Andrea De Freitas Rocha Loures, Maria Cecilia Barreto Amorim Pilla
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Abstract
As manifestações artísticas fornecem fôlego para a sociedade reagir a possíveis violações de direitos humanos, em especial ao de expressão, em uma sociedade hierarquizada e normatizada por sistemas de poder, que no presente artigo se relacionam à biopolítica conceituada por Michel Foucault. Entendemos que a existência de micropoderes no âmbito cultural, que controlam, normatizam e hierarquizam a arte, propiciam mecanismos de censura, repressão e cerceamento da liberdade de expressão que podem impedir o acesso democrático e constitucional à cultura. O controle cultural exercido pela biopolítica em uma sociedade pode ser identificado na higienização das manifestações artísticas, na estigmatização da figura do artista pelo preconceito e na crescente desvalorização da arte por esferas políticas e institucionais. No contexto brasileiro, as relações entre arte e poder expressam características da perpetuação de uma matriz colonial, a qual permite que micropoderes desarticulem as políticas públicas culturais voltadas para manifestações artísticas baseadas na diversidade. Com base nessa premissa, o presente artigo tem como principal objetivo analisar em que medida podemos considerar o grafite como uma tomada estética de territórios e ao mesmo tempo uma invasão simbólica de espaços que não estão disponíveis a todos.