《耻辱中的宽恕》,J.M.库切著

João Francisco Justino Lopes, Anderson Bastos Martins
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摘要

本文旨在建立J. M.库切在南非后种族隔离背景下的小说《不体面的宽恕》(2000)的不同形象。在这部作品中,受种族隔离制度压迫的黑人,他们的行为受到历史复仇意识的引导,用暴力惩罚白人角色露西。另一方面,露西体现了宽恕的形象,为了可能的和解牺牲了自己的身体。要解决这些现象,首先必须将宽恕理解为一种能够创造新事物的能力,而不是复仇,复仇只会重复一种无限期延长的行为。化妆后,基于项目的南非,显示调节的宽恕和法律机制在制度上的真相与和解委员会如果超越距离的赦免,这超过了所有个人的交流和理解。因此,这部小说表明,南非不同民族之间的和解努力,尽管呈现出不可否认的积极方面,但不足以重建一个充满结构性暴力的国家。
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FIGURAÇÕES DO PERDÃO EM DESONRA, DE J.M. COETZEE
O presente artigo tem por objetivo estabelecer as diferentes figurações do perdão em Desonra (2000), romance escrito por J. M. Coetzee e inserido no contexto do pós-apartheid sul-africano. Na obra, os negros, oprimidos pelo regime segregatório do apartheid e tendo suas ações guiadas por um senso de vingança histórica, punem a personagem branca, Lucy, por meio da violência. Lucy, por outro lado, encarna em si a figura do perdão, sacrificando o próprio corpo em nome de uma possível reconciliação. Para abordar estes fenômenos, primeiramente deve-se entender o perdão como uma faculdade que possibilita a criação de algo novo, ao contrário da vingança, que apenas repete uma ação que se prolonga indefinidamente. Posteriormente, problematiza-se o projeto reconciliatório da África do Sul, demonstrando como o perdão condicionado em dispositivo jurídico e estabelecido em nível institucional pela Comissão de Verdade e Reconciliação se distancia da ideia de um perdão transcendental, este que excede toda troca e que só se realiza no plano individual. O romance, assim, demonstra que a tentativa de reconciliação entre os diferentes povos da África do Sul, apesar de apresentar inegáveis aspectos positivos, não se mostrou suficiente para reconstruir uma nação permeada pela violência estrutural.
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