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Abstract
Este trabalho apresenta uma leitura do romance Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo, com ênfase no silêncio masculino. A hipótese defendida é que o silêncio do homem de Ponciá, associado à aparição de um arco-íris no céu, reproduz o quadro de sensações em que as memórias da protagonista estavam conservadas. Em suas memórias, Ponciá reencontra o medo, que tinha na infância, de se tornar homem, e, por fim, substitui o medo por um desejo. A explicação é que, para Ponciá, ser homem significa ter o direito de permanecer em silêncio com suas reminiscências. Na ausência de uma testemunha para ouvir seus dolorosos relatos, a melhor opção se torna o silêncio. Entretanto, o silêncio, desejado anteriormente no enredo, é rompido pela própria existência do romance, o qual transforma seus leitores nas testemunhas que faltaram a Ponciá e que a levaram a desejar tanto o silêncio masculino.