{"title":"O ENSINO DO DESENHO EM UMA PERSPECTIVA INCLUSIVA: O FIGURATIVO PARA ALÉM DA VISÃO","authors":"Rivaldo Bevenuto de Oliveira Neto, J. Alves","doi":"10.37334/ERAS.V7I1.126","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"O ensino de Arte em interface com as deficiências, ao longo dos últimos anos, tem sido um tema de interesse crescente em pesquisas no meio acadêmico, sobretudo no que se refere à educação especial, porém ainda apresenta certa escassez no tocante à socialização de estudos que discutam esse ensino na perspectiva da educação inclusiva. Dessa forma, o presente texto constitui-se um recorte de nosso estudo de mestrado, Desenho e deficiência visual: uma experiência no ensino de Artes Visuais na perspectiva da Educação Inclusiva, defendido em 2015, junto ao PPGEd/UFRN, o qual procura contribuir com essa discussão. Esse estudo situa-se no campo do ensino de Artes Visuais, no contexto da inclusão escolar de alunos com deficiência visual, considerando a participação de alunos videntes e não videntes, tendo como referência investigativa a leitura e a produção do desenho. A abordagem metodológica utilizada, de natureza qualitativa, foi a pesquisa-intervenção, à luz dos princípios bakhtinianos do dialogismo e da alteridade, com características de estudo exploratório. O lócus da pesquisa foi uma escola estadual, a qual está localizada no bairro do Alecrim, na Zona Leste do Natal/RN, e mantém proximidade com o Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos – IERC/RN. A turma escolhida para a intervenção foi o 7º ano C do turno vespertino, a qual apresentava um público com idade entre 12 e 16 anos, num total de 27 alunos matriculados, sendo 03 alunos com deficiência: 02 alunas cegas e 01 aluno surdo-cego, com perdas auditivas e visuais leves. No itinerário da pesquisa foram realizadas 10 oficinas com sequências didáticas multissensoriais, articulando as expressões corporal, tátil e gráfica. Nos limites deste artigo, enfocaremos a sessão intitulada objetos do cotidiano, a qual corresponde à primeira oficina ministrada na intervenção realizada, descrevendo e analisando os exercícios de exploração tátil, representação corporal e desenho tátil-visual, os quais foram sistematizados como ações intrínsecas ao processo de produção do desenho no contexto escolar, tendo como referência o desenho figurativo a partir do próprio corpo dos alunos. O processo e os dados construídos na pesquisa provocam uma reflexão acerca das interações entre videntes e não videntes na produção e na análise de desenhos tátil-visuais. Observou-se que a interação entre os pares foi sendo garantida por meio dos intercâmbios verbais, táteis e corporais ocorridos em cada etapa da sequência didática proposta, demonstrando a criatividade dos alunos em suas escolhas, ao realizarem as composições individuais, em dupla e coletivas, envolvendo o corpo e as estimulações sensoriais. Sinalizam, ainda, para a construção de uma abordagem de ensino de desenho no contexto da classe comum, orientada pela multissensorialidade, a partir de oficinas pedagógicas que possibilitem interações artísticas e estéticas na perspectiva da inclusão escolar.","PeriodicalId":40219,"journal":{"name":"Eras","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1000,"publicationDate":"2016-03-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Eras","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.37334/ERAS.V7I1.126","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"0","JCRName":"HUMANITIES, MULTIDISCIPLINARY","Score":null,"Total":0}
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Abstract
O ensino de Arte em interface com as deficiências, ao longo dos últimos anos, tem sido um tema de interesse crescente em pesquisas no meio acadêmico, sobretudo no que se refere à educação especial, porém ainda apresenta certa escassez no tocante à socialização de estudos que discutam esse ensino na perspectiva da educação inclusiva. Dessa forma, o presente texto constitui-se um recorte de nosso estudo de mestrado, Desenho e deficiência visual: uma experiência no ensino de Artes Visuais na perspectiva da Educação Inclusiva, defendido em 2015, junto ao PPGEd/UFRN, o qual procura contribuir com essa discussão. Esse estudo situa-se no campo do ensino de Artes Visuais, no contexto da inclusão escolar de alunos com deficiência visual, considerando a participação de alunos videntes e não videntes, tendo como referência investigativa a leitura e a produção do desenho. A abordagem metodológica utilizada, de natureza qualitativa, foi a pesquisa-intervenção, à luz dos princípios bakhtinianos do dialogismo e da alteridade, com características de estudo exploratório. O lócus da pesquisa foi uma escola estadual, a qual está localizada no bairro do Alecrim, na Zona Leste do Natal/RN, e mantém proximidade com o Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos – IERC/RN. A turma escolhida para a intervenção foi o 7º ano C do turno vespertino, a qual apresentava um público com idade entre 12 e 16 anos, num total de 27 alunos matriculados, sendo 03 alunos com deficiência: 02 alunas cegas e 01 aluno surdo-cego, com perdas auditivas e visuais leves. No itinerário da pesquisa foram realizadas 10 oficinas com sequências didáticas multissensoriais, articulando as expressões corporal, tátil e gráfica. Nos limites deste artigo, enfocaremos a sessão intitulada objetos do cotidiano, a qual corresponde à primeira oficina ministrada na intervenção realizada, descrevendo e analisando os exercícios de exploração tátil, representação corporal e desenho tátil-visual, os quais foram sistematizados como ações intrínsecas ao processo de produção do desenho no contexto escolar, tendo como referência o desenho figurativo a partir do próprio corpo dos alunos. O processo e os dados construídos na pesquisa provocam uma reflexão acerca das interações entre videntes e não videntes na produção e na análise de desenhos tátil-visuais. Observou-se que a interação entre os pares foi sendo garantida por meio dos intercâmbios verbais, táteis e corporais ocorridos em cada etapa da sequência didática proposta, demonstrando a criatividade dos alunos em suas escolhas, ao realizarem as composições individuais, em dupla e coletivas, envolvendo o corpo e as estimulações sensoriais. Sinalizam, ainda, para a construção de uma abordagem de ensino de desenho no contexto da classe comum, orientada pela multissensorialidade, a partir de oficinas pedagógicas que possibilitem interações artísticas e estéticas na perspectiva da inclusão escolar.