{"title":"“Um James Bond subdesenvolvido” e uma “Cabeça Retangular”: estética desigual e combinada em Pepetela e Mabanckou","authors":"Sharae Deckard","doi":"10.11606/va.i40.173463","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este artigo constitui um estudo de caso de comparativismo literário-mundial considerando duas obras de ficção contemporâneas da semiperiferia, African Psycho [Psicopata Africano] (2003) do congolês Alain Mabanckou e Jaime Bunda, Agente Secreto (2001) do angolano Pepetela, os quais empregam narradores \"imperfeitos\" com corpos comicamente exagerados cujas assimetrias físicas empregam uma semiótica somática que incorpora satiricamente os afetos e habitus corporais associados ao desenvolvimento desigual, com assimetrias correspondentes no enredo, narração e forma. Ambos os textos se apropriam e reinventam autoconscientemente dispositivos narratológicos anteriores de escritores das periferias, incluindo Machado e Dostoiévski. Essas inovações narratológicas são soldadas a uma estética desigual que combina elementos dos gêneros ficção policial, detetive e de suspense. Eu proponho que o \"narrador falho\" proeminente nas obras de Pepetela e Mabanckou pode ser interpretado como um dispositivo formal que intermedia as pressões sociais do desenvolvimento desigual em vários contextos sócio-temporais, e compararei seu uso contemporâneo nesses dois contextos diversos de nações pós-coloniais africanas à luz de localizações de produção literária semiperiféricas anteriores, considerando Luanda de Pepetela e Brazavile de Mabanckou em referência a São Petersburgo de Dostoiévski, Praga-Boskovice de Herman Ungar e Rio de Janeiro de Machado.","PeriodicalId":55911,"journal":{"name":"Via Atlantica","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.1000,"publicationDate":"2021-12-06","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Via Atlantica","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.11606/va.i40.173463","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"0","JCRName":"HUMANITIES, MULTIDISCIPLINARY","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Este artigo constitui um estudo de caso de comparativismo literário-mundial considerando duas obras de ficção contemporâneas da semiperiferia, African Psycho [Psicopata Africano] (2003) do congolês Alain Mabanckou e Jaime Bunda, Agente Secreto (2001) do angolano Pepetela, os quais empregam narradores "imperfeitos" com corpos comicamente exagerados cujas assimetrias físicas empregam uma semiótica somática que incorpora satiricamente os afetos e habitus corporais associados ao desenvolvimento desigual, com assimetrias correspondentes no enredo, narração e forma. Ambos os textos se apropriam e reinventam autoconscientemente dispositivos narratológicos anteriores de escritores das periferias, incluindo Machado e Dostoiévski. Essas inovações narratológicas são soldadas a uma estética desigual que combina elementos dos gêneros ficção policial, detetive e de suspense. Eu proponho que o "narrador falho" proeminente nas obras de Pepetela e Mabanckou pode ser interpretado como um dispositivo formal que intermedia as pressões sociais do desenvolvimento desigual em vários contextos sócio-temporais, e compararei seu uso contemporâneo nesses dois contextos diversos de nações pós-coloniais africanas à luz de localizações de produção literária semiperiféricas anteriores, considerando Luanda de Pepetela e Brazavile de Mabanckou em referência a São Petersburgo de Dostoiévski, Praga-Boskovice de Herman Ungar e Rio de Janeiro de Machado.