Nós somos metade gente, outra de caranguejo: a dinâmica sócio-espacial da pesca do caranguejo (Ucides cordatus) no maretório da RESEX Marinha Caeté-Taperaçu, Bragança/PA
Josinaldo Reis do Nascimento, Arthur Boscariol da Silva, Patrick Heleno dos Santos Passos
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Abstract
A produtividade pesqueira do litoral da Amazônia está diretamente relacionada à dinâmica das florestas de mangue. Nesses maretórios, a cadeia produtiva do caranguejo (U. cordatus) tem grande relevância socioeconômica. O objetivo deste artigo é realizar uma análise da dinâmica sócio-espacial da cadeia produtiva do caranguejo no maretório da RESEX Marinha Caeté-Taperaçu, Bragança/PA. Entre maio e junho de 2017, e em outubro de 2018, entrevistamos 100 pescadores tiradores de caranguejo que atuam diariamente nos mangues circunvizinhos à rodovia PA-458, e uma amostra de 20% destes foram novamente ouvidos em julho de 2021 com o intuito de atualizar os dados econômicos. Nas últimas décadas, a captura de caranguejo evoluiu de uma atividade meramente esporádica e de autoconsumo para uma complexa cadeia produtiva. A intensificação do beneficiamento da carne do crustáceo, que vem inserindo cada vez mais as mulheres no processo produtivo, tem aumentado os esforços de pesca gerando uma captura por unidade de esforço (CPUE) média de 152 unidades/pescador/dia. Os agentes intermediários envolvidos na cadeia têm contribuído para a perda de independência e autonomia dos pescadores, que atrelados a eles não escolhem para quem e com quem comercializar os resultados das pescarias, aumentando a complexidade das relações de trabalho.
Palavras-chave: Maretório. Dinâmica sócio-espacial. Cadeia produtiva do caranguejo U. cordatus. Caeté-Taperaçu.