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Abstract
Este artigo explora uma das questões que, embora de maneira discreta, engendra e motiva muitos aspectos da leitura proposta por Heidegger em Ser e Tempo a respeito do fenômeno humano tomado da vida cotidiana, isto é, o Dasein. Embora não se pretenda uma leitura completamente autoral do tema, há na exploração praticada certo ineditismo. Em suma, procura-se ler a questão do silêncio em suas diferentes modulações, isto é, nos diferentes acentos por meio dos quais o filósofo alemão quis tocá-la em sua obra de maior representatividade da primeira fase. Para isso, a abordagem concentra-se ao redor dos dois principais parágrafos a partir dos quais eclode a discussão sobre o silêncio, como segue: o § 34, que tematiza a linguagem como modo de ser do ser humano, e o § 60, que dá visibilidade ao problema da consciência como forma de restauração a uma vida autêntica. No fim das contas é possível perceber alguma relação entre os dois momentos, constituindo, talvez, justamente o que se apresenta como objetivo central do artigo: dispor sobre o caráter catalizador e articulador do problema do silêncio para a compreensão dos modos de ser da condição humana segundo Heidegger. Principiado como interpretação do pensamento heideggeriano, o texto ganha momentos de maior liberdade intuitiva e, quiçá, contribuição ao momento presente do pensamento e da reflexão filosófica.