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Abstract
Camara Jr. (1986, p. 34) afirma que, em matéria de linguagem, o que os gregos e os romanos disseram passou por um crivo crítico em face do que sugeria a leitura do sânscrito. Malberg (1974, p. 25) afirma que foi somente pela comparação do sânscrito que a teoria sobre o parentesco e a unidade de origem das línguas indo-europeias recebeu bases sólidas e foi, enfim, considerada definitivamente estabelecida. Pouca atenção foi dada aos documentos deste processo histórico, ou seja, às primeiras gramáticas europeias do sânscrito, bem como às redes de pesquisadores a elas associadas, o que justifica nossa incursão nesses textos na consideração do horizonte de retrospecção da Linguística do século XIX. Apoiamo-nos no externalismo de Sylvain Auroux, entendido como uma filosofia que defende o caráter originalmente artificial e externo da inteligência humana, sobretudo em sua proposta de que o conhecimento é um processo ao mesmo tempo material, social e coletivo, nunca limitado, encerrado, preservado ou produzido por competências individuais que dizem respeito apenas a momentos e fragmentos (AUROUX, 1998). Para conhecer, o indivíduo precisa ter acesso à maquinaria da inteligência; em ciências da linguagem temos, assim, as gramáticas e dicionários. Entendemos igualmente que a História das Ciências é parte da epistemologia, sua parte descritiva, por oposição a sua parte normativa (AUROUX, 1986). Adotamos a perspectiva da História das Ideias Linguísticas (COLOMBAT, FOURNIER, PUECH, 2017; LEITE, 2019) para analisar a representação da linguística hindu em alguns dos primeiros tratamentos do sânscrito por estudiosos europeus.