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Abstract
Este artigo pretende analisar o peso do racismo à brasileira, utilizando os termos de Munanga (2017) ao apontar que é um crime perfeito, pois apesar da negação de se assumir racista, seus efeitos são reais e evidentes; analisam-se as repercussões espaciais do racismo que não se assume como determinante das profundas desigualdades sociais presentes no país, deixando ao mercado de terras e habitações a regulação do acesso ao ambiente construído adequado. Resultam disso territórios da precariedade, expulsão e nomadismo urbano, em processos de relegação e social e racial. As chamadas periferias, em sua heterogeneidade, têm merecido um olhar contemporâneo e cuidadoso na apreensão das relações de alteridade do cotidiano multifacetado da vida urbana, na territorialidade possível, nos deslocamentos pendulares ou esporádicos, na busca do trabalho, cultura e reconhecimento de sua cidadania, no sofrimento ético-político dos sujeitos que habitam tais regiões.