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Abstract
Problematizações surgem de maneira a questionar as metodologias de ensino de língua (em análise linguística, literatura, leitura e produção textual) na educação básica. Diversas obras têm sido elaboradas e lançadas de forma a tentar atualizar os debates sobre o papel e a possibilidade de o trabalho de leitura de literatura em língua portuguesa. No entanto, ainda assim, uma lacuna parece continuar se inscrever a respeito do investimento em trabalhos que articulem teorias literárias (narratologia, por exemplo), teorias pedagógicas e teorias discursivas. Como resultado, importantes referências têm sido lançadas, mas ainda reforçando relações jurídicas, econômicas e do político que conduzem professores (formadores de leitores de literatura) e alunos (leitores de literatura em formação) a identificações cujos funcionamentos precisam ser compreendidos como estratégia de se debater a permanência do autoritarismo e do liberalismo em práticas de leitura de literatura na educação básica. A partir disso, recorremos a alguns conceitos fundamentais da análise de discurso desenvolvida por Michel Pêcheux e Eni Orlandi – como interpretação, compreensão, leitura, autoria e sujeito – e a algumas reflexões de Dermeval Saviani sobre a historicidade da formação de professores e de uma Pedagogia Histórico-Crítica no Brasil. Com essa base, pretendemos sustentar um gesto de leitura sobre Letramento literário (2006), de Rildo Cosson, uma referência recorrente em cursos de formação de professores de literatura no Brasil. A partir da análise discursiva de algumas sequências recortadas da mencionada obra, objetivamos compreender o funcionamento de enunciados que, contraditoriamente, acabam corroborando relações jurídicas, econômicas e do político da língua que merecem ser consideradas no trabalho de construção de leitura (e no reconhecimento de sua divisão social) enquanto paráfrases do autoritarismo, do produtivismo e da exclusão de algumas posições de sujeito na formação social (travestidos pela metáfora da “liberdade de leitura”, “liberdade do leitor” pelo letramento).