{"title":"O caminho para a renovação de um discurso: Carlos Gomes e Maria Tudor no cenário da ópera italiana","authors":"Isaac William Kerr, L. Nogueira, M. Virmond","doi":"10.20504/opus2022.28.11","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Neste artigo propomos uma dupla discussão sobre a estética de Gomes em sua ópera Maria Tudor. Primeiramente, desejamos atualizar as pesquisas musicológicas sobre as novas descobertas da contribuição de Carlos Gomes como artífice privilegiado de um período de profundas transformações pelas quais passou a ópera italiana na segunda metade do século XIX. O sucesso conquistado por Gomes por meio de algumas de suas óperas ainda eclipsa suas maiores contribuições contidas em óperas esquecidas. Em um segundo momento, propomos revisitar Maria Tudor (1879), considerada seu maior fracasso. Se Maria Tudor permanece na história como ópera ultrapassada pelos procedimentos usados em sua época, por outro lado esconde muito das modificações que a geração de Gomes pretendia para o novo formato de ópera. Consideramos necessário retomar os primeiros autores que publicaram sobre o assunto, como Nicolaisen (1980), Kimbell (1991) e Budden (2002), até autores mais recentes, como Faustini (2007) e Baragwanath (2011). Deu-se também atenção à crítica periodista do secondo ottocento nas figuras de Alberto Mazzucato (Gazzetta Musicale di Milano) e Abramo Basevi (La Musica) para uma necessária contextualização do cenário desse período. Conclui-se que Carlos Gomes sacrificava, quando necessário, versos líricos em favor de recitativos e parlanti para sua protagonista, muito embora não lhe faltem belas melodias. O libreto de Maria Tudor oferecia menos oportunidades de declamação do que Gomes de fato buscava para suas cenas dramaticamente mais intensas. Um caminho incontornável para o discurso que culminará na nova ópera à qual Gomes deu contribuição ímpar.","PeriodicalId":42804,"journal":{"name":"Opus","volume":"30 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.1000,"publicationDate":"2022-08-24","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Opus","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.20504/opus2022.28.11","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"0","JCRName":"MUSIC","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Neste artigo propomos uma dupla discussão sobre a estética de Gomes em sua ópera Maria Tudor. Primeiramente, desejamos atualizar as pesquisas musicológicas sobre as novas descobertas da contribuição de Carlos Gomes como artífice privilegiado de um período de profundas transformações pelas quais passou a ópera italiana na segunda metade do século XIX. O sucesso conquistado por Gomes por meio de algumas de suas óperas ainda eclipsa suas maiores contribuições contidas em óperas esquecidas. Em um segundo momento, propomos revisitar Maria Tudor (1879), considerada seu maior fracasso. Se Maria Tudor permanece na história como ópera ultrapassada pelos procedimentos usados em sua época, por outro lado esconde muito das modificações que a geração de Gomes pretendia para o novo formato de ópera. Consideramos necessário retomar os primeiros autores que publicaram sobre o assunto, como Nicolaisen (1980), Kimbell (1991) e Budden (2002), até autores mais recentes, como Faustini (2007) e Baragwanath (2011). Deu-se também atenção à crítica periodista do secondo ottocento nas figuras de Alberto Mazzucato (Gazzetta Musicale di Milano) e Abramo Basevi (La Musica) para uma necessária contextualização do cenário desse período. Conclui-se que Carlos Gomes sacrificava, quando necessário, versos líricos em favor de recitativos e parlanti para sua protagonista, muito embora não lhe faltem belas melodias. O libreto de Maria Tudor oferecia menos oportunidades de declamação do que Gomes de fato buscava para suas cenas dramaticamente mais intensas. Um caminho incontornável para o discurso que culminará na nova ópera à qual Gomes deu contribuição ímpar.
期刊介绍:
Founded in 1989, OPUS is a four-monthly journal with the aim to widely promote musical knowledge by exploring practical, theoretical, historical, political, cultural and/or interdisciplinary aspects of music while fostering innovative technical perspectives. A scientific journal of the Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música [National Association of Music Research and Postgraduate] — ANPPOM — its primary focus is to provide a broad overview of the most representative research on music in Brazil.