João Dantas dos Anjos Neto, Marcio Markendorf, Marisa Martins Gama-Khalil
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Não é trivial, em tais circunstâncias, que um periódico especializado na questão educacional sobreviva, por sessenta anos, ante o emudecimento generalizado da sociedade perante a questão educacional no País. E o que vem a ser a questão educacional do País? A questão educacional advém da insistência do país em permanecer, geração após geração, como campeão mundial em desigualdade social: o Brasil é um país continental, democrático, industrializado e exportador, com os piores indicadores sociais do mundo, superado apenas por certos países africanos devastados por longas guerras civis. A educação tanto pode ser um veículo de distribuição de renda e de desenvolvimento social e econômico quanto um mecanismo de concentração de renda e de entrave ao trabalho, à pesquisa e ao investimento. A questão educacional do País diz respeito, assim, à formulação de uma agenda para o desenvolvimento nacional a partir da educação. No ano 2002 o País apresentava uma taxa de analfabetismo de cerca de 11,8% na faixa etária de jovens acima de 15 anos, quando esse índice é de apenas 3,2% na Argentina, 4,2% no Chile e 8,8% no México. Considerando os diferentes segmentos da população, as desigualdades se acentuam, e verificamos que a taxa de analfabetismo entre negros e pardos é duas vezes superior à dos brancos; entre os que moram na zona rural é três vezes maior que a verificada na população urbana; e, finalmente, entre os que ganham até um salário mínimo, a taxa é vinte vezes maior que entre os que ganham mais de dez salários mínimos. Apenas 9,4% das crianças de até 3 anos de idade possuem atendimento escolar (quando o Plano Nacional de Educação – PNE, aprovado pela Lei no 10.172, de 9 de janeiro de 2001, aponta para um atendimento de 50% em 10 anos) e, na faixa de 4 a 6 anos, este índice é de 61,4%. Mesmo na faixa etária obrigatória (de 7 a 14 anos), temos ainda cerca de 1 milhão de crianças fora da escola. Na faixa de 15 a 17 anos, cuja meta é a universalização, a taxa de atendimento é de 83%. Na educação superior, a situação não é melhor: apenas 9% dos jovens a ela têm acesso, e aproximadamente um terço destes, a estabelecimentos públicos.","PeriodicalId":297259,"journal":{"name":"Revista Ambivalências","volume":"42 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-02-15","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":"{\"title\":\"Apresentação\",\"authors\":\"João Dantas dos Anjos Neto, Marcio Markendorf, Marisa Martins Gama-Khalil\",\"doi\":\"10.21665/2318-3888.v9n18p05-15\",\"DOIUrl\":null,\"url\":null,\"abstract\":\"Os 60 anos da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP) impendem uma reflexão histórica. 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