{"title":"“O Computador Disse Não” ou O Apagamento do Humano","authors":"Alan Cholodenko","doi":"10.34019/1981-4070.2022.v16.37688","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"A partir do esquete “O Computador Disse Não” da comédia inglesa Pequena Bretanha (2000-2007), do ensaio descontrucionista “Accounterability”, de Peggy Kamuf, do regime disciplinar de Michel Foucault e da invocação de Jean Baudrillard para “esquecer Foucault”, este ensaio elabora o dispositivo do arconte e arquivo “contemporâneo”: o computador, o governador e condutor de tudo, inclusive de todos os indivíduos, discursos, instituições e tecnologias, elaborando o apagamento do computador — seu deletar — não apenas da memória humana (em todos os seus modos, cultural, pessoal, coletivo etc.) em seu arquivo, exceto o próprio humano. Enquanto postula todas as tecnologias como animadoras, portanto reanimadoras, no caso do computador, o último como animador, afirma-o ser ainda mais. Pois o computador é aquela rara tecnologia, não apenas um reanimador global, mas da época, o reanimador hiperanimado da realidade como hiper-realidade, inclusive de memória como hipermemória e tempo como hipertempo, em que o contemporâneo (significando com tempo) é ele mesmo esvaziado. E elucida que Cholodenko chama o “regime da accountability”, no qual o humano é humano na medida em que imita o computador, um mundo cibernético no qual computação, números, regras governam, e a quantidade é a nova qualidade — um mundo de ciborgs, que Cholodenko nomeia realidade “hiperzumbi”, de “morte cerebral” — um mundo no qual, ironicamente, aumenta a quantidade e a indeterminação reina. Enquanto Jaan Tallinn, Stephen Hawking, Elon Musk e outros expressam medo por um futuro de Singularidade de Inteligência Geral Artificial (AGIS), o ensaio delineia um mundo em que essa Singularidade já é uma “realidade”.","PeriodicalId":18053,"journal":{"name":"Lumina","volume":"82 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-04-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Lumina","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.34019/1981-4070.2022.v16.37688","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
Abstract
A partir do esquete “O Computador Disse Não” da comédia inglesa Pequena Bretanha (2000-2007), do ensaio descontrucionista “Accounterability”, de Peggy Kamuf, do regime disciplinar de Michel Foucault e da invocação de Jean Baudrillard para “esquecer Foucault”, este ensaio elabora o dispositivo do arconte e arquivo “contemporâneo”: o computador, o governador e condutor de tudo, inclusive de todos os indivíduos, discursos, instituições e tecnologias, elaborando o apagamento do computador — seu deletar — não apenas da memória humana (em todos os seus modos, cultural, pessoal, coletivo etc.) em seu arquivo, exceto o próprio humano. Enquanto postula todas as tecnologias como animadoras, portanto reanimadoras, no caso do computador, o último como animador, afirma-o ser ainda mais. Pois o computador é aquela rara tecnologia, não apenas um reanimador global, mas da época, o reanimador hiperanimado da realidade como hiper-realidade, inclusive de memória como hipermemória e tempo como hipertempo, em que o contemporâneo (significando com tempo) é ele mesmo esvaziado. E elucida que Cholodenko chama o “regime da accountability”, no qual o humano é humano na medida em que imita o computador, um mundo cibernético no qual computação, números, regras governam, e a quantidade é a nova qualidade — um mundo de ciborgs, que Cholodenko nomeia realidade “hiperzumbi”, de “morte cerebral” — um mundo no qual, ironicamente, aumenta a quantidade e a indeterminação reina. Enquanto Jaan Tallinn, Stephen Hawking, Elon Musk e outros expressam medo por um futuro de Singularidade de Inteligência Geral Artificial (AGIS), o ensaio delineia um mundo em que essa Singularidade já é uma “realidade”.