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Abstract
Apesar da evolução nos direitos e lugar das mulheres na sociedade atual, não se encontram ainda exemplos de expressões na linguagem popular que contrariem a recolha de provérbios. A linguagem é um veículo fundamental na transmissão de ideias e valores da sociedade. Neste trabalho pretende-se analisar as questões de (des)igualdade de género perpetuadas na linguagem proverbial. A partir da recolha de provérbios referentes aos papéis de homens e mulheres, veremos os que reafirmam regras de convivência social, os que conferem papel de soberania ao homem ou à mulher e os que colocam ambos em posição de igualdade. Foi feita uma análise categórica para verificar os papéis privilegiados. A importância atribuída às mulheres na educação e na preservação de valores culturais associados ao cuidado dos filhos e da família em geral é inquestionável, mas mais circunscrita ao lar. O homem, embora também considerado responsável pela educação dos filhos e transmissão de sabedoria, situa-se noutro contexto - o espaço público – razão do provérbio “homem na praça, mulher em casa”. Porém, a valentia do homem é por vezes reforçada pela capacidade de atuação da mulher, como encerra o provérbio “por trás de um grande homem está sempre uma grande mulher”. Importa fomentar a desconstrução dos marcadores de identidade de género assentes na cultura patriarcal, promovendo a consciencialização das desvantagens de reproduzir atitudes e comportamentos estereotipados. Conclui-se que crenças culturais enraizadas, acerca dos papéis de género, dão azo a estereótipos encerrando visões redutoras, subjacentes a processos de justificação e desculpabilização dos comportamentos de dominação masculina.