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摘要
本文旨在探讨conceicao Evaristo在Becos da memoria(2017)中记忆和见证话语的碎片化路径。在叙述中,玛丽亚-诺瓦,一个住在贫民窟的女孩,在贫困的过程中,走在小巷里收集成年人的记忆,并把它们留给自己。在一个痛苦的过程中,因为女孩喜欢那些最悲伤的故事,也因为她内心有一种无法解释的悲伤,她用贫民窟居民的记忆编织了一张拼布被子。正如Maurice Halbwachs(2003)所指出的,没有记忆是完全个人的,而是集体的结果。通过这种方式,Maria-Nova收集的记忆构成了贫民窟居民个人生活的马赛克,将叙事提升到一个集体的记录。玛丽亚·诺瓦是她居住的贫民窟拆除的目击者。它见证了一种过度的现实(SELIGMANN-SILVA, 2003),这反映在玛丽亚-诺瓦的纪念演讲中,在贫民窟消失的影响下。因此,正是从这个证词的角度,本文将讨论记忆作为过去的保存,特别是那些被社会排斥的人居住的不舒服的过去,他们在conceicao Evaristo的作品中获得了发言权。
BECOS DA MEMÓRIA E OS PERCURSOS DO RELATO TESTEMUNHAL DE MARIA-NOVA
O presente artigo tem como objetivo discutir o percurso fragmentário do discurso memorialístico e testemunhal em Becos da Memória (2017), de Conceição Evaristo. Na narrativa, Maria-Nova, menina que habita uma favela em processo de desfavelamento, percorre os becos recolhendo as memórias dos adultos e guardando-as para si. Em um processo de sofrimento, porque a menina gostava daquelas histórias mais tristes e, também, porque trazia dentro de si uma tristeza que não sabia explicar, ela vai tecendo uma colcha de retalhos com as memórias dos habitantes da favela. Como afirma Maurice Halbwachs (2003), nenhuma memória é totalmente individual, mas fruto de uma coletividade. Deste modo, as memórias recolhidas por Maria-Nova compõem um mosaico com as vidas individuais dos moradores da favela, alçando as narrativas ao registro de uma coletividade. Maria-Nova é colocada como testemunha do desmantelamento da favela onde habita. Testemunha-se um excesso de realidade (SELIGMANN-SILVA, 2003), que se plasma no discurso memorial de Maria-Nova sob o impacto do desaparecimento da favela. Portanto, é nesta perspectiva do testemunho que o artigo discutirá a memória como preservação do passado, principalmente, daquele passado incômodo, habitado pelos excluídos da sociedade, que ganham voz dentro da obra de Conceição Evaristo.