Natalia Chilinque Zambao da Silva, Bianca Balzano de La Fuente Villar Zimmermann, Carolini Erler Barbosa, Maria Paula Silva Bernardes, Julia Felix Filgueiras Lima, Silvia Marina de Amorim Figueira, Clara da Costa Marrucho, Patricia Yvonne Maciel Pinheiro
{"title":"APRENDIZADOS E DIFICULDADES NO MANEJO DE UM SURTO DE COQUELUCHE EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO RIO DE JANEIRO: RELATO DE EXPERIÊNCIA","authors":"Natalia Chilinque Zambao da Silva, Bianca Balzano de La Fuente Villar Zimmermann, Carolini Erler Barbosa, Maria Paula Silva Bernardes, Julia Felix Filgueiras Lima, Silvia Marina de Amorim Figueira, Clara da Costa Marrucho, Patricia Yvonne Maciel Pinheiro","doi":"10.1016/j.bjid.2024.104403","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"<div><h3>Introdução</h3><div>A coqueluche é uma doença infecciosa, imunoprevenível, altamente contagiosa, de notificação compulsória, causada pelo cocobacilo Gram-negativo Bordetella pertussis. A transmissão ocorre por gotículas de secreção da orofaringe. Embora esteja relacionada a maiores complicações em lactentes, acomete qualquer faixa etária, inclusive adultos e jovens. De 2021 a 2024, 4.777 casos foram confirmados no Brasil, com 23 óbitos em 2023. O cenário de baixas coberturas vacinais alerta para possível aumento de casos em território nacional e necessidade de construção de rápida resposta de saúde pública. Sob essa perspectiva, o presente trabalho objetiva descrever ações iniciais conduzidas e desafios de surto de coqueluche em um hospital universitário do Rio de Janeiro.</div></div><div><h3>Relato de experiência</h3><div>No dia 25 de maio de 2024 o serviço de doenças infecciosas e parasitárias tomou ciência de um caso positivo de coqueluche em uma docente do curso de medicina. Foi feita investigação da história pregressa do quadro clínico e com pesquisa de contactantes. O caso índice teve início de sintomas no dia 20/04/2024 com tosse, episódios de paroxismo à noite, seguidos de vômitos. Mesmo com quadro de tosse prolongada, a coqueluche não foi cogitada pela equipe médica consultada. Assim, a docente realizou a testagem em sistema particular por conta própria, em 10/05/2024, cujo resultado foi positivo em 20/05/2024. Baseado nas recomendações do Ministério da Saúde, elaborou-se documento norteador para a comunidade acadêmica com intuito de difundir informes epidemiológicos e de solicitar que casos suspeitos fossem notificados ao departamento responsável. Dos 6 alunos classificados como contactantes íntimos e prolongados, 1 apresentava sintomatologia suspeita e encaminhada para realização de PCR e iniciado tratamento, 1 respondeu a convocação e foi instituída profilaxia, 2 responderam o e-mail do alerta do surto e negaram fornecer informações a respeito do status vacinal e necessidade de profilaxia e 2 não responderam ao alerta.</div></div><div><h3>Comentários</h3><div>Evidencia-se que os desafios enfrentados para o manejo desta doença permeiam diversas esferas: a não consideração como diagnóstico diferencial de tosse crônica, inadequação do esquema vacinal dos profissionais da saúde, falta de consciência coletiva entre alunos da área da saúde e descaso com orientações em surtos da doença. Urge maior difusão do conhecimento acerca da doença e da necessidade de vacinação principalmente em servidores da saúde.</div></div><div><h3>Palavras-chave</h3><div>Coqueluche, Surto, Saúde Pública.</div></div><div><h3>Conflitos de interesse</h3><div>Não se aplica.</div></div><div><h3>Ética e financiamentos: Conflitos de interesse</h3><div>Os autores declaram que não existem conflitos de interesse relacionados ao trabalho. Comprometem-se a agir de maneira ética e transparente.</div></div><div><h3>Ética e financiamentos</h3><div>Os autores declaram que este trabalho não recebeu financiamento de nenhuma instituição, agência ou patrocinador.</div></div>","PeriodicalId":56327,"journal":{"name":"Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"28 ","pages":"Article 104403"},"PeriodicalIF":3.0000,"publicationDate":"2024-11-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Brazilian Journal of Infectious Diseases","FirstCategoryId":"3","ListUrlMain":"https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S141386702400686X","RegionNum":4,"RegionCategory":"医学","ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"Q2","JCRName":"INFECTIOUS DISEASES","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Introdução
A coqueluche é uma doença infecciosa, imunoprevenível, altamente contagiosa, de notificação compulsória, causada pelo cocobacilo Gram-negativo Bordetella pertussis. A transmissão ocorre por gotículas de secreção da orofaringe. Embora esteja relacionada a maiores complicações em lactentes, acomete qualquer faixa etária, inclusive adultos e jovens. De 2021 a 2024, 4.777 casos foram confirmados no Brasil, com 23 óbitos em 2023. O cenário de baixas coberturas vacinais alerta para possível aumento de casos em território nacional e necessidade de construção de rápida resposta de saúde pública. Sob essa perspectiva, o presente trabalho objetiva descrever ações iniciais conduzidas e desafios de surto de coqueluche em um hospital universitário do Rio de Janeiro.
Relato de experiência
No dia 25 de maio de 2024 o serviço de doenças infecciosas e parasitárias tomou ciência de um caso positivo de coqueluche em uma docente do curso de medicina. Foi feita investigação da história pregressa do quadro clínico e com pesquisa de contactantes. O caso índice teve início de sintomas no dia 20/04/2024 com tosse, episódios de paroxismo à noite, seguidos de vômitos. Mesmo com quadro de tosse prolongada, a coqueluche não foi cogitada pela equipe médica consultada. Assim, a docente realizou a testagem em sistema particular por conta própria, em 10/05/2024, cujo resultado foi positivo em 20/05/2024. Baseado nas recomendações do Ministério da Saúde, elaborou-se documento norteador para a comunidade acadêmica com intuito de difundir informes epidemiológicos e de solicitar que casos suspeitos fossem notificados ao departamento responsável. Dos 6 alunos classificados como contactantes íntimos e prolongados, 1 apresentava sintomatologia suspeita e encaminhada para realização de PCR e iniciado tratamento, 1 respondeu a convocação e foi instituída profilaxia, 2 responderam o e-mail do alerta do surto e negaram fornecer informações a respeito do status vacinal e necessidade de profilaxia e 2 não responderam ao alerta.
Comentários
Evidencia-se que os desafios enfrentados para o manejo desta doença permeiam diversas esferas: a não consideração como diagnóstico diferencial de tosse crônica, inadequação do esquema vacinal dos profissionais da saúde, falta de consciência coletiva entre alunos da área da saúde e descaso com orientações em surtos da doença. Urge maior difusão do conhecimento acerca da doença e da necessidade de vacinação principalmente em servidores da saúde.
Palavras-chave
Coqueluche, Surto, Saúde Pública.
Conflitos de interesse
Não se aplica.
Ética e financiamentos: Conflitos de interesse
Os autores declaram que não existem conflitos de interesse relacionados ao trabalho. Comprometem-se a agir de maneira ética e transparente.
Ética e financiamentos
Os autores declaram que este trabalho não recebeu financiamento de nenhuma instituição, agência ou patrocinador.
期刊介绍:
The Brazilian Journal of Infectious Diseases is the official publication of the Brazilian Society of Infectious Diseases (SBI). It aims to publish relevant articles in the broadest sense on all aspects of microbiology, infectious diseases and immune response to infectious agents.
The BJID is a bimonthly publication and one of the most influential journals in its field in Brazil and Latin America with a high impact factor, since its inception it has garnered a growing share of the publishing market.