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Com a finalidade de aventar algumas hipóteses para responder a essa pergunta, o presente trabalho seguirá o subsequente itinerário: em um primeiro momento, será apresentada uma breve discussão acerca do entendimento atual do conceito de memória autobiográfica, a fim de expor suas principais dificuldades terminológicas e explicitar seu caráter fundamentalmente narrativo; depois, será apresentado o conceito de plasticidade destrutiva, encontrado em Catherine Malabou, com o propósito de sustentar que a identidade pessoal é, desde sempre, disruptiva, não sendo esta característica restrita aos casos patológicos ou traumáticos, o que favorece a compreensão de uma identidade pessoal na complexidade própria à experiência temporal humana; por fim, será argumentado que há uma convergência possível entre as noções de plasticidade destrutiva e a noção de identidade narrativa em Paul Ricœur. Com isto, pretende-se mostrar que, diferentemente de um tratamento do problema da identidade pessoal que coloque a memória como base para a identidade, no que respeita à relação entre a memória autobiográfica e a identidade narrativa, é esta que possui uma anterioridade temporal e compreensiva em relação à primeira, o que pode ser atestado desde o nível básico da cognição humana até à forma como a atestação de si é dada poeticamente.","PeriodicalId":262325,"journal":{"name":"Perspectiva Filosófica","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-03-08","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"A anterioridade compreensiva da identidade narrativa sobre a memória autobiográfica\",\"authors\":\"Carlos Frederiqui Dias Bubols\",\"doi\":\"10.51359/2357-9986.2023.251907\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Ao se assumir a memória autobiográfica como detentora de um papel fundamental na formação da identidade pessoal, o que se pode esperar que ocorra com a última nos casos amnésicos em que a memória autobiográfica fica, em maior ou menor grau, comprometida? 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A anterioridade compreensiva da identidade narrativa sobre a memória autobiográfica
Ao se assumir a memória autobiográfica como detentora de um papel fundamental na formação da identidade pessoal, o que se pode esperar que ocorra com a última nos casos amnésicos em que a memória autobiográfica fica, em maior ou menor grau, comprometida? Nestes casos, os indivíduos são destituídos de sua identidade pessoal? Com a finalidade de aventar algumas hipóteses para responder a essa pergunta, o presente trabalho seguirá o subsequente itinerário: em um primeiro momento, será apresentada uma breve discussão acerca do entendimento atual do conceito de memória autobiográfica, a fim de expor suas principais dificuldades terminológicas e explicitar seu caráter fundamentalmente narrativo; depois, será apresentado o conceito de plasticidade destrutiva, encontrado em Catherine Malabou, com o propósito de sustentar que a identidade pessoal é, desde sempre, disruptiva, não sendo esta característica restrita aos casos patológicos ou traumáticos, o que favorece a compreensão de uma identidade pessoal na complexidade própria à experiência temporal humana; por fim, será argumentado que há uma convergência possível entre as noções de plasticidade destrutiva e a noção de identidade narrativa em Paul Ricœur. Com isto, pretende-se mostrar que, diferentemente de um tratamento do problema da identidade pessoal que coloque a memória como base para a identidade, no que respeita à relação entre a memória autobiográfica e a identidade narrativa, é esta que possui uma anterioridade temporal e compreensiva em relação à primeira, o que pode ser atestado desde o nível básico da cognição humana até à forma como a atestação de si é dada poeticamente.