (65,3%) apendicectomias laparoscópicas, outras 20 (6,0%) convertidas, completando 163 (34,7%) apendicectomias abertas. No primeiro ano transpandemia, foram realizadas 185 (44,9%) apendicectomias laparoscópicas, outras 10 (5,1%) convertidas, compreendendo 227 (55,1%) apendicectomias abertas. As taxas de complicações pós-operatórias foram 38,5% com a cirurgia aberta e 15,7% com a cirurgia laparoscópica. As reoperações foram mais frequentes na cirurgia aberta (11,0% contra 5,5%), como também a mortalidade operatória (2,1% contra 0,4%). A permanência hospitalar foi maior nos casos de apendicectomia aberta, especialmente em idosos e crianças. Conclusão: O impacto da pandemia de COVID-19 produziu mudanças significativas no tempo de evolução de sintomas e no tratamento cirúrgico da AA e estiveram relacionadas com maiores gravidade, taxas de reoperações, tempos de permanência hospitalar e complicações pós-operatórias, relacionadas com o aumento do número de apendicectomias abertas.