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Abstract
O texto pretende analisar o impacto da escravidão colonial no Brasil para as relações sociais nos dias de hoje. O objetivo do texto é refletir porque no Brasil, ao contrário do que ocorreu, por exemplo, na Alemanha após o regime nazista, não ter sido fomentado um sentimento de vergonha, que levasse a culpa e reparação pelo genocídio da população indígena e negra. Minha hipótese é a de que a naturalização e a normalização desses fatos contribuem para a permanência da colonialidade do poder, isto é, de uma distribuição desigual do poder baseada em uma hierarquia entre as raças, e seus efeitos, os racismos estrutural, institucional e cotidiano no Brasil. O/a brasileiro/a tem a ‘branquitude’ como meta e despreza suas origens não europeias. Essa colonização do imaginário conduz a nossa subordinação intelectual e política. Enquanto a população não for capaz de enfrentar o trauma do escravismo, e entender que precisa exigir das autoridades políticas e elites econômicas reparação pelos danos e sofrimentos causados, continuaremos seguindo um ethos colonial, reproduzindo padrões sociais raciais eurocêntricos.