{"title":"Fernando Peixoto Traduz Turguêniev: noções fundamentais para uma estética marxista","authors":"Paulo Ricardo Berton","doi":"10.22456/2236-3254.122518","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Em 1965, um ano após o golpe de estado que instaurou uma ditadura militar no Brasil, um dos grupos teatrais mais resistentes ao regime recém-estabelecido, o Oficina, resolve traduzir um autor dramático russo do século XIX que definitivamente não se enquadra na categoria de escritor revolucionário, mesmo tendo sido detido após o discurso proferido no funeral de Gógol em 1852, ter se posicionado contra a servidão e sofrido a censura czarista em algumas das suas obras. Ivan Turguêniev defendia reformas graduais em direção a um estado mais moderno, agnóstico, liberal e europeizado, o que angariou a inimizade de Tolstoi e Dostoievski, escritores contemporâneos a ele. No fundo, era um autor pessimista, cujas ideias apareceram de forma notória na sua novela Pais e Filhos (1862), através de uma personagem niilista, Bazarov. No Oficina, Fernando Peixoto (junto com José Celso Martinez), em meio a traduções de Maxim Gorki, este sim um símbolo da Revolução de Outubro, se debruça na de Um Mês no Campo (1855), acreditando, equivocadamente, estar se afastando de um teatro mais político. Este artigo visa refutar esta opinião de Peixoto, uma vez que o texto dramático de Turguêniev atende rigorosamente aos princípios estéticos defendidos pelos pensadores Karl Marx e Friedrich Engels.","PeriodicalId":52688,"journal":{"name":"Cena","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-05-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Cena","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.22456/2236-3254.122518","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Em 1965, um ano após o golpe de estado que instaurou uma ditadura militar no Brasil, um dos grupos teatrais mais resistentes ao regime recém-estabelecido, o Oficina, resolve traduzir um autor dramático russo do século XIX que definitivamente não se enquadra na categoria de escritor revolucionário, mesmo tendo sido detido após o discurso proferido no funeral de Gógol em 1852, ter se posicionado contra a servidão e sofrido a censura czarista em algumas das suas obras. Ivan Turguêniev defendia reformas graduais em direção a um estado mais moderno, agnóstico, liberal e europeizado, o que angariou a inimizade de Tolstoi e Dostoievski, escritores contemporâneos a ele. No fundo, era um autor pessimista, cujas ideias apareceram de forma notória na sua novela Pais e Filhos (1862), através de uma personagem niilista, Bazarov. No Oficina, Fernando Peixoto (junto com José Celso Martinez), em meio a traduções de Maxim Gorki, este sim um símbolo da Revolução de Outubro, se debruça na de Um Mês no Campo (1855), acreditando, equivocadamente, estar se afastando de um teatro mais político. Este artigo visa refutar esta opinião de Peixoto, uma vez que o texto dramático de Turguêniev atende rigorosamente aos princípios estéticos defendidos pelos pensadores Karl Marx e Friedrich Engels.