AUMENTO DE INFECÇÕES HOSPITALARES E MULTIRRESISTÊNCIA EM UM HOSPITAL TERCIÁRIO DO CENTRO-OESTE DO BRASIL DURANTE OS ANOS PRÉ E PÓS-PANDEMIA DE COVID-19 (2019-2021)
Moara Alves Santa Bárbara Borges , Dulcelene Sousa Melo , Ângela Cristina Bueno Vieira , Pamella Wander Rosa , Valéria Borges Domingues Batista , Paulo Sérgio Sucasas Da Costa
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Abstract
Introdução
Durante a pandemia de Covid-19, foi relatado um aumento significativo nas taxas de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS), com maior importância nas infecções da corrente sanguínea (ICS) e pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV). A resistência antimicrobiana aumentou também após pandemia, de forma acentuada especialmente em ambiente de terapia intensiva.
Objetivo
Comparar as taxas de IRAS globais e por local e taxas de utilização de dispositivos entre os períodos pré e pós-pandêmicos em um hospital terciário no Centro-Oeste do Brasil.
Metodologia
Estudo transversal.
Resultados
Em 2019, o hospital tinha duas unidades de terapia intensiva (UTI), uma clínica (1) e uma cirúrgica (2). A unidade clínica (1) tinha um número menor de IRAS, um tempo de permanência maior e uma taxa mais alta de uso de dispositivo respiratório. A partir de março de 2020, a Unidade 2 passou a ser dedicada a pacientes com suspeita ou confirmação de infecção por SARS-CoV-2. De 2019 a 2021, houve um aumento significativo no número de pacientes/dia (4.750 × 15.795), no total de IRAS (43 × 159), na taxa de IRAS por saída (4,6 × 8,4) e na taxa de infecção da corrente sanguínea associada à cateter vascular (ICS) por 1000 cateteres/dia (1,28 × 7,0). Comparando a UTI não-Covid com a UTI Covid, houve uma taxa significativamente maior de IRAS global (4,5 × 10,1) e por pacientes em risco (4,0 × 7,0), taxas mais altas de ICS (2,8 × 7,8) e internações mais longas (7,6 × 10,1), p < 0,05. A taxa de ICS teve um aumento acentuado nos dois primeiros anos da pandemia, com maior prevalência de Staphylococcus coagulase-negativo, S. aureus, Klebsiella spp e Candida spp. A prevalência de amostras positivas para germes multidroga resistentes (MDR) em UTI era de 33,7% em 2019 e aumentou 16,3% em 2021 (40,3%). Os principais microrganismos MDR foram Pseudomonas e Acinetobacter resistentes a carbapenêmicos, Klebsiella produtora de carbapenemase e S. aureus resistente à meticilina.
Conclusões
Este estudo confirma que, no Centro-Oeste do Brasil, a pandemia de Covid-19 também impactou a prevalência de IRAS em UTIs dedicadas à COVID, com um risco especial de ICS e maior multirresistência. As IRAS e a multirresistência são problemas relevantes a serem enfrentados em todo o mundo nos próximos anos, e a prevenção e o controle de infecções, a otimização dos processos de linha de cuidados e a administração racional de antimicrobianos devem ser reforçados, especialmente em ambiente de UTI.
期刊介绍:
The Brazilian Journal of Infectious Diseases is the official publication of the Brazilian Society of Infectious Diseases (SBI). It aims to publish relevant articles in the broadest sense on all aspects of microbiology, infectious diseases and immune response to infectious agents.
The BJID is a bimonthly publication and one of the most influential journals in its field in Brazil and Latin America with a high impact factor, since its inception it has garnered a growing share of the publishing market.