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Abstract
Este trabalho apresenta resultados de uma pesquisa que teve como foco a análise da variação linguística que caracteriza a interferência de uma língua de imigração na fala em português. Trata-se da interferência dos dialetos italianos, sobretudo o vêneto (também chamado de talian, em cenário brasileiro) e se evidencia especialmente por um fenômeno de variação fonológica, com a produção de tepe em contextos de vibrante múltipla, levando à produção de “caro” quando o esperado seria “carro”. Partindo de estudos anteriores sobre o tema, delimitou-se a análise a um grupo de 20 falantes jovens, sendo eles estudantes de anos finais do ensino fundamental (idade entre 12 e 16 anos, no período de desenvolvimento da pesquisa). Como base teórica, seguimos os preceitos da Teoria da Variação, também chamada de Sociolinguística Quantitativa. Os resultados da pesquisa, com a análise quantitativa dos dados linguísticos, por meio do programa estatístico VARBRUL (PINTZUK, 1988), mostraram uma acentuada variação na fala dos estudantes, que produziram tepe em 76% dos contextos de vibrante múltipla tanto em início de palavra, como em “Roma”, quanto em posição intervocálica de vibrante múltipla, como em “terra”. Os dados evidenciam a manutenção desse fenômeno em variação, já identificado em pesquisas desenvolvidas a partir dos anos de 1980, mesmo se tratando de sujeitos jovens, a maior parte deles não-detentora da língua de origem do seu grupo étnico.